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Caracterização de Visão Sistêmica, Enfoque Sistêmico e suas Metodologias e Métodos Específicos da Pesquisa

5 MÉTODOS DA PESQUISA

5.5 COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

5.5.3 Etapa III: qualitativa

A etapa III qualitativa contempla os objetivos específicos (3), (4) e (5), conforme descritos a seguir.

O objetivo específico (3) visa a “identificar a opinião dos gestores da Agência de Desenvolvimento SJBV quanto às possíveis contribuições geradas às pequenas empresas locais a partir das ações da agência”, buscando responder à questão (3) “Como os gestores da Agência de Desenvolvimento SJBV observam as possíveis contribuições das ações realizadas aos pequenos empresários locais?”.

Para alcançar esse objetivo específico, foram realizadas algumas reuniões com os gestores e parceiros da Agência de Desenvolvimento de SJBV, para se aplicar a Metodologia de Sistemas Flexíveis – Soft Systems Methodology – SSM de Peter Checkland, com o propósito de proceder à coleta e análise dos dados. Os parceiros presentes eram responsáveis pelos dois projetos em estudo – revitalização do comércio e revitalização da indústria.

O objetivo específico (4) buscou “verificar a opinião dos pequenos empresários locais assistidos pela agência quanto às possíveis contribuições geradas pelas ações da Agência de Desenvolvimento SJBV”, propondo-se a responder à questão (4) “qual a opinião dos pequenos empresários locais assistidos pela agência em relação às ações realizadas pela Agência de Desenvolvimento SJBV direcionadas aos seus empreendimentos?”.

Para desenvolver esse objetivo específico, foram convidados por conveniência e intencionalidade dez empreendedores de pequenas empresas locais assistidas pelas ações da Agência de Desenvolvimento SJBV, para participarem de algumas reuniões onde se aplicou a Metodologia de Sistemas Flexíveis – Soft Systems Methodology – SSM de Peter Checkland, com o propósito de proceder à coleta e análise dos dados. Dos dez empresários convidados, seis compareceram, e desses, três representando o projeto de revitalização do comércio e três representando o projeto de revitalização da indústria.

O objetivo específico (5) buscou “Comparar a opinião dos gestores da Agência de Desenvolvimento SJBV com a opinião dos empreendedores locais assistidos pela agência, em relação às possíveis contribuições geradas pelas ações da Agência de Desenvolvimento SJBV”, propondo-se a responder à questão (5) “Considerando as possíveis contribuições geradas pelas ações da Agência de Desenvolvimento SJBV aos pequenos empresários locais, há possibilidade de a opinião dos gestores da Agência de Desenvolvimento SJBV ser diferente da opinião dos pequenos empreendedores locais assistidos pela Agência?”.

Os dados e informações necessários para o desenvolvimento desse objetivo específico foram levantados a partir do resultado produzido pelos objetivos específicos (3) e (4).

Para desenvolver o tratamento dos dados e informações desse objetivo, foi realizada uma análise do conteúdo, comparando as informações geradas pelos gestores da Agência de Desenvolvimento SJBV (produto do objetivo 3) com as informações geradas pelos pequenos empresários locais assistidos pela agência (produto do objetivo 4).

O tipo e a quantidade de dados a serem coletados dependem da natureza do estudo e dos objetivos da pesquisa. Se o estudo é exploratório, é provável que o pesquisador colete dados narrativos através do uso de grupos de foco, entrevistas pessoais ou observação de comportamentos ou eventos. Esse tipo de dado também pode ser chamado de qualitativo. As abordagens qualitativas para coleta de dados são usadas tipicamente no estado exploratório do processo de pesquisa. Seu papel é identificar e/ou refinar problemas de pesquisa que podem ajudar a formular e testar estruturas conceituais. Tais estudos normalmente envolvem o uso de amostras menores ou estudos de caso (HAIR JUNIOR; et al., 2005).

