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3. OBJETIVOS

4.3.1. Etapa quantitativa

As entrevistas com os participantes foram realizadas utilizando-se três instrumentos: o primeiro contendo dados para caracterização demográfica e socioeconômica da amostra, por meio do impresso desenvolvido pelo Serviço Social do Complexo Hospital das Clínicas da FMUSP, intitulado “Banco de Dados” (anexo C); o segundo contendo questionário genérico de avaliação de qualidade de vida – World Health Organization Quality of Life-

WHOQOL-Abreviado, versão em português (anexo D) e o terceiro,

questionário genérico de avaliação de qualidade de vida “Medical Outcomes

Study Short Form Health Survey (SF-36)” (anexo E).

Descreveremos a seguir, os instrumentos que foram utilizados para avaliar a qualidade de vida da amostra.

WHOQOL-Abreviado

Questionário genérico de avaliação de qualidade de vida – World

Health Organization Quality of Life – WHOQOL-Abreviado – versão em português.

Optou-se pela utilização do questionário de avaliação genérica de qualidade de vida, o WHOQOL-Abreviado, devido à sua natureza multidimensional de qualidade de vida e também por ser um instrumento transcultural, curto, demandando pouco tempo para preenchimento.(anexo D). Trata-se de um instrumento genérico de avaliação de qualidade de vida, proveniente do WHOQOL – 100, exercendo um papel importante no estudo e avaliação da qualidade de vida em nível internacional. Esta versão abreviada constou de dados extraídos de teste de campo de 20 centros e 18 países.

O desenvolvimento da versão em português do instrumento WHOQOL–Abreviado seguiu a metodologia proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS), traduzido e validado por Fleck et al., (2000).

O reconhecimento da multidimensionalidade do constructo “Qualidade de Vida” refletiu-se na estrutura do instrumento, baseada em quatro domínios: domínio físico, domínio psicológico, relações sociais e meio ambiente e duas questões gerais. Este instrumento consta de 24 itens englobados nos quatro domínios, totalizando 26 facetas, cada qual explorando um tipo específico de problema.

No domínio 1 – físico, as facetas são: dor e desconforto/ energia e fadiga/ sono e repouso/ atividades da vida cotidiana/ dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de trabalho.

No domínio 2 – psicológico, as facetas incluem sentimentos positivos/ pensar, aprender, memória e concentração/ auto-estima/ imagem corporal e aparência/ sentimentos negativos/ espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais.

No domínio 3 – relações sociais, constam as facetas relações pessoais/ suporte (apoio social)/ atividade sexual.

O domínio 4 – meio ambiente é composto pelas facetas, segurança física e proteção/ ambiente no lar/ recursos financeiros/ cuidados de saúde e sociais, disponibilidade e qualidade/ oportunidades de adquirir novas informações e habilidades/ participação em/e oportunidades de recreação/ lazer/ ambiente físico (poluição/ruído/trânsito/clima) / transporte.

Possui também duas questões gerais que avaliam a qualidade de vida e que abordam: como o entrevistado avalia a sua qualidade de vida (questão 1) e o grau de satisfação com sua saúde (questão 2).

Suas questões curtas e elaboradas em linguagem simples compatibilizam-se com os quatro tipos de escala de avaliação estabelecidos (intensidade, capacidade, freqüência e avaliação), com cinco níveis de respostas para cada uma. Essas escalas de respostas do tipo Lickert compreendem a escala de intensidade (nada a extremamente), capacidade (nada a completamente), freqüência (nunca a sempre) e avaliação (muito insatisfeito a muito satisfeito, muito ruim a muito bom).

Os dados obtidos por meio do WHOQOL-Abreviado devem ser tratados em função de cada domínio, pois neste instrumento não se pode utilizar um escore total de qualidade de vida, já que ele foi desenvolvido a partir da premissa de que qualidade de vida é um constructo muldimensional, não cabendo a soma de itens referentes a diferentes domínios.

Segundo os autores da versão em português do WHOQOL-Abreviado, cada domínio e seus escores deverão ser considerados individualmente

(FLECK et al., 1999). As questões do WHOQOL-Abreviado devem ser avaliadas tendo como base uma escala tipo Lickert, com valor numérico de 1 a 5, onde escores são invertidos em função de 1=5, 2=4, 3=3, 4=2, 5=1, para as seguintes questões: 3, 4 e 26. Quanto maior o escore, melhor é a qualidade de vida e quanto menor o escore, pior é a qualidade de vida.

SF-36

O outro instrumento utilizado foi o questionário genérico de avaliação de qualidade de vida “Medical Outcomes Study Short-form Health Survey”

(SF-36).

Decidiu-se incluir um segundo instrumento genérico de qualidade de vida, o SF-36 (Anexo E), devido ao nosso interesse em medir a qualidade de vida enfocando a saúde. Além do mais, a combinação de um instrumento de qualidade de vida geral (WHOQOL-Abreviado) e de outro de qualidade de vida relacionada à saúde, nos pareceu poder trazer uma contribuição aos poucos trabalhos que fazem esta combinação, principalmente no nosso meio.

Dentre os instrumentos de Qualidade de Vida relacionados à saúde, o Medical Outcomes Study-Short Form, SF36, traduzido e validado por Ciconelli (1997), pareceu-nos o mais adequado, por avaliar conceitos de saúde que representam valores humanos básicos considerados relevantes para todos, não sendo específicos para idade, doença ou tratamento. Avalia tanto os aspectos negativos da saúde (doença ou enfermidade) como os aspectos positivos (bem-estar).Este instrumento é também um dos poucos traduzidos/validados no nosso meio.

O SF-36 é um questionário multidimensional formado por 36 itens, englobados em oito escalas ou componentes: capacidade funcional (10 itens) aspectos físicos (quatro itens), dor (dois itens), estado geral de saúde (cinco itens), vitalidade (quatro itens), aspectos emocionais (três itens), aspectos sociais (dois itens), saúde mental (cinco itens) e mais uma questão de avaliação comparativa entre as condições de saúde atual e a de um ano atrás.

Para avaliação dos resultados do SF-36, após sua aplicação, deve ser dado um escore para cada questão que posteriormente será transformado numa escala de 0 a 100, onde zero corresponde a um pior estado de saúde e 100 a um melhor, sendo cada dimensão analisada em separado. Propositalmente, não existe um único valor que resuma toda avaliação, traduzindo-se num estado geral de saúde melhor ou pior, justamente para que, numa média de valores, evite-se o erro de não identificar os verdadeiros problemas relacionados à saúde do sujeito ou mesmo de subestimá-los (Ware et al., 1993; Ware et al., 1995).