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Evolução textural dos padrões de transformação magnetita-hematita do QF

CAPÍTULO 7. DISCUSSÃO

7.4. Evolução textural dos padrões de transformação magnetita-hematita do QF

Partindo-se de um agregado hipotético de magnetita que sofresse progressivamente a atuação da deformação e dos processos de oxidação, bem como da evolução real desses cristais descritos nos estudos de casos anteriores, propôs-se a evolução textural dos padrões de transformação de magnetita para hematita nas formações ferríferas bandadas do QF. Para isso, construíram-se os esquemas ilustrativos, apresentados na figura 7.4, através de etapas, da evolução cristalográfica e morfológica da magnetita e da hematita. Essa evolução apresentada em fases delimitadas não descarta a possibilidade de que processos descritos separados ocorram concomitantemente, nem mesmo de que algumas etapas sejam suprimidas ou inatingidas.

Etapa A: o agregado caracteriza-se pela presença de grãos de magnetita distribuídos sem orientação cristalográfica preferencial, compondo bandas ricas em óxido de ferro. Inicialmente, apenas a magnetita é existente, não sendo descrita nenhuma ocorrência de hematita tendo em vista que o retículo cristalino continua intacto. Ao se descrever a figura de polo hipotética de um grão, observam-se os quatro planos octaédricos representados, enquanto não há nenhum polo de plano basal descrito, em virtude da ausência de hematita. Essa etapa seria compatível aos momentos iniciais de uma rocha descrita nos estudos texturais do caso 1.

Etapa B: ainda existem os grãos de magnetita, porém o processo de oxidação inicia-se com a geração de cristais de hematita orientados segundo os planos octaédricos da magnetita. Ao se descrever o agregado como um todo, não se observa orientação cristalográfica preferencial de nenhum dos planos, seja o octaédrico da magnetita ou o basal da hematita. Isso porque o agregado inicial, sendo isotrópico, continua conferindo ao agregado evoluído a partir dele esse caráter.

Contribuições
às
Ciências
da
Terra
–
Série
M,
vol.
277,
81p.,
2009


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Figura 7.4: Esquema representativo da evolução textural dos padrões de transformação do sistema magnetita-hematita para as formações ferríferas bandadas do QF. Em branco os cristais de quartzo, em cinza as palhetas de hematita e hachurados os grãos de magnetita. Notar que o plano da foliação é coincidente ao plano marcado pelo eixo X das figuras de polo. A) e B) compatíveis ao caso 1. C) Compatível aos casos 1 e 2. D) Compatível aos casos 2 e 3. E) Compatível ao caso 3 e F) compatível ao caso 4. Todos os casos foram descritos e discutidos respectivamente nos capítulos 6 e 7.

Porém se analisado um grão em processo de transformação, percebe-se a formação das direções de coincidência e de orientações preferencias, marcadas nas figuras de polos pelas setas. Observa-se, portanto, que um dos planos octaédricos da magnetita coincide com os polos dos planos basais da hematita, originada a partir da transformação de fases. Essa etapa seria compatível aos momentos finais de uma rocha descrita nos estudos texturais do caso 1.

Barbosa,
P.F.
Caracterização
microestrutural
e
textural
de
agregados
de
magnetita
do
Quadrilátero
Ferrífero


74

Etapa C: a deformação a partir de agora passa atuar não só no processo de oxidação dos grãos de magnetita, que ainda persistem, mas também no desenvolvimento de uma foliação tectônica. Devido à facilidade das hematitas deslizarem ao longo de planos cristalográficos preferenciais, seus grãos alinham- se segundo a direção de fluxo, dando inicio à formação de uma foliação ainda incipiente que é descrita na rocha. Assim, quando analisados em conjunto, observa-se que a orientação dos polos dos planos basais dos cristais de hematita coincidem tanto com um dos planos octaédricos do grão de magnetita (marcado pela seta preta) quanto com a direção da foliação tectônica. É portanto, um estágio intermediário, que seria compatível aos momentos iniciais de uma rocha descrita nos estudos texturais do caso 2 e finais do caso 1. Etapa D: os grãos de magnetita começam a perder a morfologia inicial, tendo em vista o crescente processo de transformação. A hematita já se encontra fortemente controlada pela foliação pervasiva, contornando os grãos de magnetita, sofrendo portanto deflexão. A deformação progressiva atua na orientação não só dos cristais tabulares de hematita, mas também nos cristais de magnetita, que já tendem a se alinhar segundo a foliação. A rotação de corpo provoca a alteração da orientação cristalográfica dos cristais de magnetita. Dessa forma, a coincidência dos planos octaédricos da magnetita e dos polos dos planos basais da hematita persistem, sendo que os grãos de magnetita também tendem a alinhar seu plano de maior anisotropia segundo a foliação. Trata-se assim de um estágio final, compatível aos momentos finais de uma rocha descrita nos estudos texturais do caso 3 e finais do caso 2.

Etapa E: os grãos de magnetita são agora relíquitos dispersos na foliação pervasiva composta predominantemente por palhetas de hematita fortemente orientadas segundo a foliação tectônica. Assim sendo, não se nota mais a coincidência de planos cristalográficos entre hematita e magnetita, sendo controladas pela deformação imposta. É possível fazer uma comparação dessa etapa àquela descrita nos estudos texturais do caso 3.

Etapa F: nessa etapa, a blastese é responsável pelo aparecimento de novos cristais de magnetita que crescem sobre a foliação tectônica já desenvolvida, sem causar nenhum tipo de perturbação da mesma. São cristais euédricos e bem formados que exibem os mesmos processos de oxidação descritos ainda nos grãos da Etapa A. Não há portanto nenhuma relação cristalográfica entre os planos octaédricos dos blastos de magnetita e dos polos dos planos basais da hematita pertencente à foliação tectônica. Essa etapa caracterizaria essencialmente os estudos texturais do caso 4.