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A pesquisa contou com quatro etapas distintas, conforme mostra a figura a seguir. São estas: etapa 1 - conhecendo os sujeitos; etapa 2 - conhecendo o processo de interação e comunicação em sala de aula; etapa 3 - experimentação de recursos e técnicas de CAA e etapa 4 - análise dos dados.

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Apesar da palavra estímulo estar hoje muito mais vinculada às teorias psicológicas de paradigma comportamental, manteremos essa nomenclatura por ser a original utilizada por Vygotsky (1998, p. 98).

Figura 26: Esquema das fases da pesquisa

Etapa 1 – Conhecendo os sujeitos

Esta etapa teve por objetivo identificar os sujeitos para este estudo. Identificados os sujeitos, procurou-se a Secretaria de Educação do município. Num primeiro contato houve uma conversa com a responsável pela Educação Especial e explicou-se a pesquisa. A mesma marcou uma reunião, onde foi apresentada à pesquisadora a toda equipe da Educação Especial da Secretaria de Educação, assim como a proposta de educação inclusiva municipal. Paralelamente, o projeto foi encaminhado à PROESP/FACED para aprovação perante o Comitê de Ética da Faculdade.

Sujeitos e contexto PROBLEMA Conhecimento Sujeitos Conhecimento Contextoescolar 1 2 Técnicas Recursos 3 Sujeitos Análise De Dados 4 Proposição de Ações Proposição de Recursos Arquitetura CAA p/ Letramento

Após a escolha, foi entregue formulário de autorização para a Secretaria Municipal de Educação do município para se ter acesso aos alunos e às escolas (Apemdice A). A Secretaria de educação marcou reunião com as duas escolas e apresentou a pesquisadora. Esta apresentou à direção de cada escola o projeto de pesquisa que seria realizado. Em seguida, foram entrevistados os pais, explicando-se os objetivos da pesquisa e feita solicitação de autorização da participação dos sujeitos, seguindo-se com a entrevista e anamnese8. Finalmente foi realizada uma avaliação preliminar dos sujeitos, para compreender as formas de comunicação utilizadas e a qualidade da interação social.

As entrevistas seguiram as diretrizes propostas por diversos autores, entre eles Yin (2005); Laville e Dionne (1999), Tetzchner e Martinsen (2000) e Browning (2008), permitindo seguir uma linha de investigação fundamentada no estudo de caso. As entrevistas foram extremamente úteis para que se pudesse conhecer o modo como o meio entende e valoriza o sujeito. Através da direção das escolas se buscou acesso aos seus históricos escolares e a alguns documentos de relatórios médicos dos sujeitos. Esta etapa teve duração de três meses.

O instrumento para as entrevistas foi elaborado seguindo estudos de Browning (2008), Tetzchner e Martinsen (2000) e de Carmo e Ferreira (1998), adaptados para o meio educacional, e as perguntas foram sugeridas conforme apresentado no item Estratégias para introdução de CAA. Foram incluídas também perguntas pertinentes a sua fase de letramento9 (Anexo A – Roteiro da Entrevista). Estas foram realizadas com os pais e todos os profissionais que atuavam diretamente com as crianças.

Etapa 2 – Conhecendo o processo

Esta etapa teve por objetivo conhecer o processo de interação dos sujeitos e da turma onde se encontravam inseridos. A observação dos sujeitos em sala de aula foi a técnica predominante nesta fase, que teve a duração de um mês, com duas sessões por semana. Usou- se a observação como técnica predominante, pois a mesma envolve confrontar indícios com a experiência anterior para que se tenham condições de interpretação (Carmo e Ferreira, 1998).

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Anamnese (do grego aná = trazer de novo e mnesis = memória) trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e com a pessoa doente (PORTO, 2001).

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Letramento é palavra e conceito recentes, introduzidos na linguagem da educação e das ciências linguísticas há pouco mais de duas décadas; seu surgimento pode ser interpretado como decorrência da necessidade de configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da leitura e da escrita que ultrapassem o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível de aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetização ( SOARES, 2003).

Mas foi preciso elaborar estratégias para essas observações, escolhendo formas de coleta dos dados que otimizassem o trabalho de pesquisa. Para isso, buscaram-se nos estudos de Browning (2008), Tetzchner e Martinsen (2000), e Carmo e Ferreira (1998) subsídios para as mesmas, visando a conhecer a situação global de cada pessoa, de forma estruturada, para ter-se o conhecimento, não só do indivíduo, mas do meio escolar, enfatizando-se nas suas interações sociais e de seus conhecimentos já existentes e formas de comunicação utilizadas (ver protocolo Anexo B).