A análise de dados tem como objetivo organizar e sumarizar os dados de forma tal que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante ligação com outros conhecimentos anteriormente obtidos. Conforme Gil (2006, p. 167), os processos de análise e interpretação variam significativamente em função do plano de pesquisa. Nos delineamentos experimentais ou quase experimentais, assim como nos levantamentos, constitui tarefa simples identificar e ordenar os passos a serem seguidos. Já nos estudos de caso, não se pode falar em um esquema rígido de análise e interpretação.

Portanto, como esta pesquisa consiste em um estudo de caso, verifica-se que foram utilizados critérios claros para análise e interpretação dos dados. Porém, como afirma a teoria, sem manter nenhum esquema rígido, tal processo de análise e interpretação deu-se pela

aplicação da metodologia de sistemas flexíveis – Soft Systems Methodology (SSM) de Peter Checkland, que têm como foco a aprendizagem organizacional (CHECKLAND, 1981). Apresenta-se, a seguir, uma breve revisão dessa metodologia para melhor fundamentá-la, já que a etapa III foi toda desenvolvida com seu apoio.

Tratando-se da Soft Systems Methodology (SSM) - Metodologia de Sistemas Flexíveis, considera-se essa metodologia uma das principais ferramentas de aplicação do enfoque sistêmico nas organizações empresariais.

De acordo com Checkland; Scholes (1990 apud MARTINELLI, 2006):

Checkland (1980, 1981) tinha como preocupação, a partir da identificação de um problema, identificar uma solução possível. Apontava uma solução, com sua Soft Systems Methodology, a qual, de 1972 até os dias de hoje tem trazido boas contribuições, em centenas de aplicações, principalmente em problemas empresariais.

Ainda neste contexto, Gonçalves (2006) diz que:

A SSM foi projetada para ajudar a formular e resolver situações chamadas de soft, problemas complexos e geralmente com vários componentes humanos, apresentando, em razão dessa característica, diferentes percepções do mesmo problema ou objetivo, diferentes Weltanschauungen (visões de mundo) dos diversos stakeholders envolvidos no sistema.

Por meio da SSM, busca-se responder a três perguntas básicas: a) Quais são as características essenciais desse tipo de sistema? b) Tais sistemas podem ser projetados, melhorados ou modificados? c) Caso possam, de que maneira? (Checkland, 1981). Nessa perspectiva, nota-se que a SSM parte de questionamentos que buscam visualizar o sistema em si e sua interação com o ambiente em que está inserido.

A SSM é considerada para as ciências sociais como uma metodologia de gestão, necessária e indispensável para elaboração e implementação de qualquer tipo de planejamento, com ênfase em alguns aspectos, como o exame das percepções do mundo real, a definição de ações para se atuar no mundo real e as reflexões sobre os efeitos resultantes das ações tomadas (ROSE, 1997; PATCHING, 1992; BELLINI; RECH; BORENSTEIN, 2004).

Para implementar a SSM, devem ser seguidos sete estágios distintos, porém, inter- relacionados. Através da figura 5.1, observam-se os sete estágios da SSM, e percebe-se que existem dois planos de ação: “o mundo real”, baseado em uma análise cultural, e “o mundo sistêmico”, apoiado em uma análise lógica, sendo que os estágios 1, 2, 5, 6 e 7 compõem o “mundo real”, enquanto os estágios 3 e 4 compõem o “mundo sistêmico”.

Por “mundo real” entende-se “todo o processo de busca e exame de informações, promoção de debates, busca do consenso e toda atividade desenvolvida em situação real”. Por “mundo sistêmico” entende-se “aquele em que a situação encontrada no mundo real é refletida, reorganizada e sistematizada, com base em conceitos e na metodologia sistêmica, gerando um ou mais modelos de sistemas ideais” (GONÇALVES, 2006, p. 163 - 164).

Figura 5.1: Estágios da Soft Systems Methodology. Fonte: Adaptada de Checkland (1985).

Estágio 1

Situação problemática não-

estruturada Mudanças sistemicamente Estágio 6 desejáveis e culturalmente viáveis

Estágio 2

Situação problemática

explicitada

Estágio 7

Ações para melhorar a “situação-problema”

Estágio 3

Formulação das definições essenciais do sistema

Estágio 5

Comparação dos estágios (4 e 2) “conceitual com o real”

Estágio 4