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Rosa Cravo Tulipa Lírio

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conflitos), sendo que os aumentos mais expressivos de Rosa ocorreram nos fatores 1 e 5. Tais aumentos foram reforçados pelo comentário da própria participante: “Eu parei de gritar muito. Tô conversando mais”.

Seu cônjuge, o participante Cravo, apresentou, após a intervenção, um aumento dos escores em quase todos os fatores: F1(Comunicação e expressividade), F2 (Asserção de autodefesa), F3 (expressão de intimidade), F4 (Autocontrole empático) e F5 (Assertividade pró-ativa). O aumento mais expressivo para esse participante foi no fator 5, o que pode ser confirmado pelo relato de Rosa: “As vezes eu começo a gritar e o Cravo fala: Olha o que nóis aprendeu. Daí eu falo chantagista. E paro na hora”.

Tulipa apresentou um aumento de escores do pré-teste para o pós-teste nos fatores 1 (Comunicação e expressividade), 4 (Autocontrole empático) e 5 (Assertividade pró-ativa), bem como manutenção do escore máximo do F3 (expressão de intimidade). O aumento mais expressivo desse período foi relativo a F4.

Já seu marido Lírio, teve após a intervenção um aumento de quase todos os fatores, exceto pelo F2 (Asserção de autodefesa), no qual apresentou manutenção dos escores. Os maiores aumentos de Lírio ocorreram simultaneamente nos fatores 3 (Expressão de intimidade), 4 (Autocontrole empático) e 6 (Evitação de conflitos). Destaca-se que após a intervenção o Casal B atingiu o escore máximo no F3 (Expressão de intimidade).

Destaca-se que, após a intervenção, tanto Rosa como Cravo apresentaram em comum importantes aumentos de escores no F5 (Assertividade pró-ativa). Tulipa e Lírio apresentaram em comum importantes aumentos de escores em F4 (Autocontrole empático). Observa-se que as mulheres apresentaram, após a intervenção, como fator de maior escore o F3 (Expressão de intimidade), bem como Lírio. Já o fator de maior escore de Cravo após a intervenção foi F4 (Autocontrole empático).

História da família dos Casais A e B

A Figura 11 abaixo, apresenta os eventos significativos apontados pelos participantes durante a Atividade de Linha do Tempo Familiar.

O Casal A se conheceu na padaria. Na época, Rosa gostava muito de sair a noite e consumia bebidas alcoólicas em grandes quantidades. A participante verbalizou muitas vezes: “Eu era perdida”. O início do namoro só ocorreu um ano depois que se conheceram. Cravo disse que não gostava de falar desta época pois eles sempre brigavam. O casal A passou a coabitar um ano após o nascimento da primeira filha, casando-se oficialmente pouco antes da segunda gestação de Rosa.

Figura 11: Linha do Tempo Familiar dos Casais A e B

O Casal B se conheceu na Igreja Evangélica que frequentavam. Participavam do mesmo grupo de jovens e costumavam viajar para várias cidades com esse grupo. O casal foi morar junto em virtude de problemas familiares de ambos. Os pais de Tulipa e os pais de Lírio separaram-se na mesma época, o que fez com que fossem morar com a mãe de Tulipa. Pouco tempo depois Tulipa engravidou e eles se casaram.

Os participantes Cravo e Lírio relataram que já foram usuários de drogas ilícitas (maconha, cocaína e crack). Cravo deixou as drogas no ano de 2004 e Lírio no ano de 2007, época denominada pelas participantes como “libertação dos vícios”. Cravo atribuiu a Rosa a “força” para deixar as drogas: “Eu cheguei a ver a morte na minha frente, sabe? Conversar com ela. Ela me puxou pelo cabelo e me tirou”.

Lírio disse que fez “um propósito com Deus”, não salientando, inicialmente, a importância da esposa nesse processo. Porém, ao relatar esse período, ele disse que saiu das drogas no dia em que a esposa o trancou para fora de casa por estar na rua consumindo-as de madrugada. As duas participantes relataram, com tristeza, os momentos em que os seus cônjuges eram usuários de drogas e o fato de as dificuldades econômicas serem ainda mais severas em decorrência da drogadição. Cravo e Lírio relataram ter chegado no “fundo do poço”, com o uso de drogas.

