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Evolução e comparação entre os grupos combinado e aeróbio

No documento VIVIAN BERTONI XAVIER (páginas 40-65)

3. CASUÍSTICA E MÉTODO

4.2 Evolução e comparação entre os grupos combinado e aeróbio

A avaliação (pré-protocolo) e reavaliação (pós-protocolo) dos 40 pacientes acompanhados neste estudo considerou a espirometria, mensuração da força

respiratória máxima representada pela Pimáx e Pemáx, pico de fluxo e TC6´, havendo a tabulação das variáveis de cada teste em um conjunto de dados.

Quanto à espirometria na Tab. 4 foram incluídos os valores percentuais em relação aos valores alcançados de CVF, VEF1, FEF25-75%, razão entre VEF1/CVF e entre FEF25-75%/CVF considerando a comparação de cada paciente com ele mesmo entre os momentos de avaliação e reavaliação, sendo apresentada na tabela a evolução dos exames intra grupo, demonstrando a significância entre os momentos de pré e pós-protocolo e a comparação dos valores pós-protocolo entre os grupos combinado e aeróbio.

TABELA 4. Análise das variáveis espirométricas comparando o período pré e pós-protocolo com evolução intra grupo combinado (n= 20) e aeróbio (n= 20) e a significância do momento de reavaliação entre grupos (entre grupos).

variáveis grupos média(DP) p (intra grupo) p (entre grupos)

CVF (%) combinado pré 90,40(17,67) 0,003* 0,366* pós 99,35(17,86) aeróbio pré 89,65(14,20) 0,021** pós 94,15(18,10) VEF1 (%) combinado pré 82,55(21,55) 0,002* 0,287* pós 95,65(17,67) aeróbio pré 85,10(18,99) 0,090** pós 89,25(19,72) FEF25-75% (%) combinado pré 73,15(33,29) 0,003* 0,036* pós 98,20(19,13) aeróbio pré 78,50(27,81) 0,083* pós 84,05(21,96) VEF1/CVF (%) combinado pré 86,90(12,82) 0,007** 0,031* pós 96,25(6,41) aeróbio pré 89,95(10,72) 0,245* pós 91,15(7,92) FEF 25-75%/CVF (%) combinado pré 80,30(28,08) 0,001* 0,006* pós 105,30(18,96) aeróbio pré 81,05(20,55) 0,055** pós 89,15(16,21)

Legenda: DP= desvio padrão; CVF= capacidade vital forçada; VEF1= volume expiratório forçado no primeiro segundo; FEF= fluxo expiratório forçado; *= T-Test,

**

= teste Wilcoxon.

Podemos assim observar o incremento significante após o protocolo combinado de todos os valores espirométricos mostrando a evolução intra grupo. No aeróbio observamos aumento significante somente para a porcentagem da CVF. Quanto a comparação entre grupos observamos superioridade de resposta para o grupo combinado com significância para FEF25-75%, relação VEF1/CVF e FEF 25-75%/CVF.

Quanto a evolução da Pimáx intra grupo no combinado, encontramos aumento significativamente com p= 0,000 (Wilcoxon), com média pré-protocolo de 42,20cmH2O(DP10,26) e pós de 49,00cmH2O(DP9,26). No grupo aeróbio observamos média de 44,40cmH2O(DP12,37) no pré e 47,00cmH2O(DP8,40) no pós com p= 0,085.

Considerando a DIF relativa na comparação da Pimáx não houve diferença estatisticamente significante, porém observamos incremento de 18,04% no combinado contra aumento de 9,87% no aeróbio, com p de 0,056, não havendo assim, superioridade, nesse estudo, de um tipo de protocolo sobre o outro (Fig. 3).

FIGURA 3. Boxplot da variação percentual da Pimáx nos grupos combinado e aeróbio após a reavaliação dos pacientes incluídos neste estudo.

Quanto a evolução da Pemáx no grupo combinado houve aumento com p< 0,001 comparando as médias de 64,40cmH2O(DP10,78) no pré-protocolo e 78,80cmH2O(DP11,69) no pós. No grupo aeróbio a média pré foi de 66,60cmH2O(DP12,78) e de 74,50cmH2O(DP17,03) no pós-protocolo com p de 0,358.

