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2 SUBSÍDIOS DA TEORIA DEMOCRÁTICA REPRESENTATIVA PARA A

4.1 A INTERNET E AS MÍDIAS SOCIAIS UTILIZADAS EM BENEFÍCIO DA

4.2.1 Exclusão digital e exclusão social

A exclusão digital48 é um tema muito recorrente na sociedade do século XXI. Mas antes de se pensar em exclusão digital, foi necessário se ter em mente que ela faz parte de outra problemática, que é a exclusão social, ou seja, um direito humano não legalizado. Para a teoria tradicional dos Direitos Humanos a exclusão social não pode ser considerado um Direito Humano eis que não consagrado nos dogmas de uma legislação específica, diferentemente da teoria crítica, que busca analisar os Direitos Humanos dentro de um sistema macro, na busca de uma libertação para com o pensamento eurocêntrico e hegemônico.

A exclusão digital é tão discutida em tempos modernos, mas, na verdade, a exclusão social e os problemas que a sociedade enfrenta, como a fome, por exemplo, são muito maiores do que isto. Devido à proporção e importância da Internet e da necessidade de conhecimentos tecnológicos, essa passou a ser o problema central, mas na verdade o grande problema é outro e está na frente de todos há séculos. Ambas devem caminhar conjuntamente.

O que acontece de fato é que, hoje, a exclusão digital se tornou um problema tão grande quanto muitas das necessidades básicas do ser humano. Isso ocorre porque as tecnologias se colocaram na vida das pessoas de uma maneira que não se pode mais viver sem elas. Por causa disso, a necessidade de se ter um conhecimento básico sobre como manusear computadores, telefones móveis, Internet etc. se transformou em algo essencial para todos. Hoje, o conhecimento é a maior riqueza que uma nação pode ter. É através dele que as pessoas podem conseguir um emprego e consequentemente, ter uma situação de vida melhor. Mas grande parte desse conhecimento é adquirido, através das chamadas tecnologias de informação e comunicação, nas quais se incluem o computador e a Internet. É desse ponto que vem a necessidade de se combater a exclusão digital, que atinge tantas pessoas e termina por ampliar ainda mais a exclusão social, que já se faz tão presente no dia a dia dos brasileiros. [...] Combate à exclusão digital

48 “Portanto, na sociedade em rede, altamente tecnológica, surge uma nova desigualdade: a digital que

[...] no Brasil as causas da desigualdade digital são as mesmas que fazem do país um dos líderes no ranking mundial em termos de desigualdade social, concentração de renda e persistência do latifúndio, surgindo os excluídos digitais. Como a desigualdade social favorece a exclusão digital e, esta por sua vez reforça a desigualdade social, é preciso uma nova postura e um novo olhar por parte do governo para diminuir o quadro perverso da desigualdade brasileira” (GROSSI; COSTA; SANTOS, 2013, p. 71).

para tentar diminuir a exclusão digital, uma opção é transformá-la em política pública. A partir do momento que o governo assume a responsabilidade do combate à exclusão digital, as chances de a maioria da população ter acesso às tecnologias de informação e comunicação aumentam. Sem condições financeiras de manter um computador e uma conexão com a Internet dentro de casa, a parte mais pobre da população não tem como acessar a rede mundial de computadores. Por isso a presença do Estado é tão importante (DODT et al., 2010, p. 4).

Não se ignora que houveram melhorias na forma de distribuição do acesso à Internet, aumento de políticas públicas voltadas à inclusão de pessoas ao mundo virtual e nas taxas de crescimento dos usuários da rede mundial de computadores, principalmente pelo fato de a comunicação online estar cada vez menos restrita a plataformas únicas, acessível através de simples ou sofisticados dispositivos móveis (MEDEIROS, 2011, p. 6). Contudo, a exclusão digital (consequência da exclusão social) ainda atinge a maior parte da população mundial, especialmente nos países de terceiro mundo, local onde a Internet só poderá funcionar como um verdadeiro instrumento democrático a partir do momento em que tenham fim as restrições a seu acesso, eis que boa parcela da população não possui condições de acessá-la de forma particular.

A exclusão digital na maioria das vezes segue a mesma lógica da exclusão social. Os analfabetos digitais são geralmente pessoas pobres ou que vivem em lugares isolados. Neste cenário, transportar as discussões políticas para os ambientes virtuais significa excluir do debate aqueles que não possuem acesso a esse espaço (MAGRANI, 2014, p. 107).

Diminuir a exclusão social e, por consequência, a exclusão digital, oportunizando o acesso à rede mundial de computadores é de extrema importância, principalmente para a formação de redes e alianças sem fronteiras entre movimentos, lutas e organizações locais ou nacionais, para alertar e combater a exclusão social, a precarização do trabalho, o declínio das políticas públicas, a destruição do meio ambiente e da biodiversidade, o desemprego, as violações dos direitos humanos, as pandemias, os ódios interétnicos produzidos direta ou indiretamente pela globalização neoliberal (SANTOS, 2002b, p.13).

Neste sentido, Assumpção e Mori (2006, p. 10) afirmam que os programas de inclusão digital devem ser estabelecidos de forma que:

[...] a tecnologia seja utilizada na melhoria da qualidade de vida das pessoas, e não no aprendizado da informática isoladamente. Algumas sugestões neste

sentido são o uso da tecnologia para solução de problemas básicos: saúde, saneamento, meio ambiente; formação de redes cooperativas entre pessoas com o uso da tecnologia; produção e circulação de informações locais, como jornais e outros veículos de comunicação comunitários; registro e difusão da cultura local por meio das tecnologias, entre outros.

Além do mais, facilitar a utilização da Internet pode servir, inclusive, para que as vítimas de crimes (virtuais ou pessoais) denunciem, informem e achem os verdadeiros responsáveis pelas violações desses direitos humanos, utilizando-se dessa ferramenta como aliada.