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3. ESTUDO DE CASO

3.4 Etapas da pesquisa

Esta pesquisa foi dividida em duas etapas, teórica e empírica, respectivamente, conforme Figura 29. Na primeira etapa, teórica, foi feito um levantamento bibliográfico, em literatura nacional e internacional, com relação aos aspectos teóricos do conforto, bem como em pesquisas aplicadas ao conforto no uso de artefatos, principalmente com ferramentas manuais. Nesta etapa, foi elaborado um modelo conceitual do conforto, que serviu de apoio ao estudo de caso.

Na segunda etapa – Estudo de Caso -, foi realizado um estudo de caso, aplicado ao conforto no uso de facas para desossa. Esta etapa foi elaborada com base nas dimensões de análise do conforto: ambiental, mental e física. O estudo de caso foi dividido em fases, descrito na seqüência.

Na primeira fase do estudo de caso, foi feito contato com a empresa pesquisada, que concordou com a pesquisa oficialmente, conforme Anexo 1. Assim, foi comunicado aos trabalhadores do setor de desossa, informações sobre o tema e a metodologia proposta para a coleta dos dados da pesquisa. Os sujeitos assinaram declaração de consentimento para participação da pesquisa, conforme Anexo 2. Ainda, nesta etapa, a pesquisadora iniciou as observações durante a atividade de trabalho para compreensão do processo de trabalho; para tanto, utilizou recursos como filmagens, fotografias digitais, registro de verbalizações, anotações livres e análise de documentos da empresa. Esta primeira fase do estudo de caso durou 1 mês.

Figura 29: Etapas da pesquisa. Fonte: A autora (2008)

Na segunda fase do estudo de caso, os sujeitos responderam o questionário individualmente, porém, com auxílio da pesquisadora. O questionário incluiu questões quanto ao: perfil dos sujeitos, conforme Apêndice 1; usabilidade, adaptado

do questionário de usabilidade de ferramenta manual proposto por Spielholz; Bao e Howard (2001), conforme Anexo 3; escala de desconforto adaptada da proposta por Shen e Parsons (1997), conforme Anexo 4; e questionário dos atributos geradores de conforto, desconforto, produtividade e qualidade de desossa, conforme Apêndice 2.

Na terceira fase do estudo de caso, foram coletados dados antropométricos da mão direita dos sujeitos, através de Biofotogrametria, que segundo Horta et al (2007, p. 05) expressa “a aplicação da fotografia à métrica”. Baraúna e Ricieri (2002, p.1) descrevem a aplicação dos conceitos da restituição (planejamento e construção de um mapa planimétrico condizente com a realidade que se pretende refletir) e fotointerpretação ou interpretação fotográfica, como fundamentais à aplicação da biofotogrametria.

Para tanto, foi realizado a marcação dos pontos anatômicos de referência na mão: cabeça dos metacarpos e processos estilóides bilateral, na mão direita do sujeito, conforme a Figura 30.

Figura 30: Localização dos pontos anatômicos de interesse para a mensuração. Fonte: A Autora (2008).

Após a marcação dos pontos anatômicos, os sujeitos foram convidados a fotografar suas mãos. Para tanto, foi utilizada câmera digital (Sony – Cyber-shot, 7.2 Mega Pixels), tripé e artefato construído com cartolina e réguas, conforme Figura 31.

Figura 31: Coleta de dados da antropometria digital Fonte: A autora (2008)

A cartolina ficou fixa na parede a 70cm do chão, com duas réguas de 150mm, aferidas com um paquímetro analógico, horizontal e vertical, respectivamente. As réguas serviram para ajustar a escala durante a análise dos dados. Os sujeitos ficaram sentados num banco de 50cm de altura, de lado para a cartolina, de forma a inserir a mão no ponto demarcado pela pesquisadora, que alinhava o terceiro dedo ao cotovelo, de forma a manter o máximo alinhamento possível das mãos dos sujeitos. A câmera foi posicionada a 78cm do chão e 72cm de distância em relação à cartolina, de forma a enquadrá-la na fotografia.

As medidas antropométricas foram analisadas com auxílio de software gráfico – CorelDraw 12 – , conforme Figura 32. Os dados antropométricos analisados, foram: comprimento da mão, comprimento do 1º ao 5º dedos, comprimento do punho ao centro da pega, largura da mão (nível dos metacarpos), largura da mão (incluindo o polegar), largura do punho (nível do processo estilóide). A escala utilizada durante o tratamento dos dados foi 1:8. A metodologia utilizada para o plano planimétrico e fotointerpretação, foi aquela proposta por Baraúna e Ricieri (2002).

72 cm 7 0 c m Cartolina

Figura 32: Análise antropométrica da mão no software CorelDraw 12. Fonte: A autora (2008)

Após a digitalização das imagens, foi montado um quadro com os resultados das medidas para tratamento estatístico das informações. Para tanto, utilizou-se o programa Estatística 6.0 para agrupar os resultados em valores de: percentis 5 e 95, média e desvio padrão.

Na quarta fase do estudo de caso, foram analisadas variáveis relativas ao ambiente com visitas pontuais para a coleta dos dados, na seguinte ordem de análise: layout e mobiliário, iluminação, temperatura e ruído. Contudo, sem ter a pretensão de aprofundamento da questão, apenas, procurando controlar dados dessa dimensão, que poderão interferir na percepção de conforto do sujeito.