Na comparação da Pemáx entre os dois grupos pós-protocolo entre o grupo combinado e aeróbio não houve significância com p de 0,358. Considerando a comparação da Pemáx com a DIF relativa não houve diferença estatisticamente significante, apesar do incremento de 23,46% no grupo combinado contra 13,93% no aeróbio com p de 0,149.

Quanto ao pico de fluxo foi observado média de 324,00l/min(DP43,94) no pré e de 400,00l/min(DP27,91) no pós, com aumento estatisticamente significante após o protocolo com p* de 0,000 no grupo combinado. No aeróbio a média pré foi de 333,00l/min(DP42,43) e no pós de 376,50l/min(DP32,81) com aumento significante (p* de 0,000) também na evolução do grupo aeróbio.

Na comparação entre grupos para o pico de fluxo houve um p de 0,019 demonstrando maior aumento dessa medida no grupo combinado. Assim como na análise da DIF percentual entre os grupos que demonstrou aumento de 25,80% no combinado contra 19,93% no aeróbio com p= 0,038 (Fig. 4).

FIGURA 4. Boxplot da variação percentual do pico de fluxonos grupos combinado e aeróbio após a reavaliação.

Quanto ao TC6’ as médias e o desvio padrão após a execução do teste nos momentos pré e pós-protocolo com a evolução intra grupo e a comparação entre o grupo combinado e aeróbio com significância entre grupos foram listadas na Tab. 5.

TABELA 5. Variáveis do TC6’ apresentação entre os momentos pré e pós-protocolo no grupo combinado e aeróbio, com a significância na comparação intra e entre grupos.

variáveis grupos média(DP) p (intra grupo) p (entre grupos)

PAS (mmHg) combinado pré 118,00(8,33) 0,739* 0,018 pós 117,50(4,44) aeróbio pré 121,00(7,88) 1,000* pós 121,00(4,47) PAD (mmHg) combinado pré 79,50(7,60) 0,480* 0,034 pós 78,50(3,66) aeróbio pré 81,50(7,45) 1,000* pós 81,50(4,89) frequência cardíaca (bpm) combinado pré 122,05(8,24) 0,001* 0,026 pós 115,00(4,51) aeróbio pré 122,20(9,22) 0,038 pós 118,10(3,90) frequência respiratória (ipm) combinado pré 25,00(3,64) 0,001* 0,010 pós 21,20(2,37) aeróbio pré 24,90(3,58) 0,061* pós 23,70(3,38) saturação periférica (%) combinado pré 96,70(1,08) 0,000* 0,843 pós 97,85(0,81) aeróbio pré 96,90(0,72) 0,000* pós 97,80(0,77)

Legenda: PAS= pressão arterial sistólica; PAD= pressão arterial diastólica; SpO2= saturação periférica de oxigênio; *= teste Wilcoxon.

Fonte: Departamento de Ortopedia e Traumatologia - ISCMSP

A pontuação média para a escala de Borg foi de 5,95(DP1,15) no momento pré e de 3,50(DP0,89) no pós-protocolo para o grupo combinado com p* de 0,000. O

aeróbio pontuou, respectivamente, com média de 6,30(DP1,17) e 5,00(DP1,33) com p* de 0,001. Assim foi observada a diminuição na pontuação da escala de Borg nos dois protocolos.

Na comparação entre os momentos de reavaliação dos dois grupos houve significância (p< 0,000) denotando o menor esforço percebido (pontuação na escala de Borg) pelo grupo combinado após o treinamento.

O mesmo comportamento pode ser observado na comparação entre grupos na DIF relativa havendo p< 0,001 demonstrando diminuição mais evidente dessa pontuação no grupo combinado (Fig. 5).

FIGURA 5. Boxplot da variação percentual da pontuação da escala de Borg nos grupos combinado e aeróbio após realização dos protocolos de treinamento.

