1.3.1 Introduc¸ao
Este m´etodo foi desenvolvido[26] pelo cientista holandes P. Debye e pelo suic¸o P. Sherrer, em 1916, e, independentemente, pelo norte-americano A. Hull em 1917. ´E utilizada uma amostra reduzida a p´o que se coloca no centro de uma camara cil´ndrica, no trajeto de raios X monocrom´aticos. O p´o ´e, habitualmente, colocado dentro de um pequeno tubo de material amorfo e a montagem ´e, normalmente girat´orio. O tempo de exposic¸ao aos raios X depende de v´arios fatores, designadamente, das dimensoes da camara e da abertura de entrada do feixe incidente e ainda da composic¸ao da amostra. Quando o feixe monocrom´atico de raios X incide no p´o cristalino, dada a distri- buic¸ao aleat´oria dos in´umeros pequenos graos, qualquer plano reticular assume todas as orientac¸oes poss´veis, relativamente ao feixe incidente. Desse modo, ocorre sempre uma incidencia segundo um angulo tal que satisfac¸a a condic¸ao de Bragg. Com outras palavras, ´e poss´vel registrar todas as direc¸oes hkl estruturalmente poss´veis, desde que sucientemente intensas.
Em consequencia da distribuic¸ao estat´stica das diferentes orientac¸oes assumidas por um dado plano reticular, verica-se que h´a sempre um desses planos em condic¸oes de reetir a radiac¸ao incidente. Assim, em termos de rede rec´proca, a pulverizac¸ao do cristal corresponde a uma rotac¸ao dos n´os rec´procos em torno da origem, de modo que cada um deles dene uma superf´cie esf´erica: o espac¸o rec´proco deixa de ser uma simples distribuic¸ao triperi´odica de pontos para se transformar num conjunto de superf´cies esf´ericas concentricas. As intersec¸oes destas superf´cies pela esfera de Ewald sao circunferencias, cujos centros se situam ao longo da direc¸ao do feixe de raios X incidentes. Essas circunferencias correspondem as observadas no diagrama de p´o, pois cada um dos seus pontos dene um centro da esfera de Ewald em uma direc¸ao
de m´aximo de difrac¸ao.
1.3.2 Uso do m´etodo do p´o
Listamos abaixo[27] alguns dos usos espec´cos do m´etodo:
a)- Identicac¸ao de fases em materiais minerais, qu´micos, ceramicos ou outros materiais de engenharia.
b)- Identicac¸ao de m´ultiplas fases em misturas cristalina. c)- Determinac¸ao da estrutura cristalina de materiais. d)- Identicac¸ao e an´alise estrutural de minerais.
e)- Reconhecimento de materiais amorfos em misturas cristalinas.
f)- An´alise da estrutura cristalogr´aca e c´alculo da c´elula unit´aria em materiais cristalinos.
g)- Determinac¸ao quantitativa da soma de diferentes fases em misturas pelo calculo das proporc¸oes dos picos.
h)- Determinac¸ao quantitativa de fases por renamento completo do difratograma, whole-pattern.
i)- Determinac¸ao do tamanho do cristalito pela an´alise da largura dos picos. j)- Determinac¸ao da forma do cristalito pelo estudo da simetria dos picos.
k)- Estudo da expansao t´ermica em estrutura cristalina usando equipamento in- situ heating.
1.3.3 Distorc¸oes Anisotr´opicas em picos padroes
Os materiais policristalinos[28] sao constituidos de pequenos cristais, denominados graos ou cristalitos, os quais sao separados uns dos outros por fronteiras denominadas contornos de grao.
dos seus vizinhos. Consideradas de modo global, as orientac¸oes de todos os graos po- dem tanto estarem distribuidas aleatoriamente com relac¸ao a um sistema de referencia como estarem concentradas, em maior ou menor grau, ao redor de alguma ou de algu- mas orientac¸oes particulares. Nesta ultima condic¸ao, o agregado policristalino apre- senta orientac¸ao preferencial ou textura.
O m´etodo do p´o tem como princ´pio que a distribuic¸ao dos cristalitos ´e com- pletamente aleat´oria. Em geral, a situac¸ao mais desejada ´e quando uma amostra tenha orientac¸oes completamente aleat´orias de pequenos cristalitos. Alguns tipos de an´alise fazem uso da orientac¸ao preferencial desses cristalitos, e outros tipos de an´alise (identicac¸ao qualitativa de fases) a orientac¸ao preferencial pode ser calculado e tra- balhado para produzir um resultado ´util para a an´alise.
