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Exército dos Estados Unidos da América

I.3. Modelos comparativos de sistemas de apoio logístico

I.3.6. Exército dos Estados Unidos da América

Apesar das comparações serem pouco atractivas pela diferença de potencial em qualquer área, a influência da doutrina e procedimentos empregues pelos EUA, principalmente nos países que integram a OTAN, é inegável.

O Exército Americano, conceptualmente, segue uma doutrina de forças endivisionadas, no entanto, a tendência de evolução das suas forças, tornando-as mais ligeiras e flexíveis, levará a uma adequação da doutrina a essa nova realidade. Essas forças garantirão rapidez na projecção e adaptação a um maior espectro de missões, tais como: a cooperação militar em tempo de paz, as operações de resposta a crise e as operações de alta intensidade, permitindo uma melhor adaptação para fazer face às novas ameaças47 e uma maior facilidade de sustentação.

A “Joint Vision 2020” apresenta-nos uma nova arquitectura de comando e controlo, passando de uma estrutura hierarquizada e rígida para uma base de “Unidades de Acção” ou “Unidades de Empenhamento”, que de uma forma modular possam constituir unidades adequadas ao estudo efectuado da missão a cumprir e tendo como base elevada tecnologia. Neste

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processo de modernização surgiu o conceito de Interim Brigade Combate Team (IBCT)48 equipadas com a viatura Stryker, o que resultou na designação mais “popular” de Stryker Brigade Combate Team (SBCT).

Sendo possível a comparação às brigadas do SFN, em particular à BrigInt, será feita uma abordagem, necessariamente resumida, do apoio logístico previsto para esta força (FM 3-21-31, 2003, Cap 11), não podendo deixar de se ter presente a diferença tecnológica e a capacidade dos seus sistemas de informação.

A necessidade de rápida projecção teve como consequência o aligeiramento desta força e a diminuição dos seus níveis de auto sustentação. A sua orgânica passou a incluir um Brigade Support Battalion (BSB)49 muito ligeiro e níveis de sustentação para 72 horas, deixando as suas subunidades de possuir unidades de apoio logístico. Para operações de alta intensidade, poderá ser integrada numa Divisão ou Corpo de Exército e receber mais meios logísticos (ver anexo J – -Estrutura orgânica da SBCT).

O BSB, bem mais ligeiro do que o BApSvc de uma brigada independente como a BMI50, ou o BApSvcAv do DISCOM numa estrutura Divisionária, é constituído por: comando; companhia de distribuição; companhia de manutenção; companhia sanitária e poderá ser reforçado com uma companhia de apoio logístico multi-funcional (ver anexo K – Estrutura orgânica do Batalhão de Apoio logístico/SBCT).

Neste conceito de apoio destaca-se a limitada capacidade de armazenagem, o que obriga à diminuição dos níveis orgânicos, sendo de salientar a necessidade de garantir o fornecimento de água (classe IW)51 e combustíveis (classe III) no próprio TO. A sua capacidade de transporte está organizada de modo a garantir a adequada e rápida distribuição dos abastecimentos necessários à Brigada.

Ao nível da manutenção, o conceito de emprego passa pelo apoio o mais à frente possível, existindo 5 equipas de contacto na CMan, tendo uma capacidade muito limitada de manutenção na área do apoio logístico da brigada.

Não sendo aceitável, pela opinião pública, um grande número de baixas52 em operações, o apoio sanitário é mais orientado para a prevenção, tratamento da doença e ferimentos não

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Brigada de transição. 49

Batalhão de Apoio Logístico (BApLog), “Logístico” e não “de serviços”, pois não inclui o apoio de pessoal e finanças.

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Efectivo de apenas 388 militares, no quadro orgânico proposto em 1992 para o BApSvc/BMI constava um efectivo de 743 militares.

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Capacidade de armazenar apenas 45000 litros. 52

Perdas resultantes directamente do combate ou ocorridas na ida ou regresso de uma missão de combate (O Exército na Guerra Subversiva, Administração e Logística, 1966, p. I-4).

devidos a combate, sendo também dada especial atenção às questões psicológicas. Este apoio terá que ser garantido com elevados padrões de qualidade, o mais próximo possível das unidades empenhadas53 e a evacuação terá que ser extremamente eficaz.

I.3.7. Síntese conclusiva

Dos exemplos apresentados, são identificados alguns aspectos comuns, os quais poderão indicar uma tendência de evolução no conceito de apoio de serviços, que acompanha as novas realidades do emprego de forças e as tendências que tornam a actividade militar mais próxima da realidade social, em que se ambicionam melhores resultados com menores custos, sejam eles financeiros, em pessoal ou material.

As unidades tendem a ser mais ligeiras, ágeis e flexíveis, facilitando a projecção em detrimento da defesa do TN, passando alguns exércitos de uma organização divisionária para uma perspectiva de emprego de brigadas. Consequentemente, a logística, pelo peso que impõe às operações militares, terá que assumir a responsabilidade de, não só se remodelar e adaptar, mas também de se transformar. Constata-se uma tendência para a centralização, essencialmente ao nível dos comandos superiores, um incremento da modularidade e uma flexibilização nas relações de comando que facilitem a constituição e emprego dos meios no apoio de serviços.

As alterações, ou evoluções de mentalidades, são assim primordiais quando se pretende implementar sistemas e procedimentos que rompam com o que está historicamente enraizado, por mais pequena que essa história seja.

Salientam-se, apesar de serem a uma dimensão bastante superior à nacional, os modelos de Itália e Espanha, pela forma pragmática, flexível e, aparentemente eficaz, como foram introduzidos. Pela semelhança de dimensão e estrutura operacional, salienta-se o modelo da Holanda, constituindo-se como exemplo a ter em consideração.

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No contexto actual será difícil falar em frente de combate dada a característica de não linearidade dos teatros de operações modernos. No entanto, cada unidade escalão batalhão dispõe de um pelotão de apoio sanitário e as restantes subunidades uma secção.

II - BRIGADAS INDEPENDENTES VS BRIGADAS “ENDIVISIONADAS”; UMA SOLUÇÃO PARA O EXÉRCITO PORTUGUÊS

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