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7. GERAÇÃO TERMONUCLEAR

7.4. Geração termonuclear no Brasil

7.4.1 Evolução do Programa Nuclear Brasileiro

O Programa Nuclear Brasileiro surgiu na década de 40 após a Guerra Mundial e a intenção era dotar o país de uma base de geração nuclear, estratégica ou energética.

A história da energia nuclear no Brasil pode ser dividida em três fases: nacionalista, de1949 a 1954; diplomática, de 1955 a 1974 e de desenvolvimento, de 1975 a atual.

A fase nacionalista inicia-se no período pós-guerra, quando os EUA desejavam monopolizar a tecnologia e reservas nucleares ocidentais e também impedir a difusão da metodologia de fabricação da bomba nuclear.

Nesse período o Brasil já exportava areia monazítica rica em tório para os EUA, mas ainda não de urânio e o Almirante Álvaro Alberto Motta Silva, movido pelo nacionalismo, tentou trazer a tecnologia nuclear (pacífica) ao país, tendo, a seguir, se tornado o representante do Brasil na Comissão de Energia Atômica da ONU.

Na era diplomática, em 1956, com a posse de Juscelino Kubitschek na Presidência da República, foi criado o Instituto de Energia Atômica (IEA) na USP, posteriormente denominado Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e a Comissão de Energia Nuclear (CNEN), órgãos diretamente subordinados ao Governo Federal, para executar a política nuclear nacional.

Em 1965 entrou em operação o reator de pesquisas Argonauta, equipado com componentes nacionais e desenvolvido pelo Instituto de Energia Nuclear (IEN).

Simultaneamente EUA, França e Alemanha iniciavam o uso nuclear para geração de eletricidade, marcando uma era de grandes investimentos.

Em 1967 o Brasil assinou o Tratado de Tlatelolco envolvendo países da América Latina, que se comprometeram a não utilizar a energia nuclear para fins bélicos.

Nesse mesmo ano a CNEN, já atrelada ao Ministério das Minas e Energia (MME), firmou o acordo de construção da primeira central de geração núcleo-elétrica, a Usina Angra 1 a ser instalada em Angra dos Reis, com capacidade de 657 MW; em 1970, a Westinghouse, subsidiária da General Electric, venceu a concorrência internacional de compra e iniciou-se também o processo de licenciamento.

Em 1972 o Brasil assinou um novo acordo com os EUA para importar urânio enriquecido em troca da exportação do minério e a usina entrou em operação comercialmente em 1985.

Em virtude da crise mundial de 1973, o uso de derivados do petróleo nas térmicas convencionais foi evitado e, somando-se ao elevado crescimento da demanda de eletricidade na região Centro-sul, a energia nuclear passou a ser considerada uma alternativa viável.

Em 1975, durante o governo Geisel, foi celebrado o Tratado Brasil-Alemanha chamado de Acordo sobre Cooperação para Uso Pacífico de Energia Nuclear, que

concretizou a aquisição das usinas Angra 2 e 3 da empresa alemã Kraftwerk Union AG-KWU, subsidiária da Siemens.

As obras civis de Angra 2, com capacidade elétrica de 1300 MW, foram iniciadas em 1976 com previsão de funcionamento em 1983 mas, devido a problemas de ordem financeira e política, foram paralisadas e somente retomadas em 1995 por meio de concorrência para montagem eletromecânica, entrando em operação em 2000.

O acordo com a Alemanha trouxe a criação de diversas empresas no âmbito do holding Nuclebrás e permitiu ao Brasil ter acesso à tecnologia de reatores PWR com capacidade de 1300 MW, além de possibilitar a capacitação industrial para construção de reatores, instalações e componentes e desenvolver a prospecção, o processamento, a produção, o enriquecimento isotópico do urânio e a produção de elementos combustíveis.

Este acordo encerrou a fase diplomática, quando foram criados os principais institutos de pesquisa e órgãos estatais para assuntos nucleares.

Inicia-se, então, a era do desenvolvimento dependente.

Em 1979 foi criado o Programa Nuclear Paralelo, desenvolvido pela Marinha e apoiado pelo IPEN/CNEN-SP. Por meio desse programa desenvolveu-se o protótipo de um submarino nuclear em instalações com ultracentrífugas para enriquecimento de urânio até 20% do isótopo 235.

O Programa Paralelo propôs o domínio do ciclo do combustível e incluía a construção de um pequeno reator nuclear nacional para produção de radioisótopos usados em tratamentos medicinais, indústrias e laboratórios científicos.

Em 1987 o Brasil declarou seu domínio no enriquecimento do urânio e em 1988 extinguiu-se a Nuclebrás.

A Eletrobrás assumiu o controle de Angra 1 e do canteiro de obras de Angra 2 e Angra 3, sendo criada a Eletronuclear, ligada à CNEN, para administrar atividades em Angra, mas mantendo os acordos firmados com a Alemanha por meio da Siemens (PATTI, 2014;BERNAL et al 2008).

Angra 3, similar a Angra 2 e de igual capacidade, embora constasse no acordo original de 1975, ainda não foi construída pois suas obras, iniciadas em 1984, sofreram paralisações por falta de recursos financeiros.

Em 2014 houve nova tentativa do governo federal em dar continuidade à obra mas foi interrompida em 2015, na situação de apenas 60% realizada, devido à desistência das empreiteiras contratadas e cortes nos recursos da Eletronuclear.

Segundo o secretário-executivo do MME, Paulo Pedrosa, deverá ocorrer uma licitação para viabilizar a retomada do empreendimento em 2018, que prevê a finalização da obra em 2023 ou 2024.

Essa licitação visará contratar a construção dos 40% restantes da usina, sendo possíveis interessadas, empresas da China ou Rússia. Porém, Angra 3 continuará pertencendo a estatal Eletrobrás, visto que a Constituição proíbe empresas privadas de operarem plantas nucleares no Brasil (CANAL ENERGIA).

Em 2007, durante o governo do presidente Lula, foram retomadas e, a seguir, interrompidas novamente (UDAETA et al., 2008).

Atualmente, o Brasil domina o ciclo de combustível dos reatores nucleares de pesquisa e a tecnologia dos reatores de potência (IPEN 2016).

E a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), resultante das subsidiárias da Nuclebrás, está em vias de industrialização nuclear (FGV 2016).

São 4 os reatores de pesquisa hoje no Brasil: IEA-R1, piscina aberta, 5 MW no IPEN, SP; IPR-R1, Triga, 250 KW no CDTN/CNEN, MG; Argonauta, argonauta, 500 W no IEN/CNEN, RJ e IPEN-MB 01 no IPEN, SP (IPEN 2016).

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