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Processos e efeitos hipnóticos envolvendo rituais religiosos e procedimentos de cura são características humanas, manifestadas em diferentes fases do desenvolvimento da percepção e do pensamento, no decorrer da evolução das civilizações. Por isso, explicações sobre o hipnotismo passam por caminhos de muitos vieses, incorporam conceitos e pré-conceitos centrados no pensamento mítico, mesmo quando se aproximam do pensamento cientifico contemporâneo.

Uma reflexão histórico-filosófica sobre a compreensão do mundo é indispensável para melhor compreender os autores que, no decorrer dos séculos, trataram do tema das terapias, incluído as psicoterapias e, especificamente, a hipnoterapia. É importante lembrar parte da história do desenvolvimento do conhecimento que orientou teorias sobre a natureza dos homens, das coisas e do Universo. As diferentes fases da evolução das idéias, embora contraditórias entre si, preservam heranças e envolvem uma babel conceitual e pré-conceitual que chega até a contemporaneidade como sofismas atormentadores. Isso talvez explique, em parte, o porquê e a gênese das práticas curativas, que possuem formas tão antagônicas e se apresentam ora centrada na perspectiva da ciência cartesiana, ora radicalizadas no mito, na filosofia ou na religião.

Diferentes formas de pensar e a conseqüente revelação do conhecimento sempre fascinaram o ser humano. Não apenas as formas construídas pelo senso comum, mas, principalmente, as que se expressam como conhecimento dominante e que tem origem no mundo acadêmico. Enquanto o senso comum revelava-se pela cultura acumulada, o conhecimento dominante sempre foi agregado a paradigmas – um conjunto de valores, crenças e convenções que determinam as verdades ou respostas aos problemas humanos. Cada paradigma representa longos períodos, nos quais se destacam diferentes orientações para o pensamento e na forma de pesquisar respostas.

Até o século V a.C., o mito era a forma de resposta para as questões humanas praticada em diferentes sociedades antigas como assírios, babilônios, chineses, indianos, egípcios, persas e hebreus. Cada povo tinha, com base em seus mitos, uma visão própria da natureza e maneiras diferenciadas de explicar os fenômenos e processos naturais. Para o povo antigo, o mito representava mais que uma invenção ou ficção ou uma fábula. O mito era extremamente precioso por seu caráter exemplar, dogmático e

sagrado, sempre verdadeiro, confirmado na vida social, por tanto inquestionável. Significava modelos para a conduta humana.

O pensamento mítico se caracteriza como uma forma pela qual um povo explica aspectos essenciais da realidade em que vive, a origem do mundo, o funcionamento da natureza e dos processos naturais, a origem e o destino das pessoas, bem como seus valores básicos. O povo grego antigo tinha essa percepção de mundo e o próprio termo grego mythos significa um tipo bastante especial de discurso que pressupõe adesão e aceitação dos indivíduos para a explicação mágica de sua experiência do real. O mito não se justifica, não se fundamenta. Portanto, nem se presta ao questionamento, à crítica ou à correção. É com base nesta forma de pensar que Platão (427-347 a.C.) justifica a condição de mortal do ser humano, separando o corpo da alma e dando-lhe eternidade.

Um dos elementos centrais do pensamento mítico é a forma de explicar a realidade apelando para o sobrenatural, para o mistério, o sagrado e magia. Assim, as causas dos fenômenos naturais, ou seja, aquilo que acontece aos homens, são governadas por uma realidade exterior ao mundo humano e natural, superior, misterioso e divino. Forças superiores, universais e invisíveis provindas dos deuses, dos espíritos, dos astros e das estrelas do céu, capazes de influir e governar a natureza e o destino dos homens é crença muito antiga. Sempre se acreditou que apenas sacerdotes e magos eram capazes de interpretar os mistérios do mundo, através dos rituais praticados nos oráculos e nas sociedades secretas. Eles serviam como intermediários ou pontes entre o mundo humano e o mundo divino.