Para a distância percorrida no TC6’ observamos que o grupo combinado apresentou média pré-protocolo de 406,20metros(DP26,14) contra 523,70metros(DP31,87) no pós com p de 0,000. Já o grupo aeróbio apresentou média de 405,80 metros(DP28,89) no pré e 501,35 metros(DP29,90) no pós com p= 0,000.

Os dois grupos na comparação intra, considerando a evolução individual, apresentaram aumento na distância percorrida no TC6’. Porém, houve significância com p= 0,028 na comparação entre grupos evidenciando maior distância percorrida pelo grupo combinado após o protocolo de treinamento. Assim como observado na comparação entre a DIF relativa entre a distância percorrida após o protocolo com p= 0,040 evidenciando o maior aumento para o grupo combinado (Fig. 6).

FIGURA 6. Boxplot da variação percentual da distância percorrida no TC6´entre os grupos combinado e aeróbio após o término do protocolo de tratamento.

Em nosso estudo, pacientes com EIA e indicação para correção cirúrgica da deformidade vertebral apresentaram resposta positiva após realizarem treinamento combinado e aeróbio representada pelo aumento de volumes pulmonares e distância percorrida no teste da caminhada, após a aplicação de dois protocolos sistematizados de treino com a superioridade, na amostra estudada, do grupo que realizou o exercício combinado.

Esse é o primeiro estudo, em nosso conhecimento, que objetivou verificar as diferenças de resposta nos pacientes com EIA, entre a modalidade combinada e aeróbia, avaliando a função respiratória, com utilização da espirometria, pressões respiratórias máximas, pico de fluxo e capacidade funcional dada pelo TC6’ e apresentou nova possibilidade terapêutica no tratamento da inabilidade física vinculada a EIA.

A motivação para esse estudo derivou das perguntas originadas em nossa linha de pesquisa. Sabemos que durante o exercício, há uma resposta natural com aumento da atividade cardíaca e diminuição da resistência vascular periférica e que esses efeitos agudos, podem gerar benefícios após período sustentado de treinamento(3,21).

Nos pacientes com EIA que realizam treino aeróbio observamos, ao longo do desenvolvimento de nossa linha de pesquisa, limitação ventilatória durante a realização do treinamento com a pontuação mais alta na escala de Borg durante o exercício, o que não o inviabiliza(3,21). Estudos tem demonstrado que essa limitação pode ser atenuada na modalidade combinada, seguindo exemplo de protocolos realizados em pacientes com doenças pulmonares e cardíacas(25,28). Observamos em nosso estudo resultados similares em pacientes com EIA.

Sabemos hoje, que a atividade física é um hábito saudável(56) que possuí papel protetor e preventivo no curso de diversas doenças agudas e crônicas. Nesta última, os pacientes com doenças cardíaca e pulmonar são os que mais têm sido estudados e nos quais o efeito benéfico do exercício tem ampliado as possibilidades de tratamento conservador(24-26).

A avaliação da capacidade respiratória durante as duas últimas décadas, ganhou o status de preditor de aptidão física(31,32), aumentando a necessidade de estudarmos os pacientes com EIA que podem apresentar a espirometria normal mas possuem baixa capacidade respiratória e física sem causa etiológica definida(5,8,10,16,39,40), constatada também em nossa amostra.

Desconhecemos na literatura trabalhos que correlacionam diretamente a capacidade funcional com morbidade na EIA. Porém considerando a dispneia e o procedimento ao qual esses pacientes são submetidos, há justificativa para inclui-los em programas de treinamento individualizado como realizado em nosso estudo. Nossa linha de pesquisa pode inclusive desenhar um estudo longitudinal sobre a história natural da doença nos pacientes submetidos ao treinamento e observar a morbidade(1-10).

Assim, nossa pesquisa mostra a abordagem para o tratamento com exercício físico nessa população, focado na queixa de inabilidade, dispneia e sedentarismo que alteram a qualidade de vida dos pacientes(38,57).

Ainda é comum que encontremos escassez de estudos sobre as respostas ventilatórias e metabólicas ao treinamento e a avaliação da performance física nos pacientes com EIA(58,59). Assim a evolução das modalidades terapêuticas focadas no condicionamento, como realizado em nossa pesquisa, ainda é uma linha incipiente.