Nesta fase também foram utilizados inventários que conforme orientações de Tetzchner e Martinsen (2000) proporcionam o conhecimento aprofundado dos indivíduos pesquisados e do meio em que vivem. Os autores enfatizam que os inventários são particularmente úteis na avaliação das competências, pois abrangem áreas como o nível de autonomia, competências sociais, problemas de comportamento e a comunicação dos sujeitos e indicam o uso do inventário da Escala de Comportamento Adaptativo de Vineland (Sparraw et al., 1984), que proporciona uma panorâmica bastante vasta do nível de competência de uma pessoa. Mas alertam que podem ocorrer falhas com alguns sujeitos com autismo, pois a diferença no grupo etário desses indivíduos pode ser tão grande que a comparação se tornaria irrelevante. Nesses casos, aconselham averiguar as competências do indivíduo para, com fundamento nelas, tomar as medidas de intervenções pertinentes.

Nesta pesquisa, os inventários foram chamados de protocolos de registros (Anexo C) e foram utilizados através do preenchimento de um formulário que teve como base a Escala de Comportamento Adaptativo de Vineland (SPARRAW et al., 1984), incluindo itens que se considerou relevantes no tocante à linguagem, socialização e comportamento social dos sujeitos, com o intuito de analisar-se, posteriormente, seu desenvolvimento. Para tanto, os protocolos de registro foram realizados em três momentos: na fase inicial da pesquisa, no decorrer da atuação com os sujeitos e na fase final das intervenções.

Figura 27: Itens de análise do Protocolo de Registro

Além do protocolo e dos inventários, todas as observações foram registradas no diário de campo da pesquisadora, para registrar o máximo de detalhes sobre os sujeitos e sua interação com a turma, a fim de que se pudesse elaborar um perfil dos sujeitos. Alguns momentos das observações foram fotografados e filmados.

Etapa 3 – Experimentação de recursos e técnicas de CAA

Nesta fase ocorreu a atuação propriamente dita com os sujeitos, com interações individuais, assim como com a turma onde estavam incluídos.

Iniciou-se com um estudo das formas de comunicação através da CAA existentes. Artigos nacionais e internacionais foram estudados para que se tivesse uma base do que já vinha sendo utilizado efetivamente para a comunicação alternativa.

As intervenções foram iniciadas com material concreto, por este já estar inserido na rotina dos sujeitos. As TICs foram introduzidas gradualmente, tornando-as parte do seu meio. A inserção da CAA ocorreu inicialmente com o uso de baixa tecnologia e posteriormente com as Tecnologias da Informação e Comunicação com a Comunicação Alternativa. Para todas as interações foram elaboradas ações mediadoras10. As intervenções ocorreram sem fixar-se um

número preciso de momentos de interações, pois aconteceram momentos individuais com os sujeitos e momentos de interação com sua turma de sala de aula, por um período que variou de 8 (oito) a 12 (doze) meses..

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De acordo como foi definido no capítulo 3, entendemos por Ação mediadora a análise do processo de desenvolvimento do sujeito, em que os signos são introduzidos para o sujeito pelo meio social com a finalidade de controlar a conduta do mesmo. O sujeito se apropria desses signos e os utiliza ativamente, assim o signo se

transforma num conceito (generalização de significado) que é usado para o autocontrole (inicio do processo de internalização) e finalmente o uso do signo é internalizado como uma função de auto-regulação.

LINGUAGEM Expressão Compreensão Noções de número e tempo • Utilização do lápis • Preverbal • Articulação • Conteúdo • Leitura • Compreensão de instruções orais • Números • Conceito de tempo

Algumas intervenções foram filmadas11, no intuito de posterior observação, para elaboração de novas medidas de intervenção.

É nesta etapa que o método da dupla estimulação, que Vigotsky chama também da dupla experimentação, foi desenvolvido. O objetivo foi provocar situações de mediação com instrumentos e signos na ZDP do sujeito. As TICs atuaram como estes instrumentos e signos, permitindo desenvolver estratégias que se presume serem desconhecidas para os sujeitos, diferentes de seu ambiente sóciocultural, e que teve como intenção atuar na ampliação de sua ZDP, funcionando como uma lente de aumento na compreensão do fenômeno pesquisado e que contribuam para o desenvolvimento da sua comunicação.

Antes da utilização propriamente dita das TICs, foi necessário um estudo dos softwares existentes, tais como Boardmaker, Speaking Dynamically Pro (proprietários e internacionais) e Comunique e Amplisoft (gratuitos e nacionais), no intuito de verificar a possibilidade de serem utilizados nas intervenções com os sujeitos.

As intervenções foram iniciadas com figuras conhecidas pelos sujeitos e, após, foram gradualmente inseridas novas figuras.

Etapa 4: Análise dos dados

Foram analisados todos os registros e dados coletados.

Esta análise teve como foco os processos de significação e construção de sentido pelos sujeitos pesquisados e que se evidenciaram nas ações mediadoras propostas, assim como as estratégias decorrentes das mesmas.

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