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Evolução do desempenho na aplicação das aprendizagens relativas ao exercício respiratório à prática de reportório;

No documento A respiração na prática do ensino do canto (páginas 120-125)

CAMPO DO ESTUDO/INVESTIGAÇÃO CAMPO DO PE

2) Evolução do desempenho na aplicação das aprendizagens relativas ao exercício respiratório à prática de reportório;

A Alexandra estudou como reportório pivô a ária de oratório Domine

Deus de Vivaldi. No desenvolvimento da aplicação do PE, fizeram-se sentir

algumas diferenças na sua vocalidade. Passamos a mencioná-las:

a) A primeira diferença que se fez sentir foi nos cc24-28, uma vez que o ataque de notas em região aguda melhorou muito com o desenvolvimento da prática respiratória.

Figura n.º24 – Excerto da ária de oratório Domine Deus de Vivaldi, cc24-2561

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A Alexandra passou a ser capaz de posicionar a musculatura do apoio antes da emissão do som, o que lhe permitiu iniciar frases ritmico- melódicas em região mais aguda sem aspreza no trato vocal e sem recorrer ao portamento, que lhe era característico no início.

b) A reprodução de intervalos difíceis (6ª com primeira nota em registo médio e segunda nota em registo agudo) sem recorrer ao portamento, mas antecipando o movimento muscular do apoio que é concretizado pela musculatura do aparelho respiratório – abdominal e intercostal (cc11-12):

Figura n.º25 – Excerto da ária de oratório Domine Deus de Vivaldi, cc11-1462

O som é, agora, mais doce e a frase passou a ser realizada com maior facilidade.

c) A reprodução de notas rápidas em região aguda sem crispação do som:

Figura n.º26 – Excerto da ária de oratório Domine Deus de Vivaldi, cc19-2063

d) Realização de frases longas:

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Imagem retirada de VIVALDI (2002: 22)

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Figura n.º27 – Excerto da ária de oratório Domine Deus de Vivaldi, cc32-3564

A Alexandra necessita de fazer apenas uma respiração nesta frase, como marcado, e nas últimas aulas era necessário lembrá-la de a fazer, porque a sua exercitação muscular e a sua capacidade de realizar frases longas melhorou tanto que, quando concentrada no exercício vocal, já nem sentia necessidade de interromper a frase.

A Caroline estudou, como reportório pivô, a ária antiga O Cessate di

Piagarmi de Scarlatti. No desenvolvimento da aplicação do PE fizeram-se sentir

algumas diferenças na sua vocalidade. Passamos a mencioná-las:

a) No início da peça, o primeiro som produzido melhorou substancialmente. A sua consciência do movimento muscular envolvido no canto proporcionou- lhe a possibilidade de preparar o corpo para a realização de um apoio vocal activo:

Figura n.º28 – Excerto da ária antiga O Cessate di Piagarmi de Scarlatti, cc3-465

b) Conseguiu cantar as consoantes, permitindo-lhe produzir um som menos agressivo, falando em termos de dicção do texto poético. O desenvolvimento da consciência do que é necessário para o apoio vocal,

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Imagem retirada de VIVALD (2002: 24)

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permitiu-lhe realizar um suporte muscular durante o canto sem que toda a vocalidade estivesse presa à zona bucal. Desta forma, estes músculos foram capazes de dizer consoantes sem crispar o som ou condicionar o desenvolvimento de um legato que começa a aparecer na vocalidade da Caroline.

c) Realização de frases musicais, sem interromper o fluxo da respiração e da fonação (faz toda a frase “più del gelo e più dei marmi fredde e sorde à miei martir”):

Figura n.º29 – Excerto da ária antiga O Cessate di Piagarmi de Scarlatti, cc11-1666

O Luís estudou, como reportório pivot, a ária de oratório Eja Mater de Pergolesi. No desenvolvimento da aplicação do PE fizeram-se sentir algumas diferenças na sua vocalidade que passamos a mencionar:

a) O hábito de fazer portamentos no início de cada frase diminuiu substancialmente:

Figura n.º30 – Excerto da ária de oratório Eja Mater de Pergolesi, cc46-4967

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Imagem retirada de SCARLATTI (2003: 18)

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Nesta passagem, o Luís teve de dominar a massa muscular relacionada com o apoio vocal, alargando a caixa torácica e activando o rectus

abdominus.

b) Foi capaz de perceber como realizar acentuações sem tensionar os seus recursos musculares:

Figura n.º31 – Excerto da ária de oratório Eja Mater de Pergolesi, cc51-53 68

c) No final do ano já era capaz de cantar a ária sem crispar a musculatura do maxilar inferior.

d) A grande conquista do Luis foi o aumento de resistência vocal. O Luis chegou ao final do ano com a capacidade de cantar 50 minutos seguidos, sem ter de interromper os exercícios vocais ou a prática de reportório.

A Margarida estudou, como reportório pivot, a ária antiga O Cessate de

Piagarmi de Scarlatti. No desenvolvimento da aplicação do PE fizeram-se sentir

algumas diferenças na sua vocalidade que passamos a mencionar:

a) Consegue realizar quase todas as frases sem interromper o fluxo respiratório. A excepção está na frase mais longa da ária:

Figura n.º32 – Excerto da ária antiga O Cessate di Piagarmi de Scarlatti, cc11-1669

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Imagem retirada de PERGOLESI (s.d.: 138)

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Esta foi uma das grandes conquistas da Margarida, que não conseguia cantar esta peça sem respirar, pelo menos, uma vez a meio de cada frase.

b) A memorização muscular do início da frase “O cessate di piagarmi”, que quando aparece no da capo, a Margarida reproduz igual ao início, com a mesma qualidade vocal, realizando o mesmo trabalho muscular.

c) Experimentação da impostação vocal: pela primeira vez a Margarida sentiu as ressonâncias da voz. Mencionando as “vibrações que senti na face”, apontando para a àrea em volta da zona ocular (seio frontal e seios maxilares).

Da análise das descrições, anotações e observações presentes nos registos relativas à evolução dos aspectos tratados no exercício respiratório aplicado à prática do reportório, resultou evidência, em todos os alunos, da seguinte constante:

- evolução nas dimensões da fonação que dependem de um melhor controlo muscular no processo respiratório (ataque da primeira nota, diminuição de portamentos, afinação, impostação vocal, concretização de frases longas e resistência vocal).

3) Factores externos que podem ter influenciado a evolução dos

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