O estudo do nível da aptidão física e seus desdobramentos na história natural da EIA vem aumentando, assim como o interesse crescente da análise do impacto do sedentarismo em populações de crianças e adolescentes saudáveis e doentes. Esses estudos epidemiológicos da população jovem saudável tem objetivado o acompanhamento da incidência e prevalência de doenças como a diabetes e a hipertensão em associação a diminuição da atividade física na fase infantil(60-62).

Ferrari et al(60) comparam as mudanças na aptidão cardiorrespiratória em crianças saudáveis de 10 a 11 anos. As avaliações sequenciais, realizadas em um novo grupo a cada 10 anos, mostram que houve diminuição significante da aptidão cardiorrespiratória em escolares eutróficos e é maior nos indivíduos do gênero feminino.

Essa afirmação ganha contexto na EIA, quando observamos que a maior parte da população com essa deformidade vertebral é constituída de indivíduos do gênero feminino(1,3,5,6,14,15). Nossa amostra, apesar de incluir pacientes com média de idade superior ao estudo de Ferrari et al(60), apresentou nos dois grupos estudados maior prevalência de meninas eutróficas e com menor aptidão física observada indiretamente pela maior pontuação na escala de Borg e maior frequência cardíaca após o TC6’.

A preocupação com o treinamento físico específico dos pacientes com EIA vem dos relatos de decréscimo da aptidão física em jovens com deformidade vertebral acima de 25º(42). Esses seguem, proporcionalmente maiores, com a inclusão nos estudos de pacientes com graus de curvatura acima de 40(13-15), porém a origem da incapacidade continua incerta e encontra diversas explicações controversas.

Uma delas, é apoiada por Chong et al(19), que buscam associações para compreender qual é o papel da curvatura acentuada da coluna vertebral na aptidão física em pacientes com escoliose. Em seu estudo, os pesquisadores foram pioneiros ao incluir testes funcionais para avaliação e vinculam, já em 1981, a menor capacidade aeróbia a inatividade física nesses pacientes, constituindo assim o ciclo vicioso, em que a deformidade gera a indicação de menor atividade física e a menor atividade, o sedentarismo e maior incapacidade.

Essa máxima ganha força com a associação do maior grau de curvatura ao menor condicionamento e encontra apoio em Kesten et al(16), que conectam a menor capacidade aeróbia na EIA por conta da VO2 máxima diminuída nesses pacientes, o que limita e motiva a menor produção de trabalho físico, porém, não elucida a etiologia do processo.

Nosso estudo não buscou verificar associação causal entre o ângulo da curvatura vertebral com a capacidade aeróbia em testes de esforço submáximo ou máximo, porém podemos especular se a questão da inabilidade física na EIA não encontra amparo na etiologia da doença a partir de alguns de nossos achados.

O que fazemos então com o paciente que é jovem, sedentário, apresenta mais que 45 graus de curvatura vertebral e com indicação de tratamento cirúrgico da deformidade?

A abordagem de nossa intervenção foi tratar esses pacientes com atividade física sistematizada em dois protocolos que foram práticos e não geraram efeitos adversos na amostra estudada observando se houve diferença entre eles.

O protocolo aeróbio já possui a vantagem de ser realizado em ambiente convencional de um ambulatório de fisioterapia cardiorrespiratória, com atendimento supervisionado e equipamentos que não diferem dos utilizados na prática clínica,

tendo potencial para melhorar a capacidade física dos pacientes com EIA, que aguardam cirurgia para correção da deformidade vertebral(3), assim como observado em nossos resultados com o grupo submetido ao treino aeróbio mesmo com um período de treinamento menor, de em média três meses, quando comparado aos quatro meses de treinamento de Alves el al(3).

Já o protocolo combinado, possui a mesma praticidade para execução em ambiente de fisioterapia ambulatorial supervisionada(24-26) e mostrou-se, em nossos achados, ainda mais positivo quando comparado ao aeróbio na EIA, provavelmente explicada pelo treino muscular de potência e resistência proporcionado pelo modelo combinado.

