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A CAA é importante como um recurso que, quando utilizado com estratégias e técnicas comunicativas, dá a oportunidade ao aluno com Necessidade Educacional Especial (PNEE) para que se torne autosuficiente em suas situações de comunicação, com isso proporcionando oportunidades de interação com o outro, evitando sua exclusão social e seu isolamento. Smith e Ryndak (1999) descrevem que a CAA pode auxiliar no processo de inclusão e aprendizado escolar, visto que busca viabilizar uma efetiva integração dos sujeitos com seu meio social. Capovilla e Nunes (2003) enfatizam que, na medida em que os sistemas

CAA passam a fazer parte do cotidiano dos sujeitos, com o intuito de trocas sociais eficientes, esses dispositivos tendem a desenvolver sua cognição e linguagem, configurando-se recursos importantes na inserção de sujeitos com déficts cognitivos e comunicativos na escola e sociedade.

Gay (1997) relata sobre a importância da formação de professores na área das CAA, assim como a divulgação dos diversos sistemas de comunicação existentes entre os diversos profissionais atuantes com os sujeitos, assim como para seus familiares. Johnson, Baumgart, Helmstetter e Curry (1998) descrevem que quando professores ouvem os alunos, e lhes respondem com um comportamento comunicativo, ambos modificam seus comportamentos. Colocam ainda que a escola deve-se preparar, elaborando um planejamento em equipe, sobre a forma que o trabalho será desenvolvido e oferecido aos alunos com comprometimento ou ausência de linguagem. Segundo os autores, a presença de uma criança com necessidades especiais na sala de aula é uma grande oportunidade para o professor e alunos aprenderem juntos.

A importância do uso de CSA (Comunicação Suplementar e Alternativa) para Orrú (2006, p. 61)

Se dá pela possibilidade do setor educacional investir na educação e reabilitação para inserção social de uma fatia da população que não se comunica pelos meios formais de comunicação. Há diversos sistemas de comunicação desenvolvidos. A importância maior não está no sistema em si mesmo, mas sim na forma como o mesmo é trabalhado e desenvolvido junto a seus usuários e sob que abordagem é visto e incorporado no dia a dia.

Portanto, a aplicação de CSA não deve se reduzir apenas para o desenvolvimento da comunicação, mas que esta proporcione a aquisição da linguagem, da interação social, enfim, de sua contextualização histórica, da autonomia do ser enquanto sujeito. O mesmo autor coloca também que na perspectiva educacional a abordagem de um sistema CSA não deve ser vista apenas na utilização entre professor e aluno, mas como símbolo visual de apoio à construção dos signos que auxiliam na aquisição da linguagem, com a compreensão dos significados gerados nas relações e em ambientes contextualizados. Numa abordagem histórico-cultural é necessário que haja o contato com o outro, atentando para a mediação entre os sujeitos e os signos, possibilitando o desenvolvimento cultural humano.

O mesmo autor ainda coloca que

O desenvolvimento da linguagem não se dá isoladamente no interior do indivíduo, mas sim em situações de interação social e contextualização num processo dialógico

e polissêmico que valoriza o real ao invés do artificial. [...] poderiam melhor desenvolver sua linguagem em tais condições e ainda serem auxiliadas pela Comunicação Suplementar Alternativa como um apoio na construção do signo desde que mediadas pelo professor, transformando-se deste modo constantemente o meio (ORRÚ, 2006, p. 87).

Quanto ao papel do professor, Orrú (2006) diz que este deve ter objetivos bem contextualizados, que almejem alcançar, dentro das possibilidades reais dos sujeitos. Portanto, a ação intencional do professor é de fundamental importância no processo de busca da solução do problema, pois suas concepções de mundo, dos sujeitos e de ensino aprendizagem darão possibilidades de inovações de formas e métodos a serem aplicados para o desenvolvimento da linguagem do sujeito.

Farhat (2007) descreve que realizou uma pesquisa com sistemas alternativos de comunicação e que é através do uso desses sistemas que o mediador, utilizando-se de símbolos como instrumentos, consegue chegar à realidade dos indivíduos e, assim, estabelece relações que levam o sujeito a exercer funções mentais superiores, levando-o a categorizar, estabelecer relações, comparar, classificar e se relacionar com situações do seu cotidiano, possibilitando percepções imediatas da realidade para relações mais complexas e abstratas.

O interesse pela CAA tem aumentado nos currículos acadêmicos, nas últimas décadas, em diversas universidades brasileiras, em São Paulo (USP, UNESP de Marília, Universidade S. Camilo, PUCCAMP, UNICAMP, UFSCar), no Rio Grande do Sul (UFRGS) e no Rio de Janeiro (UERJ), onde grupos têm se consolidado na área da educação especial. O grupo da Comunicação Alternativa do Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ, desde 1995, tem desenvolvido aproximadamente 20 projetos de investigação sobre CAA, muitos dos quais se constituíram em dissertações de mestrado. Os estudos mais recentes focam-se nos títulos a seguir descritos (NUNES e NUNES, 2007).

• Ensino do uso de CAA através de estratégias naturalísticas e da interação responsiva a crianças e jovens com paralisia cerebral e autismo;

• Interação de Usuários de CAA e seus interlocutores;

• Interação de alunos não oralizados e seus professores na escola;

• Efeitos de programas de formação de professores para introduzir CAA nas escolas; • Desenvolvimento da leitura e escrita em usuários de CAA;

• Treinamento de pais para interagir com filhos usuários de CAA.

Com base nessa revisão bibliográfica descrita sobre os sistemas de CAA, crê-se que esta pode dar vez e voz aos indivíduos com déficits na fala, fazendo com que tenham maior

autonomia em suas vidas quanto as suas necessidades, sentimentos e pensamentos, e, assim, auxiliando em sua interação social e no seu processo de ensino aprendizagem.

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