O pensamento mítico tem uma característica paradoxal. Pretende uma explicação da realidade, mas recorre ao mistério e ao sobrenatural, ou seja, exatamente àquilo que não se ser explicado, que não se pode compreender por estar fora do plano da compreensão humana. A explicação dada pelo pensamento mítico esbarra, assim, no inexplicável, na impossibilidade do conhecimento. Como proposta para o homem tentar entender o mundo sem recorrer ao misterioso e dogmático surge, na Grécia no séc. VI a.C., o pensamento filosófico. É neste sentido que se justifica a tentativa dos primeiros filósofos da escola jônica de buscar uma explicação do mundo natural na física (physis), baseada essencialmente em causas naturais, o que veio a se consistir no chamado naturalismo. A chave da explicação do mundo e da experiência humana estaria então, para esses pensadores, no próprio mundo, e não fora dele. Mas, isso não significa o desaparecimento do mito como forma explicativa. Os mitos sobrevivem e muitos elementos chegam às sociedades

contemporâneas e se manifestam como crenças, superstições e fantasias, isto é, o imaginário coletivo.

O pensamento mítico fez parte de uma sociedade baseada em uma monarquia divina em que a classe sacerdotal tinha grande influência e o poder político era hereditário, sustentado por uma aristocracia militar e mantido por uma economia agrária. A partir da invasão da Grécia pelas tribos dóricas vindas provavelmente da Ásia central, em torno de 900 a 750 a.C., começam a surgir cidades- Estado, nas quais ocorre uma participação política mais ativa dos cidadãos. A religião vai tendo seu papel reduzido paralelamente ao surgimento de uma nova ordem econômica baseada agora em atividades comerciais e mercantis.

Com seu apelo ao sobrenatural e aos mistérios, o pensamento mítico vai deixando de satisfazer às necessidades da nova organização social, mais preocupada com a realidade concreta, com a atividade política mais intensa e com as trocas comerciais. É nesse contexto que a filosofia encontrará as condições favoráveis para o seu nascimento. Mas, a influência do pensamento mítico permanece por muito tempo ativo também nas escolas de pensamento filosófico, como no pitagorismo e na obra de Platão. A perda do poder explicativo baseado no mito resulta de um longo período de transição e de transformação da sociedade, que torna possível uma nova forma de pensar e alimenta as primeiras escolas do pensamento filosófico no séc. VI a.C.

O pensamento filosófico surgiu, não nas cidades do continente grego como Atenas, Esparta, Tebas ou Micenas, mas nas antigas colônias gregas do Mediterrâneo oriental, no mar Jônico, na península da Anatólia, território que hoje faz parte da Turquia. Essas colônias, dentre as quais se destacaram Mileto e Éfeso, eram importantes portos e entrepostos comerciais, locais de encontro das caravanas provenientes da Mesopotâmia, Pérsia, e, talvez também de Índia e China. Para lá eram levadas mercadorias que eram embarcadas e transportadas para outros pontos do Mediterrâneo que os gregos cruzavam com suas embarcações. Tales de Mileto pode ser considerado o primeiro filósofo.

Nas cidades gregas do Mediterrâneo oriental conviviam de forma harmônica diferentes culturas, pois o interesse comercial fazia com que os povos que ali se encontravam, sobretudo os gregos fundadores das cidades, fossem bastante tolerantes. As colônias gregas do mar Jônico eram então cidades cosmopolitas imersas no pluralismo cultural, com a presença de diversas línguas, costumes, cultos e mitos. Considerando o fato de que cada povo tem sua forma

de ver o mundo, seus costumes e valores, é possível que o confronto entre as diferentes tradições míticas tenha contribuído para o enfraquecimento do poder do mito, de dar explicações absolutas e verdadeiras sobre os questionamentos humanos.

Nas sociedades gregas, dedicadas às práticas comerciais e aos interesses pragmáticos, as tradições míticas e religiosas vão perdendo progressivamente sua importância. Com isso, surge o tipo de pensamento inaugurado por Tales e pela chamada Escola de Mileto. Algumas das características centrais desse novo tipo de pensamento exercem influências em quase todos os pensadores daquele período (séculos VI e V a.C.), os assim chamados filósofos pré-socráticos, por terem vivido antes de Sócrates.

