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Segundo Vital (2007), o Eucalipto (do grego, eu + καλύπτω = "verdadeira cobertura") é a designação vulgar das várias espécies vegetais do gênero

Eucalyptus, ainda que o nome se aplique ainda a outros gêneros de mirtáceas,

como Corymbia e Angophora.

A maioria das espécies de Eucalyptus são árvores típicas de florestas altas, atingindo alturas de cerca de 50 metros e de florestas abertas com árvores menores que chegam a 25 metros, cerca de 40 espécies são arbustivas segundo Mora e Garcia (2000).

4.3.1 Origem

De ocorrência natural da Austrália, o eucalipto possui mais de 600 espécies adaptadas a diversas condições de solo e clima. Dessa variedade de espécies, apenas duas não são originadas da Austrália, o Eucalyptus urophylla e o Eucalyptus

deplupta (MORA; GARCIA, 2000). Os mesmos autores comentam que a

disseminação de sementes de eucaliptos no mundo começou no início do século XIX. Na América do Sul, o primeiro país a introduzir o eucalipto foi o Chile em 1823 e posteriormente a Argentina e o Uruguai. Por volta de 1850, países como Portugal, Espanha e Índia começaram a testar o eucalipto.

No Brasil, Mora e Garcia (2000), relatam que as primeiras mudas de eucaliptos foram plantadas no Rio Grande do Sul em 1868 e no mesmo ano, foram plantadas algumas mudas no Estado do RJ. Já em 1904 a 1909, Navarro de Andrade (considerado por muitos, o ”pai” da eucaliptocultura no Brasil), procedeu testes comparativos de eucaliptos com espécies nativas brasileiras afim de testar qual seria a melhor espécie para suprir as necessidades da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

4.3.2 Características do gênero

Mora e Garcia (2000), tratam das espécies de Eucalyptus grandis, E.

camaldulensis, E. terenticornis, E. globulus, E. urophylla, E. viminalis, E. citriodora e

E. saligna, como sendo as mais cultivadas mundialmente.

A seleção da espécie adequada para plantio em determinada região, é realizada com as relações de clima e solo mais próximas possíveis com o local de origem da espécie. O eucalipto possui espécies em quase toda a faixa latitudinal da Austrália, o que permite uma ampla gama de espécies disponíveis. As principais espécies cultivadas no Brasil são de origem tropical e subtropical.

Com mais de 90 anos de experiência no manejo do gênero Eucalyptus o setor florestal brasileiro agrega conhecimento suficiente para ter uma das melhores e mais produtivas florestas plantadas do mundo, como mostra a Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Comparação de produtividade mundial anual de florestas plantadas.

Fonte: Adaptado de Bracelpa (2009)

Em relação aos fatores que afetam a produtividade do eucalipto, pode citar a precipitação como uma das limitantes. Mora e Garcia (2000) citam que as árvores têm bom crescimento em locais nos quais chove entre 900 e 2000 mm anuais. Em relação aos solos, o eucalipto prefere solos profundos e bem drenados, sem camada de impedimento.

Em relação ao aproveitamento de água pelo gênero, Novaes (1996) apresentou uma listagem de espécies, comparando-as entre si e o eucalipto conforme Tabela 4.2

Tabela 4.2 - Eficiência do uso da água por diferentes culturas vegetais.

Fonte Novaes (1996).

Da mesma forma, Calder et al. (1992) apresentou um listagem de uso da água, conforme o ciclo da cultura ou para cada ano, em caso de culturas de ciclo longo como o eucalipto, como mostra a Tabela 4.3

Espécie País Rotação (anos) Produtividade (m3.ha-1.ano-1)

Eucalipto Brasil 7 41

Eucalipto África do Sul 8-10 20

Eucalipto Chile 10-12 25 Eucalipto Portugal 12-15 12 Eucalipto Espanha 12-15 10 Bétula Suécia 35-40 6 Bétula Finlândia 35-40 4 Batata Milho Cana-de-Açúcar Feijão Trigo Cerrado Eucalipto

Cobertura Eficiência do Uso da Água (produção por quilograma de água utilizada)

0,40-0,65 g de bulbos 2,9 g de madeira 0,4 g de madeira 0,9 g de grãos 0,5 g de grãos 1,8 g de açúcar 0,47-1.08 g de grãos

Tabela 4.3 - Altura de lâmina de água utilizada por cultura para o ciclo ou uso anual.

Fonte: Calder et al. (1992).

4.3.3 Aspectos do seu cultivo e manejo

O cultivo do eucalipto evoluiu substancialmente nos últimos 20 anos. Os cultivos antigos, resquícios das plantações subsidiadas pelos incentivos ficais, eram feitos com pouco ou nenhum planejamento, com métodos de preparo de solo obsoletos que facilitaram as formações erosivas até hoje existentes no RS, além disso, eram cultivos regidos sob outro formato da Legislação Ambiental. Além disso, segundo Mora e Garcia (2000), os talhões tinham formatos inadequados e eram implantados em regiões ecológicas inadequadas. Além disso, praticava-se o desmatamento em favor de novas áreas para silvicultura.

No entanto, entre erros e acertos do setor florestal brasileiro, formou-se um patrimônio genético de grande valor que pôs o Brasil na liderança no em domínio da silvicultura do eucalipto.

Atualmente, os plantios comerciais de eucaliptos, em sua grande maioria, são feitos seguindo-se normas internacionais de sustentabilidade e cumprindo os requisitos para manutenção dos seus sistemas de gestão ambiental por meio da ISO 14000. As florestas são planejadas em talhões menores, levando-se em consideração a declividade da área. O plantio de eucaliptos segue de forma rigorosa a legislação ambiental e, além disso, são norteados pelo Zoneamento Ambiental da Silvicultura no Estado do RS. Utiliza-se da metodologia dos corredores ecológicos que interligam Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal (20% para o RS) etc.

Cultura Consumo de água (mm)

Cana-de-açúcar 1000-2000 Café 800-1200 Citrus 600-1200 Milho 400-800 Feijão 300-600 Eucalipto 800-1200

Obs: 1 mm (milímetros) corresponde a 1 litro por m2

Quantidade de água necessária durante um ano ou ciclo da cultura

Medidas antes adotadas, como o desmatamento em favor da silvicultura do eucalipto, não mais são utilizadas tampouco permitidas. Além disso, existe um controle de incêndios normalmente monitorado via satélite. São adotadas ainda, práticas de preparo do solo com menor capacidade erosiva, adotando-se como método o cultivo mínimo, com subsolagem na linha de plantio.