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Evolução do módulo de elasticidade das pastas

No documento UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (páginas 109-114)

4.1 Estudo piloto em pastas de cimento Portland

4.1.3 Evolução do módulo de elasticidade das pastas

De maneira geral, todas as misturas apresentaram uma boa coerência entre as repetições testadas. Portanto, não houve necessidade de descartar amostras para realizar o ajuste da curva de evolução do módulo de elasticidade. O comportamento obtido para as pastas pode ser visualizado nas Figuras 4.2, 4.3 e 4.4. Para facilitar a visualização e discussão dos resultados, as análises foram realizadas nas curvas de evolução do módulo de elasticidade médias de cada mistura, obtidas a partir do ajuste da curva de evolução do módulo de elasticidade para cada amostra (SP) e, a seguir, calculando a média delas.

Figura 4.2 – Resultados do EMM-ARM para pastas com a/c de 0,3.

a) b)

Fonte: Elaboração própria.

Figura 4.3 - Resultados do EMM-ARM para pastas com a/c de 0,4.

a) b)

Fonte: Elaboração própria.

Figura 4.4 - Resultados do EMM-ARM para pastas com a/c de 0,5.

a) b)

Conforme esperado, o aumento da relação a/c levou à diminuição dos valores do módulo de elasticidade, que foram observados tanto nas pastas de cimento NS quanto REF. No entanto, as misturas NS parecem ser mais sensíveis à relação a/c do que os cimentos REF. Na verdade, enquanto o NS-0,5 atingiu, respectivamente, 87,9% e 89,9% das misturas NS-0,3 e NS-0,4, a mistura REF-0,5 atingiu, respectivamente, 69,10% e 76,61% das misturas REF-0.3 e REF-0,4. O comportamento das pastas com três diferentes relações de a/c, podem ser observados na Figura 4.5.

Figura 4.5 - Curvas médias do módulo de elasticidade para cada mistura.

Fonte: Elaboração própria.

Finalizada a etapa de validação do método EMM-ARM, para a análise de evolução do módulo de elasticidade dos traços analisados, duas replicatas foram ensaiadas simultaneamente. Esta análise foi realizada em todos os traços com adição de NS, e também de referência, para as relações de a/c de 0,3; 0,4 e 0,5.

Observando o comportamento dos dois traços com a relação de a/c = 0,3, nota-se que a evolução dos valores de módulo de elasticidade do traço referência foi levemente superior nos três primeiros dias, em relação ao traço com NS. O desenvolvimento visualmente tardio do traço com NS, cujo módulo de elasticidade iniciou seu desenvolvimento algumas horas depois do traço REF, pode ser atribuído a um possível efeito retardante do superplastificante. Para a relação a/c = 0,3, o traço NS apresentou valores finais para o módulo de elasticidade consideravelmente menores que os do traço REF.

Para relação a/c de 0,4 observou-se que o módulo de elasticidade para as pastas que possuíam NS foi inferior ao que se obteve no traço de referência. O início do desenvolvimento do módulo de elasticidade para o traço NS se mostrou mais acelerado que o REF, efeito da NS nas idades iniciais. Após dois dias de idade tem-se uma inversão de comportamento.

Já para o traço com relação a/c de 0,5, o módulo de elasticidade para as pastas com NS foi superior às pastas de referência. O início do desenvolvimento do módulo de elasticidade se mostrou muito similar em ambos os traços. Após um dias de idade o traço com NS apresentou maiores resultados.

Analisando as 3 relações de a/c utilizadas no estudo piloto, observa-se que para a relação 0,3 é necessário utilizar maiores teores de superplastificante, o que interfere no comportamento do módulo de elasticidade. Além disso, um problema recorrente em materiais cimentícios com baixas relações de a/c é a ocorrência da retração autógena, podendo ocasionar fissuração. Para a relação 0,4, nas idades iniciais analisadas, obteve-se um bom comportamento o que justificou a escolha esta relação a/c para o estudo realizado nos concretos. Na relação a/c = 0,5, embora o material seja mais poroso, a utilização de nanossílica refletiu em maiores valores de módulo de elasticidade, portando a NS se mostra também eficiente para maiores relações a/c.