A principal contribuição dos primeiros pensadores ao desenvolvimento do pensamento filosófico e, pode-se dizer, também científico, foi construir um conjunto de noções para tentar explicar a realidade, a partir de alguns conceitos básicos que rompem com a narrativa do mito. O pensamento das primeiras escolas de filosofia toma por base:

a noção de physis (natureza);

a causalidade em termos estritamente naturais; o conceito de arqué ou elemento primordial;

a concepção de kosmos (Universo racionalmente ordenado); o logos como explicação racional do kosmos;

o caráter crítico, discussão e não dogmatismo. A noção de physis

O objeto de investigação dos primeiros filósofos-cientistas é o mundo natural. Suas teorias buscam dar uma explicação causal dos processos e dos fenômenos da natureza, a partir de causas puramente naturais, isto é, encontráveis no mundo natural e concreto, e não em um mundo sobrenatural ou divino como nas explicações míticas. Segundo esse tipo de visão, a compreensão da realidade natural encontra-se nesta própria realidade e não fora dela. Aristóteles (Metafísica I e II) chama os primeiros filósofos de physiólogos, ou seja, estudiosos ou teóricos da natureza (phvsis).

A causalidade

Essa noção é a característica central da explicação da natureza pelos primeiros filósofos. A natureza das coisas é interpretada em termos puramente naturais. O estabelecimento de uma conexão causal entre determinados fenômenos naturais constitui a forma básica da explicação filosófico-científica. Explicar passa a ser relacionar um efeito a uma causa que o antecede e o

determina; é reconstruir o nexo causal existente entre os fenômenos da natureza; é tomar um fenômeno como efeito de uma causa. É a existência desse nexo que torna a realidade inteligível e permite considerá-la como tal, mas é importante, entretanto, que o nexo causal se dê apenas entre fenômenos naturais, considerando que o pensamento mítico também estabelece explicações causais entre fenômenos naturais e sobrenaturais.

Na narrativa da guerra de Tróia na Ilíada de Homero, os deuses tomam partido dos gregos e dos troianos e influenciam os acontecimentos em favor de um ou de outro. Portanto, fenômenos humanos e naturais têm, nesse caso, causas sobrenaturais. Trata-se de uma explicação causal, porém dada através da referência a causas sobrenaturais.

A explicação causal possui um caráter regressivo, ou seja, explica sempre uma coisa por outra. É a possibilidade de buscar uma causa anterior – mais básica – até o infinito. Cada fenômeno poderia ser tomado como efeito de uma nova causa, que, por sua vez, seria efeito de uma causa anterior, e assim sucessivamente, num processo sem fim. Isso invalida o próprio sentido da explicação, pois, mais uma vez, a exposição levaria ao inexplicável, a um mistério tal como no pensamento mítico.

O conceito de arqué

Para evitar a regressão ao infinito da explicação causal surge a necessidade de se estabelecer uma causa primeira, um princípio, ou um conjunto de princípios, que possa servir de ponto de partida para o processo racional. Neste ponto nasce a noção de arqué (elemento primordial). Assim, os filósofos começam postular a existência de um ponto de partida para todo o processo do pensamento. O primeiro a formular essa noção é justamente Tales de Mileto. Para ele, a água (hydro) era o princípio e o fim de tudo.

Tales escolheu a água como elemento primordial influenciado, provavelmente, por antigos mitos do Egito e da Mesopotâmia – regiões áridas onde a água teve um papel crucial para o desenvolvimento de civilizações, principalmente em locais próximos a deltas de rios. Outro fator que pode ter influenciado Tales é presença da água, em seus três estados físicos (líquido, sólido e gasoso), em quase tudo que existe na natureza. A busca por um elemento primordial (água) que dá unidade à natureza é a contribuição mais importante de Tales.

A água, enquanto princípio para a explicação do mundo, não era simplesmente a substância encontrada em rios, mares e lagos. É

um principio simbolizado um elemento real, o mais básico, o mais primordial; presente em todas as coisas em maior ou menor grau. No imaginário coletivo a água vai se tornando referencia indispensável para a explicação de todas as coisas questionáveis, se transforma em um elemento mágico capaz de promover curas e purificações do ser humano. Passa a ser a fonte de explicação para o que não se pode compreender.