2004 Libertação de Cravo dos vícios

2007 Casamento

2008

Nascimento do segundo filho Nascimento da primeira filha

2003 Foram morar juntos 1999 Conheceram-se na padaria

2000 Rosa se interessa por Cravo Engravidou após 6 meses

2001

CRAVO E ROSA

2007 Libertação de Lírio dos vícios

2008 Momento atual com Lírio trabalhando fixo, paz e ânimo

2000 Começo do Namoro

2002 Nascimento da primeira filha

Lírio relatou o quanto a drogadição o desestruturava, em vários aspectos, destacando: “se eu vendia sessenta reais, quarenta era para as drogas”. Tulipa completava: “Todo emprego que ele entrava ele dava conta de... brigar com os outros, de pedir as contas”. Lírio abandonou as drogas, mais recentemente. Observou-se que o casal no final da intervenção procurava não fazer menções ao período no qual Lírio consumiu drogas ilícitas. Frequentemente demonstravam por meio de gestos, o carinho mútuo. O período das drogas foi relatado apenas em dois momentos específicos: durante a aplicação inicial do IEP e durante a realização da Linha do Tempo Familiar. Segundo Lírio: “Fui vendo exemplo, fui vendo pessoas que aconteceram essas coisas e conseguiram superar. Aí fui vendo que eu não era daquele jeito, que era tudo ilusão”.

Cravo fazia, até o final da intervenção, ingestão de bebidas alcoólicas frequentemente, em altas doses. Ele procurou ajuda, no passado, sendo na ocasião internado pela esposa em uma clínica de reabilitação. Porém, Cravo fugiu da clínica, recusando-se a fazer o tratamento. O relato de abuso de álcool era frequente. Na ocasião do sétimo encontro, a pesquisadora e as bolsistas puderam presenciar tal fato. Ao chegarem para fazer a intervenção na residência do casal, Cravo permaneceu no banho por mais de 40 minutos. Ele só apareceu na presença da pesquisadora e das bolsistas após agressões verbais de Rosa. Cravo estava alcoolizado e ficou envergonhado, prometendo que isso não aconteceria mais. A pesquisadora e as bolsistas deixaram a residência, retornando em horário combinado para conversar sobre o ocorrido, sobre a viabilidade de continuar a intervenção, bem como para traçarem metas para o tratamento de Cravo.

Tal fato, apesar de aversivo, possibilitou o diálogo franco sobre as dificuldades de Cravo e do casal, e a avaliação das consequências do comportamento de cada um na família. Na ocasião, a pesquisadora levou uma lista contendo os endereços dos Alcoólicos Anônimos mais próximos e também uma apostila contendo informações sobre alcoolismo (Anexo 13).

Percepção dos Casais A e B sobre Habilidades Conjugais

Os cinco cartões escolhidos pelos participantes, dentre os 19 apresentados, estão ilustrados na Figura 12 abaixo.

Figura 12: Habilidades Conjugais selecionadas pelos participantes dos Casais A e B

A única habilidade destacada por todos os participantes foi a de Resolver problemas Juntos, sendo também esta habilidade a única escolhida em comum pelo Casal A. Quase todos os participantes, exceto Cravo, apontaram Demonstrar carinho e apoio como uma habilidade conjugal fundamental. Adicionalmente, quase todos os participantes, exceto Rosa, apontaram a habilidade de Se colocar no lugar do outro. Já o Casal B escolheu três habilidades conjugais em comum (Resolver problemas juntos, Demonstrar carinho e apoio e Se colocar no lugar do outro).

As mulheres e os homens escolheram em comum três habilidades como fundamentais em um relacionamento. As mulheres escolheram em comum: Cumprir os acordos feitos, Demonstrar carinho e apoio e Resolver Problemas Juntos. E os homens: Agradecer, Se colocar no lugar do outro e Resolver Problemas Juntos.

Como cartas exclusivamente escolhidas por apenas um participante pode-se citar: Conversar naturalmente sobre qualquer assunto e Pedir mudança de comportamento (Rosa), Elogiar o companheiro e Pedir ajuda quando necessário (Cravo), Conversar e chegar a um acordo (Tulipa) e Desculpar-se sinceramente ao cometer uma falha (Lírio).

→ RESOLVER