A preocupação com o treinamento dessa população específica, também está associada em estudos, que analisam a PFP em pacientes não treinados e que são submetidos a intervenção cirúrgica para correção da deformidade. Neles os volumes e capacidades levam até dois anos para retornarem a valores comparáveis aos alcançados nos exames pré-operatórios(2,63,64). Em nossa linha de pesquisa, já observamos que podemos maximizar esse tempo de retorno da PFP após o treinamento aeróbio reduzindo em seis meses o retorno da capacidade respiratória considerando a PFP avaliada após treinamento físico antes da cirurgia(21).

Nosso estudo não avaliou pacientes comparando o período antes e após a intervenção cirúrgica porém a amostra incluída apresenta essa indicação de tratamento. Especulamos que o treinamento pré-operatório então deve ser investigado, pois pode influenciar a evolução da espirometria, entre outros desfechos, no acompanhamento pós-operatório(64).

Em estudo longitudinal conduzido por Alves et al(64) que acompanhou a evolução ao longo de um ano de dois grupos de 25 pacientes com EIA um

submetido a treino pré-operatório e outro não, após a mesma técnica cirúrgica de correção da deformidade vertebral, observou que os pacientes treinados, apresentaram melhor capacidade física e menor tempo de recuperação.

Nosso estudo limitou-se a acompanhar os pacientes no momento pré-operatório, porém a observação feita por Alves et al(64), nos motiva a continuar acompanhando esse grupo de pacientes, em um novo ensaio que analise a capacidade funcional, com as mesmas avaliações de nosso protocolo, em diversos momentos após a cirurgia, para seguir seu desenvolvimento.

A PFP é um exame frequentemente utilizado na avaliação de rotina pré-cirúrgica e também para acompanhar a evolução dos volumes pulmonares em pacientes submetidos a programas de reabilitação(28,29,32,46). Assim, nosso estudo utilizou o teste para análise de volumes e capacidades dos pacientes com EIA que tipicamente são classificados na literatura(1,2,4-12), como doentes pulmonares restritivos.

Não realizamos a prova de função completa que classificaria os pacientes como doentes restritivos, obstrutivos ou mistos, porém essa limitação, possivelmente não alteraria nossos achados, já que não objetivamos modificar a classificação do distúrbio respiratório com o treinamento e é sabido que os volumes podem se alterar com o treino respeitando o limite de ação do exercício, ou seja, o exercício não interfere em causas intrínsecas nas doenças pulmonares(40).

Utilizamos assim a espirometria como forma de medida, com um mesmo avaliador, sob mesmas condições, respeitando as normas e padronização para o teste(46,47) no momento da avaliação e da reavaliação de todos os pacientes incluídos(45), para acompanhar a evolução dos dois grupos.

Faz-se importante ressaltar ainda, que a população que formou os grupos analisados, apresentou perfil antropométrico classificado como normolíneo e eutrófico de acordo com a média populacional brasileira para a faixa etária estudada(46,47).

Diferente de alguns estudos(6,10,35,40,65) que especulam que os pacientes com EIA tem menor quantidade de massa magra e consequentemente menos capacidade funcional, corroboramos com a hipótese da menor capacidade física observada, por exemplo, pela menor distância percorrida no TC6’, porém só avaliamos em nosso estudo o IMC, assim não podemos inferir peculiaridades de distribuição de massa na nossa amostra antes ou após o treinamento.

A preocupação com a presença da doença pulmonar ou com a diminuição dos volumes na EIA é comumente direcionada para análise da CVF(8,20). Nosso estudo observou que após o treinamento esse parâmetro ventilatório foi o único que aumentou significativamente, tanto no grupo combinado quanto no aeróbio.

Creditamos esse fato, nos dois protocolos, ao maior condicionamento cardiopulmonar após a execução do período de treinamento com a quebra do ciclo da inatividade, havendo diversos autores que citam esse efeito benéfico do treinamento sobre a CVF(3,15,20,21).