1.3.4 Orientac¸ao Preferencial
V´arios materiais exibem orientac¸oes preferenciais. Alguns tipos de ceramicas magn´e- ticas, o extrudado, p´o prensado e v´arios lmes e pol´meros requerem manipulac¸ao e medida da orientac¸ao preferencial. Frequentemente essas medidas envolvem o uso de um difratometro de gura de p´olo para medir um angulo de difrac¸ao.
Em geral, nos dados da difrac¸ao do p´o, a orientac¸ao preferencial ´e a causa mais prov´avel da diferenc¸a dos dados experimentais com o padrao de intensidade para a fase analizada. O estudo da orientac¸ao preferencial ´e ´util para determinar a anisotropia de uma amostra, mas ´e muito dif´cil obter resultado satisfat´orio, quando faz uma an´alise quantitativa ou um preciso c´alculo da c´elula unit´aria.
O caminho mais utilizado no estudo da orientac¸ao preferencial em um material de composic¸ao conhecida ´e comparar com as intensidades de uma amostra que tem orientac¸ao preferencial com o padrao para o material. Alguns programas de an´alise de dados ajustam os dados corretos para o estudo da orientac¸ao preferencial, quando
o objetivo ´e fazer uma an´alise quantitativa.
1.3.5 Tensao Residual e Deformac¸ao
Deformac¸ao em um material pode produzir dois tipos de efeito na difrac¸ao. Se a deformac¸ao ´e uniforme (expansao ou contrac¸ao) ´e chamado de macrotensao e h´a um deslocamento dos m´aximos de difrac¸ao em comparac¸ao com um padrao. Macrodefor- mac¸ao causa variac¸ao no parametro de rede, resultando em um desvio do pico.
Microdeformac¸ao ´e produzida por uma distribuic¸ao de forc¸as de trac¸ao ou com- pressao resultando em um alargamento nos picos de difrac¸ao. Em alguns casos, al- guns picos assim´etricos podem ser resultado de microdeformac¸ao. Dislocac¸oes e vacancias podem ocasionar microtensao em cristalitos e o efeito geralmente ser´a uma distribuic¸ao de picos em volta do pico sem tensao e um alargamento do pico padrao. Esses efeitos sao demostrados, de uma maneira geral, na gura a seguir.
Figure 1.2: Deformac¸ao por expansao ou contrac¸ao dos valores de d ref.[5]
A teoria da elasticidade linear
2.1 Introduc¸ao
Elasticidade linear ´e uma teoria da f´sica que estuda o comportamento de corpos mate- riais que se deformam ao serem submetidos a ac¸oes externas (forc¸as devidas ao contato com outros corpos, ac¸ao gravitacional agindo sobre sua massa, etc.), retornando a sua forma original quando a ac¸ao externa ´e removida, nao alterando, portanto, o volume do material. At´e um certo limite, que depende do material e da temperatura, as tensoes aplicadas sao aproximadamente proporcionais as deformac¸oes.
As equac¸oes da teoria linear da elasticidade [29] no sistema de coordenadas retan- gulares cartesianas (x1, x2, x3) incluem as seguintes equac¸oes:
σij,j − ρ
∂2u
i
∂t2 + Fi = 0 , (2.1)
onde i, j = 1, 2, 3; que ´e a equac¸ao de movimento do sistema f´sico sob considerac¸ao;
σij = Λijklεkl , (2.2)
onde i, j, k, l = 1, 2, 3; que ´e a Lei de Hooke Generalizada;
2εkl= ul,k+ uk,l , (2.3)
que ´e a F´ormula de Cauchy que expressa a deformac¸ao atrav´es do deslocamento. Nas equac¸oes (2.1) a (2.3), σij = σji sao as componentes do tensor sim´etrico
das tensoes, εij = εji sao as componentes do tensor das deformac¸oes, Λijkl sao as
componentes do tensor de ordem quatro do modulo da elasticidade, ui sao as com-
ponentes do vetor deslocamento, Fi sao as componentes da forc¸a volum´etrica, ρ ´e a
densidade constante do material, e t ´e o tempo. A v´rgula na frente de um sub-escrito indica diferenciac¸ao com respeito a coordenada espacial marcada pelo sub-escrito; letras repetidas no sub-escrito indicam soma sobre seus valores admiss´veis.
A teoria da elasticidade estuda de forma rigorosa a determinac¸ao das tensoes, deformac¸oes e da relac¸ao entre elas para um material. Neste trabalho estudamos a relac¸ao entre deformac¸ao e tensao dada pela lei de Hooke Generalizada. Nosso ob- jetivo, portanto, foi o de determinar as constantes do tensor de elasticidade para um material com simetria ortotr´opica. A partir dessa determinac¸ao, obtemos um modelo para determinar as tensoes residuais em um material ortotr´opico.