A escolha do a/c dos concretos foi pautada neste estudo piloto, além da ABNT NBR 6118:2014, embora realizado em pastas cimentícias. Destaca-se que quando estudos avaliam concretos, o comportamento é diferente e apresenta particularidades, devido a presença dos agregados e da zona de transição, por exemplo. O estudo piloto foi importante por possibilitar o entendimento prévio do comportamento da nanossílica utilizada na pesquisa, embasar a escolha do a/c e analisar a sinergia entre os materiais.

Na Figura 4.6 está apresenta a relação entre as curvas de desenvolvimento do módulo de elasticidade de pastas com NS e REF de um mesmo teor de a/c. No eixo vertical, apresenta-se, para cada idade, o resultado da divisão do valor do módulo de elasticidade do traço com NS pelo valor do módulo de elasticidade do traço REF. Assim, valores maiores que 1 indicam valores de módulo de elasticidade maiores em traços com NS, e valores menores que 1 indicam valores de módulo de elasticidade maiores em traços de referência.

Apenas o traço de NS com a/c de 0,4 obteve um desenvolvimento do módulo de elasticidade maior nas idades iniciais (< 2 dias) em relação ao seu respectivo traço REF. Os demais traços apresentam valores nas idades iniciais menores que os seus respectivos traços REF, indicando

que a nanossílica aparentemente não consegue induzir uma evolução rápida do módulo de elasticidade nas primeiras idades para estas relações a/c.

Em termos de valor de módulo de elasticidade em idades mais avançadas, a partir dos 7 dias, a Figura 4.6 indica que aparenta haver uma relação entre a relação a/c e o módulo de elasticidade final apresentado pelos traços NS. A partir da análise dos valores de módulo de elasticidade final sugeridos pelos valores apresentados a 7 dias de idade, à medida que a relação a/c aumenta, os traços NS aparentam atingir valores relativamente maiores que seus respectivos traços REF. Assim, enquanto o traço NS-0.3 atingiu cerca 84.43% do módulo de seu respectivo traço REF, o traço NS-0.4 atingiu 91.51% e o traço NS-0.5 atingiu 107.5%.

O fenômeno descrito pode estar relacionado ao fato de que em cimentos com hidratação muito rápida, como nos traços de NS com a/c de 0,4, pode ocorrer formação de revestimentos hidratados em torno de grãos ainda não hidratados de cimento, prejudicando o atingimento de valores finais de módulo de elasticidade pela dificuldade de difusão da água até estas regiões não hidratadas. É discutido e consolidado que para a ocorrência completa e eficiente da hidratação do cimento, existe a necessidade de espaço disponível suficiente para para que ocorra o crescimento dos produtos resultantes do processo de hidratação, fato que pode ser influênciado pela mistura de clínquere e materiais cimentícios suplementares (MCS) (MISHRA; EMMANUEL; BISHNOI, 2019).

Figura 4.6 - Relação entre as curvas de desenvolvimento do módulo de elasticidade de pastas com NS e REF de um mesmo teor de a/c

Nota-se que, de forma geral, o desenvolvimento do módulo de elasticidade não acompanhou o desenvolvimento da resistência à compressão simples do material nas idades iniciais. Enquanto os valores de resistência à compressão foram superiores em todos os traços com adição de NS, independente da relação a/c dos traços, o módulo de elasticidade aparenta ser sistematicamente menor, com apenas o traço NS-0.5 apresentado valores finais maiores que o seu respetivo traço REF-0.5.

Diante do resultado diferente do comportamento esperado para os traços com relação a/c de 0,3 e 0,4 para afirmar com precisão que o módulo de elasticidade não é superior aos traços correspondentes de referência, é necessário avaliar a evolução do módulo de elasticidade por meio do método da compressão clássica, para verificação dos resultados obtidos pelo ensaio EMM-ARM. A evolução do módulo observada pode ser consequência do comportamento da nanossílica para relações de a/c mais baixas, ou até mesmo alguma particularidade do ensaio que foi realizado.

Outro a fato a ser considerado, é que quando se trabalha com nanossílica em materiais cimetnícios a ocorrência da retração autógena é maior (SANTOS, 2016). Provavelmente pode ter provocado interferência na aderência entre a pasta e o tudo utilizado no ensaio, o que reforça a necessidade de investigações mais aprofundadas no assunto.

No documento UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (páginas 109-114)