Diferentes pensadores buscaram eventualmente diferentes princípios explicativos, assim, por exemplo, os sucessores de Tales na Escola de Mileto, Anaxímenes e Anaximandro adotaram respectivamente o ar e o apeíron, um princípio abstrato significando algo de ilimitado, indefinido, subjacente à própria natureza. Aromatizar o ar passa a ser entendido como forma de melhor sentir sua presença e logo esse elemento passa a ser entendido como também capaz de promover grades benefícios para o ser humano.

Heráclito dizia ser o fogo o princípio explicativo para tudo que fosse questionável, e a chama de fogueiras, posteriormente de lamparinas e velas, com o seu poder de exercer a fascinação, já não se limitam apenas às iluminações de ambientes, passa a representar mais uma facilidade na relação do humano com o divino. Paradoxalmente a filosofia que surge em substituição ao pensamento mítico, o fortalece.

Empédocles de Agrigento realizou uma síntese filosófica em quatro elementos: água, ar, fogo e terra, tese retomada por Platão e difundida em toda a Antigüidade, chegando até o período moderno nas especulações da alquimia no Renascimento até o surgimento da moderna química no século XVIII. Demócrito de Abdera acrescenta mais um elemento, o átomo, acreditava que tudo era composto por átomos e vazio e o atomismo passa a ser a medida para explicar tudo.

A concepção de kosmos

Para os filósofos compreender o mundo era necessário outro principio, o kosmos. O significado do termo para os gregos liga-se diretamente às idéias de ordem, harmonia, circularidade, serenidade e beleza representadas pelos astros, bem como o espaço celeste. A beleza resulta da harmonia das formas vista no cosmo; daí, aliás, o termo “cosmético” como símbolo de beleza. A visão do Cosmo distinguia a natureza celeste da natureza terrestre, o mundo supralunar e o mundo sublunar que se opunham, um como perfeito e o outro imperfeito, o imperfeito corruptível e perecível se opõe ao perfeito que é eterno e imutável. A idéia de um Cosmo finito, esférico, fechado sobre si mesmo, inteiramente contido na esfera dos céus, a

Terra imóvel em seu centro e fora do qual, como dizia Aristóteles, nada existe, nem lugar, nem tempo. As coisas terrestres eram imperfeitas, mas ao contrário da Terra, os astros celestes eram vistos como circular, de movimento uniforme, perfeito, eterno, sem começo nem fim, sempre girando em torno de um ponto central do qual não se afasta nem se aproxima, próprio dos seres perfeitos e eternos que habitavam os céus. O cosmo, entendido como ordem, se opõe ao caos que seria precisamente a falta de ordem.

O cosmo passa a ser contemplado pelos pensadores como o mundo real, natural e ordenado de acordo com certos princípios racionais, em que certos elementos são mais básicos e se constitui de forma determinada, tendo a causalidade como lei principal. Os astros celestes, principalmente os noturnos como a Lua e as Estrelas, passam a representar o modelo para a vida humana, espelham harmonia, serenidade e equilíbrio, representa a idéia de perfeição que deveria influenciar o humano, suas atitudes e sua existência. Dessa idéia filosófica deriva a convicção da influencia dos astros na vida e no destino das pessoas. Assim, a astrologia é envolvida pelo pensamento mítico.

Há na concepção grega o pressuposto de correspondência entre a razão humana e a racionalidade do real para a compreensão do cosmo. É a racionalidade do mundo que o torna compreensível ao entendimento humano e a ordem do cosmo é vista como uma ordem racional, significando aí a existência de princípios e leis que regem e organizam essa realidade. É porque este real pode ser compreendido que se pode fazer ciência, isto é, tentar explicá-lo teoricamente. Daí se origina o termo “cosmologia”, como explicação dos processos e fenômenos naturais e como teoria geral sobre a natureza e o funcionamento do Universo.