O estudo do layout e mobiliário foi realizado com auxílio de trena para identificação das alturas e comprimentos do posto de desossa e mobiliários. As medidas coletadas foram traduzidas em planta baixa, com auxílio do software CorelDraw 12.

O ruído foi investigado e analisado com apoio do Laboratório de Vibrações e Acústica (LVA/UFSC). Para tanto, foi utilizado um gravador de sinais SQuadriga da

HEAD acoustics junto com uma combinação de fones/microfones biaurais, conforme Figura 33.

Figura 33: Combinação fone/microfone biaural MHS III utilizado junto ao gravador SQuadriga. Fonte: A autora (2008).

Foram gravados os dois sinais que correspondem aos sinais acústicos no ouvido externo esquerdo e direto do operador, mais um sinal perto do corpo do sujeito utilizando um microfone capacitivo classe 1 com equalização para campo difuso. Como os sinais gravados perto dos ouvidos são mais representativos para a acústica experienciada pelos operários , somente estes foram analisados. A análise dos dados foi realizada com auxílio do software ArtemiS 8.0 da HEAD acoustics. Foram feitas análises de transformada de Fourier, para determinar a pressão sonora (com e sem ponderação A) em cada freqüência ao longo do tempo de medição. Também foi calculado o nível de pressão sonora total, com e sem ponderação A. A medição do ruído foi realizada em cinco pontos do posto de desossa, sendo que no quinto ponto, foram ligadas 3 serras, que segundo os trabalhadores são ligadas a cada hora, por aproximadamente 15 minutos.

A luminância foi realizada utilizando-se um fotômetro denominado luxímetro, para medir o iluminamento de cada posto de desossa. O equipamento, Digital Light Meter LX – 107, da marca Lutron, fabricado em Taiwan, possui um diodo de foto e filtro de correção de cor e opera em temperaturas de 0oC à 50 oC. As medidas aparecem no display em LUX ou em candela, conforme seleção prévia do pesquisador. O tempo

necessário para amostra é de aproximadamente 0,4 segundos. Após a coleta dos dados com luxímetro, foi feito o estudo do layout das luminárias, com auxílio do software CorelDraw 12.

A análise térmica foi realizada com apoio do Laboratório de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica (POLO/UFSC), com um Analisador de Clima, Modelo 1213, da Brüel & Kjaer, fabricado na Dinamarca. Este equipamento tem por objetivo avaliar alguns itens que caracterizam o conforto ambiental, tais como temperatura, umidade relativa e velocidade do ar. A medição de temperatura é realizada por meio de um termistor de platina de 100 Ohms (Pt100), com incerteza de medição de ±0,5°C, na faixa de -20 a 50°C. A umidade relativa é medida na faixa de 10 a 95%, com margem de incerteza de ±3%, por um sensor com princípio capacitivo. A velocidade do ar é medida por um termo-anemômetro, na faixa de 0,05 a 1 m/s, com incerteza de ±0,05 m/s.

Foram selecionados quatro pontos do posto de desossa pesquisado, para fazer as medições. Os valores correspondem a uma média dos valores obtidos nos últimos 3 minutos de medição, que foram anotados, para posterior análise. Após a coleta dos dados de temperatura, umidade e velocidade do ar de cada ponto selecionado foi feito um layout das entradas de ar e sistema de ar condicionado da sala de desossa.

Na quinta fase do estudo de caso, foi realizada a contagem de tempos e movimentos, com objetivo de quantificar as exigências físicas impostas aos trabalhadores durante a atividade de desossa.

As medidas foram realizadas através de aquisição de imagens, com auxílio de uma Câmera de Vídeo, Sony Handycam Digital 8 (30Hz), colocada no plano sagital à atividade de desossa analisada, conforme Figura 34, sendo que foram registrados 20 minutos de cada atividade. Os ciclos da atividade analisadas foram Desossa do Dianteiro e Traseiro, respectivamente. Quanto à Desossa do Dianteiro, as imagens foram divididas em: desossa do peito, desossa do lombo, desossa da paleta. No que se refere a Desossa do Traseiro, as imagens foram divididas em: retirada da costela e retirada das outras partes (chuleta, alcatra, colchão mole, colchão duro, tatu, patinho e músculo).

Figura 34: Vista lateral da filmagem da atividade de desossa para contagens de tempos e movimentos.

Fonte: A autora (2008).

Após a digitalização das imagens, foram analisados os segmentos anatômicos em movimento durante cada ciclo de atividade pesquisada. Esta análise permitiu classificar os principais movimentos (desvios radial e ulnar, flexão e extensão, pronação e supinação) que ocorrem durante cada atividade e quantificar o tempo de cada movimento para cada ciclo de atividade. Para tanto, as imagens foram analisadas no programa Windows Movie Player, que permite análise do movimento em centésimos de segundos.

O procedimento para análise dos resultados de todo o estudo de caso foi através de estatística descritiva, que é empregada para referir-se à ordenação, exposição e sumarização de registros quantitativos, relativos ao fenômeno (BUNCHAFT; KELLNER, 1997). Os dados foram tratados a partir de análise de gráficos e tabelas, com os recursos de média e percentagens.