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EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL NA INTERNET

As excludentes de responsabilidades são aquelas em que ocorre o rompimento do nexo causal. Nesse sentido, apresentam-se a seguir as quatro situações, sendo elas a culpa exclusiva da vítima, culpa de terceiro, caso fortuito e força maior e por último, a cláusula de não indenizar.109

3.4.1 Culpa exclusiva da vítima

É a conduta culposa da vítima que determina o dano. Portanto, somente a culpa exclusiva da vítima que inibe o dever de indenizar, configurando a interrupção do nexo causal.110

Nesses termos, o causador do dano será isento de responsabilidade nos casos em que a vítima foi unicamente culpada, não ocorrendo qualquer nexo de causalidade quanto a ação e o dano causado.111

De outra forma, a culpa exclusiva da vítima apresenta-se no caso fático em que um indivíduo, ao conduzir seu automóvel em via pública, se depara com um sujeito que, a fim de suicidar-se, se atira sob as rodas do veículo em movimento. Nesse caso, não há cabimento do nexo causal entre o evento fático causado pelo motorista, uma vez que o grande e único causador foi o indivíduo suicida (vítima).112

3.4.2 Culpa de terceiro

108 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 9. ed. São Paulo:

Saraiva, 2014. 4 v. p. 48-49.

109 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Responsabilidade civil. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 4 v.

p. 55.

110 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Responsabilidade civil. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 4 v.

p. 55.

111 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: Responsabilidade civil. 25. ed. São Paulo:

Saraiva, 2011. 7 v. p. 130.

112 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito

Diferentemente da culpa exclusiva da vítima, aqui existe a figura de uma terceira pessoa além do agente causador do dano, e a vítima.113

Nesse mesmo contexto, Fábio Ulhoa dispõe o seguinte conceito:

Quando a culpa pelo evento danoso é de terceiro, desconstitui-se a relação de causa e efeito entre o prejuízo da vítima e o ato ou atividade do demandado. Neste caso de excludente, a vítima terá direito de promover a responsabilização do terceiro culpado.114

Sendo assim, quando o dano é ocasionado pela vítima em razão da consequência de ato realizado por terceiro, ela se isenta de responsabilidade.

Para melhor exemplificar, apresenta-se o exemplo de um atropelamento. Nessa ocasião, um indivíduo “A” vem a empurrar seu amigo “B” para o meio da rodovia, momento em que este é lançado fazendo com que um automóvel “C” o atropele, ocasionando-lhe a morte. Nessa hipótese, apesar de “C” ter ocasionado todo o evento danoso, este é isento de responsabilidades, não ocorrendo a relação de causalidade, uma vez que o grande culpado foi “A”, uma terceira pessoa que veio a causar todo o acidente.115

3.4.3 Caso fortuito e força maior

Considera-se caso fortuito quando se trata de evento imprevisível e, consequentemente, torna-se inevitável o seu acontecimento. Por outro lado, a força maior é configurada nos casos em que, ainda que seja previsível, torna-se inevitável por forças da natureza.116

Em sua obra, Maria Helena Diniz também descreve sobre as excludentes, senão vejamos:

[...] O caso fortuito e a força maior se caracterizam pela presença de dois requisitos: o objetivo, que se configura na inevitabilidade do evento, e o subjetivo, que é a ausência de culpa na produção do acontecimento. No

113 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Responsabilidade civil. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 4 v.

p. 65.

114 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: Obrigações. Responsabilidade civil. 3. ed. São

Paulo: Saraiva, 2009. 2 v. p. 391.

115 DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso didático de direito civil. 2. ed. São Paulo: Atlas,

2013. p. 411.

116 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. rev. atual. e ampl. São

caso fortuito e na força maior há sempre um acidente que produz prejuízo.117

Nesse sentido, ressalta-se que o caso fortuito é um acontecimento natural, ocorrida nas hipóteses de catástrofes da natureza, como o exemplo de raios, enchentes, terremotos, tsunamis, entre outros. Por outro lado, a força maior é um fato humano, ocorrido nos casos de atentado terrorista, guerras, furtos, roubos, desapropriações, e diversos outros fatores. Sendo assim, ambas se submeterão na ausência da formação de nexo de causalidade, excluindo, assim, a responsabilidade do agente.118

3.4.4 Cláusula de não indenizar

Constituída por uma previsão contratual, a cláusula de não indenizar exclui a responsabilidade da parte contratante.119

Em outras palavras, Carlos Roberto Gonçalves menciona sobre a cláusula de não indenizar.

É o acordo de vontades pelo qual se convenciona que determinada parte não será́ responsável por eventuais danos decorrentes de inexecução ou de execução inadequada do contrato. É o caso, por exemplo, do dono de garagem que declara, com a concordância do cliente, não se responsabilizar pelo desaparecimento de objetos deixados no veículo.120

No mesmo contexto, esta cláusula figura o inadimplemento de uma das partes do contrato, onde esta declara que não é responsável pelos possíveis danos causados. Igualmente, tal cláusula é bastante discutida no mundo jurídico em razão de divergentes linhas de entendimento, pois, muitos entendem que ela contraria o interesse social, motivo que se trataria de cláusula nula.121

117 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: Responsabilidade civil. 25. ed. São Paulo:

Saraiva, 2011. 7 v. p. 132.

118 DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso didático de direito civil. 2. ed. São Paulo: Atlas,

2013. p. 412-413.

119 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 4. ed. ver. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forence; São

Paulo: Método, 2014. p. 545.

120 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 662. 121 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Responsabilidade civil. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 4 v.

Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) trouxe, em seu artigo 25122, a vedação da cláusula que impossibilite, exonerando ou atenuando a

responsabilidade civil do fornecedor. Sendo assim, por prevalecer o princípio da vulnerabilidade do consumidor, considera-se abusa a cláusula que beneficie a parte economicamente mais avantajada, principalmente nos contratos em que houver a unilateralmente por parte do fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa modificar, sendo o chamado contrato de adesão.123

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