O logos como racionalidade

Para o grego compreender o mundo faltava outro princípio, a argumentação da realidade, o discurso, o logos. O termo grego logos significa literalmente discurso, e é com tal acepção que é explicitado, por exemplo, em Heráclito de Eféso. O logos enquanto discurso difere fundamentalmente do mythos, narrativa de caráter poético que recorre aos deuses e ao mistério na descrição do real. O logos é uma explicação em que razões são dadas. O discurso dos primeiros filósofos explicando o real por meio de causas naturais, é um logos.

Logos são razões argumentativas, frutos não de uma inspiração ou de uma revelação, mas simplesmente do pensamento humano aplicado ao entendimento da natureza. O logos é, portanto, o discurso racional em que as explicações são justificadas e estão

sujeitas à critica e à discussão. Daí deriva o termo “lógica”. Heráclito caracteriza a realidade como tendo um logos, ou seja, uma racionalidade que seria captada pela razão humana. Um dos pressupostos básicos da visão dos primeiros filósofos é a correspondência entre a razão humana e a racionalidade do real, o que tornaria possível um discurso racional sobre o real.

O caráter crítico

Para construir o logos era necessário o crítico, um dos aspectos mais fundamentais do saber que fundamenta as primeiras escolas de pensamento, sobretudo na escola jônica. O caráter crítico impedia que as teorias formuladas fossem dogmáticas, apresentadas como verdades absolutas e definitivas, mas como teorias passíveis de serem discutidas, de suscitarem divergências e discordâncias, de permitirem formulações e propostas alternativas. Como se trata de construções do pensamento humano, de idéias de um filósofo, e não de verdades reveladas de caráter divino ou sobrenatural, estão sempre abertas à discussão, à reformulação, a correções, como aconteceu na escola de Mileto com os dois principais seguidores de Tales, Anaxímenes e Anaximandro, quando não aceitaram a idéia do mestre de que a água seria o elemento primordial e postulam outros elementos, como o ar e o apeiron como tendo esta função.

Nas escolas filosóficas o debate, a divergência e a formulação de novas hipóteses eram estimulados, a única exigência era que as propostas divergentes pudessem ser justificadas, explicadas e fundamentadas por seus autores, e que pudessem por sua vez, ser submetidas à critica. O que é acrescentado de novo na filosofia grega, não é a substituição dos mitos por algo mais “científico”, mas sim uma nova atitude em relação aos mitos, a atitude crítica. Em lugar de uma transmissão dogmática da doutrina, na qual todo o interesse consiste em preservar a tradição autêntica, encontra-se uma tradição crítica da doutrina.

Outros pensadores começam a fazer perguntas a respeito do mito, duvidam de sua veracidade, a dúvida e a crítica tornam-se agora parte da tradição da filosofia. Uma tradição superior que substitui a preservação tradicional do dogma e, em lugar da teoria tradicional, do mito, encontra-se a tradição das teorias que criticam, em si mesmas e, no decorrer dessa discussão crítica, a observação é adotada como testemunha dos fatos. Não foi por mero acaso que Anaximandro, discípulo de Tales, desenvolveu uma teoria que divergia explícita e conscientemente de seu mestre, e que Anaxímenes, discípulo de Anaximandro, tenha também divergido de modo consciente da doutrina de seu mestre. A explicação parece ser

que o próprio fundador da escola tenha desafiado seus discípulos a criticarem sua teoria, e que eles tenham transformado, com esta atitude de fazer crítica, a tradição da escola, trocando o dogma pela reflexão do pensamento.

Com base no conhecimento filosófico, principalmente do ponto de vista das terapias, o mito prossegue exercendo grande influencia e projetando as mais variadas hipóteses. Do elemento terra são inferidos as mais fantasiosas hipóteses, os minerais, principalmente os metais magnéticos, os cristais de rocha, passam a representar elementos mágicos. O poder de cura da argila, encontrada na mãe Terra, é considerada incontestável como remédio contra enfermidades do corpo.

Aos imãs naturais eram atribuídos poderes de curas para as enfermidades humanas. Acreditava-se que os imãs possuíam vida e ao exercerem atração ao ferro dava-lhe vida também. O povo grego acreditava que aplicando ímãs naturais em partes do corpo, a dor ocasionada por numerosas enfermidades poderia ser aliviada. Essas

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