O comportamento da VEF1 é relacionado com a presença de obstrução em vias aéreas de menor calibre e normalmente caracteriza obstrução ao fluxo aéreo(46,47). Em nosso estudo, a VEF1 aumentou significativamente na evolução intra grupo com o treino combinado, não havendo diferença significativa na comparação entre combinado e aeróbio.

Para amparar esses achados, precisamos contextualizar na EIA que a preocupação com o acompanhamento desse item na espirometria vem em uma

crescente a partir de estudos que remontam a análise em três dimensões no complexo torácico(1,2,36-38).

Kotani et al(36) relatam a diferença na cinemática da respiração na EIA em estudo com a análise de ressonância magnética. A sobreposição de imagens do movimento inspiratório e expiratório revela anormalidade para os movimentos da caixa torácica. Assim, o incremento da VEF1 em nossa amostra, pode ser creditado indiretamente à alteração da cinética após o treinamento, porém não realizamos a análise de imagens de ressonância para afirmar essa hipótese.

McPhail et al(41) estudando 176 pacientes com EIA e deformidade vertebral maior que 40 graus observam que a diminuição da VEF1 abaixo de 80% do predito é menos comum na EIA, porém a relação entre a VEF1/CVF, pode refletir melhor a compressão das vias intratorácicas e se relacionar à constrição evidenciada pela VEF1.

Tendo em vista o aumento da CVF nos dois grupos estudados em nossa pesquisa, esperávamos o incremento proporcional da VEF1, que foi observado em nossos resultados. Não houve, porém significância estatística, no grupo que realizou o treino aeróbio, assim como observado no comportamento da relação da VEF1/CVF. Na medida da relação, a significância foi entre a comparação de grupos com o combinado evidenciando incremento superior ao aeróbio nessa pesquisa.

A análise da FEF25-75% e a da relação entre a FEF25-75%/CVF apontaram aumento significante entre a avaliação e reavaliação no grupo combinado e na comparação entre eles. Esse achado pode ser relacionado indiretamente ao incremento de força muscular proporcionado pelos exercícios resistidos incluídos na modalidade combinada, principalmente aqueles que exercitaram especificamente a musculatura da cintura escapular(32-34). Porém, como não há normalização de testes

de força com a criação de valores preditos, só podemos inferir essa melhora com a avaliação dada pela espirometria.

O incremento de força pode se traduzir por um menor tempo de ativação para resposta muscular(1,46,48), o que pode potencializar a medida do fluxo no intervalo avaliado na FEF25-75% durante o teste espirométrico na expiração dos pacientes incluídos na amostra estudada.

A mesma linha de raciocínio, que não pode quantificar o ganho exato de força mas inferir esse resultado ao treino combinado(32-34) foi apoiada pela medida das pressões respiratórias mensuradas pela Pimáx e Pemáx nesse estudo. A evolução significativa do grupo combinado na comparação pré e pós-protocolo mostrou incremento na força não havendo porém diferença estatística entre o aeróbio e o combinado para a Pemáx.

Já o pico de fluxo aumentou na evolução dos dois grupos estudados e na comparação evidenciou maior incremento para o grupo combinado. Esse resultado ampara a hipótese de maior condicionamento e consequentemente velocidade de contração para o gesto expiratório(3,20,28,48).

As alterações na função respiratória na EIA parecem estar ligadas a torção da caixa torácica originada pela deformidade vertebral mas não necessariamente ligada a ela(1-13). Apesar de não propormos o tratamento direto dessa alteração do complexo torácico, observamos nessa pesquisa, que se submetermos os pacientes com EIA à reabilitação com exercício geramos condicionamento, alcançamos aumento dos volumes e capacidades pulmonares e da força muscular respiratória.

A melhora na função respiratória pode ser notada também na avaliação da capacidade funcional através da análise do TC6´(48,51,52). Em nossa pesquisa houve

a queda significativa da PAS, PAD, FC e f e o aumento da distância percorrida na comparação entre os grupos combinado e aeróbio com superioridade do primeiro.

As alterações na pressão arterial são tipicamente resposta do

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