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Evolução da atitude geral do aluno na aula de Canto

No documento A respiração na prática do ensino do canto (páginas 127-131)

CAMPO DO ESTUDO/INVESTIGAÇÃO CAMPO DO PE

4) Evolução da atitude geral do aluno na aula de Canto

A Alexandra passou de uma aluna que demorava minutos a preparar-se para a aula, encontrando mil coisas para fazer (encontrar partituras, tirar casaco, arrumar cadeira ou/e estante,...), a uma aluna que, em segundos, largava tudo o que trazia num canto da sala e colocava-se na sua posição, pronta para iniciar a aula. Algumas vezes iniciando o exercício respiratório (Fase I e Fase II) sem que lhe dissesse nada. Esta mudança de atitude deveu- se à sua constatação de que havia muito no processo do Canto que podia controlar, dominar, e, desta forma, garantir uma qualidade elevada. O medo de que a voz falhasse diminuiu substancialmente e a compreensão de que muitas

das falhas vocais podem ser compreendidas, justificadas e,

consequentemente, evitadas, mudou completamente a sua atitude em relação à prática do Canto.

A Caroline diminuiu os seus níveis de ansiedade na aula de Canto. A conversa que tivemos sobre a importância do bom uso do sistema respiratorio para a saúde vocal teve como consequência o desejo de perceber mais sobre o funcionamento do corpo. Perceber que existia uma forma concreta de evitar voltar a ter problemas vocais, transformou a Caroline numa aluna muito mais ouvinte, na procura de perceber como proteger o seu instrumento, optimizando as suas capacidades. Este controlo sobre a respiração permitiu-lhe dominar a sua vocalidade e melhorar a sua prestação, dando-lhe maior segurança e auto- confiança, denunciadas pela forma como reconhece os momentos em que poderia fazer melhor e se corrige, identificando a forma de o fazer.

O Luís é o aluno mais tímido. Tudo influencia a sua prestação, desde a presença de outras pessoas na sala de aula até uma chamada de atenção mais energética. Estes eventos fazem com que a captação e retenção do que lhe é dito diminua drasticamente. Este aluno conseguiu executar todos os exercícios respiratórios, no entanto foi o que mais dificuldade teve em transportar estes movimentos musculares para a prática do canto. Isto indicia falta de eficácia nos seus movimentos abdominais e intercostais. A prática de entoação vocal com “nh” fê-lo obter bons resultados e ultrapassar as suas dificuldades. Contudo, é necessário trabalhar também a sua capacidade de memorização muscular. O Luís raramente foi capaz de iniciar bem uma peça na primeira vez que a fazia na aula, pois não conseguia lembrar-se das sensações físicas que devia ter antes de cantar (era então necessário voltar à entoação com “nh”).

A Margarida foi a aluna mais consistente na sua evolução. A sua preocupação em compreender todos os processos e em aprender a pôr em prática as explicações que recebeu fez com que todas as suas conquistas na prática do Canto permanecessem. A aluna estava sedenta de informação, queria compreender tudo, procurava aplicar tudo o que aprendia à prática de Canto. Sem receios de errar, confiante nas suas capacidades.

Assim, face à análise dos registos, verificaram-se a seguintes tendências:

- maior interesse por conhecer e compreender o funcionamento dos aparelhos respiratório e fonador, bem como a sua articulação;

- maior interesse geral pelo Canto e pelas aulas de Canto, que se evidenciou por uma maior proactividade.

2.2. Avaliação Diagnóstica e Periódica

Nesta parte do DAPE pretende-se expôr os dados recolhidos periodicamente, através de uma reflexão/avaliação quantitativa sobre o trabalho e desenvolvimento dos alunos, envolvidos no PE, nas aulas de Canto. Com esse fim, são, em primeiro lugar, apresentados os quadros de avaliação diagnóstica e avaliação periódica de cada aluno, no ponto 2.2.1.; de seguida, em segundo lugar, é feita uma análise desses resultados, no ponto 2.2.2..

No ponto 2.2.2., relativo à análise dos resultados das avaliações quantitativas diagnóstica e periódicas, como se verá abaixo, procurou verificar- se a evolução ao nível de cada um dos parâmetros e subparâmetros, quer indivíduo a indivíduo, quer comparativamente, quando tido por relevante, agregando pontualmente subparâmetros para obter uma visão mais global.

2.2.1. Apresentação dos Registos

O PE centrou-se na melhoria do desempenho respiratório de quatro alunos de Canto. Assim, procedeu-se, a partir da revisão bibliográfica realizada, a uma síntese dos subparâmetros a trabalhar, observar e avaliar ao nível do desempenho respiratório. Também a partir da revisão bibliográfica se concluiu que o desempenho respiratório é amplamente influenciado pela postura corporal adoptada. Por isso, também se definiram os subparâmetros relativos a uma postura corporal a trabalhar, observar e avaliar. Como o propósito de todo o trabalho é a obtenção de uma boa fonação, por via da melhoria do desempenho respiratório, também se sistematizaram os subparâmetros a trabalhar, observar e avaliar, no que concerne ao desempenho vocal. Foi, então, a partir deste conjunto de procedimentos, que se construiu o quadro que serviu de base às avaliações diagnóstica (primeira aula - Janeiro) e periódicas (Março e Junho).

Passa-se à apresentação dos quadros com os resultados relativos a cada um dos alunos, quer no momento de avaliação diagnóstica, quer nos momentos de avaliação periódica.

Os níveis adoptados são os que apresentamos a baixo, no Quadro n.º15.

Quadro n.º15 – Níveis adoptados para avaliação dos parâmetros e subparâmetros das fichas de avaliação diagnóstica e periódicas e respectiva descrição

Nível Descrição

1 Não executa

2 Executa insuficientemente

3 Executa satisfatoriamente

4 Executa bem (coloca algumas dúvidas, ainda faz alguns erros, mas quando chamado à atenção corrige autonomamente)

5 Executa Muito Bem (domina os processos)

Na Avaliação Diagnóstica do Desempenho do aluno, não é atribuida qualificação ao parâmetro 2.1 – Execução do Exercício Respiratório, uma vez que não faria sentido avaliar algo que ainda não havia ainda sido posto em prática.

2.2.1.1. Quadros de Avaliação diagnóstica e Periódica – Alexandra

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DO DESEMPENHO DO ALUNO

No documento A respiração na prática do ensino do canto (páginas 127-131)