• Nenhum resultado encontrado

Em cada estudo, caracterizado com um olhar do “berço ao túmulo”, os impac- tos ambientais foram analisados desde a aquisição de material e pré-processa- mento até o i m de vida. A partir de bancos de dados internacionais e estudos sobre o tema, foi aplicado o método Greenhouse Gas Protocol: Product Life Cycle Accounting and Reporting Standard* (GHG Protocol para Produtos)vi. Para a realização

dos cálculos da pegada de carbono utilizou-se o software Umberto NXT CO2, ferramenta que permite a mensuração das emissões de gases do efeito estufa a partir da modelagem de um processo produtivo e seu l uxo de material e energia.

EXECUÇ

2

* O GHG Protocol para Produtos é um método que auxilia a elaboração de estudos de pegada

de carbono de produtos, considerando as emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE) ao longo do ciclo de vida de um produto baseia-se nas diretrizes: ISO 14040:2006, Life Cycle Assessment: Principles and Framework; ISO 14044:2006, Life Cycle Assessment: Requirements and Guidelines; Publicly Available Specifi cation (PAS) 2050, Specifi cation for the assessment of the life cycle greenhouse gas emissions of goods and services.

80 81

A dei nição de três elementos fundamentais marca o início de um estudo de ciclo de vida: função, unidade funcional e l uxo de referência.

A função de um produto é o que rege todo seu ciclo de vida, pois inl uencia consideravelmente o consumo (etapa de uso). Para dei ni-la, é considerado o porquê da criação daquele produto, a qual propósito serve e quais suas características.

A unidade funcional reúne características de desempenho e serviços forne- cidos pelo produto, como: tempo para cumprimento de sua função e qualidade esperada. Já o l uxo de referência é a quantidade de produto necessária para exercer a função dei nida e ao qual estudo relativizará seus resultados.

O início da modelagem do ciclo de vida do produto começa com a criação de um mapa de processos em que as etapas do ciclo de vida do produto são organizadas para dei nir a abrangência das fronteiras do estudo, que incluem todos os processos atribuíveis, ou seja, quais são os serviços, materiais e gastos energéticos relevantes que delimitam a fabricação e a existência do produto e que, portanto, terão suas emissões de GEE consideradas.

A divisão do ciclo de vida foi feita em cinco etapas: aquisição de materiais

e pré-processamento (da extração de recursos naturais até a entrada na planta

de produção), produção (da entrada na planta de produção até a saída, como produto i nal), distribuição e armazenamento (da saída dos portões da fábrica até a aquisição pelo consumidor), uso (da aquisição pelo consumidor à dispo- sição i nal ou tratamento de resíduos) e fi m de vida (do descarte ao retorno à natureza – decomposição, incineração, reciclagem).

A obtenção de dados, momento seguinte à dei nição de fronteiras e cria- ção do mapa de processos, é uma etapa muito importante, que impacta sig- nii cativamente na qualidade do estudo; pode ser também a mais longa e trabalhosa etapa devido à dii culdade, complexidade e escassez de dados disponíveis. O resultado dessa fase é a quantii cação de entradas e saídas de

matéria e energia para aquele sistema. Os estudos dessa Iniciativa utilizaram dados secundários, obtidos a partir de bancos de dados, médias do mercado, processos conhecidos e outros estudos.

Tendo os dados e o mapa de processos estabelecidos, é iniciada a modela- gem computacional, feita aqui com o software Umberto NXT CO2, que considera todas as emissões e remoções de GEE em CO2 equivalente. A pegada de carbono (CO2 equivalente – CO2eq) é relatada em sua totalidade e de forma relativa para cada etapa do ciclo de vida, momento em que são identii cadas quais atividades, em cada etapa, contribuem mais para a emissão total do produto e, portanto, devem ser pontos de atenção para potenciais melhorias.

Durante a elaboração do mapa de processos e no levantamento de dados, algumas premissas devem ser adotadas para a criação de um cenário-base. Uma análise de sensibilidade pode ser realizada para auxiliar o entendimento de quanto cada premissa inl uencia o resultado i nal. São feitas alterações em algumas premissas iniciais e o impacto dessas alterações no resultado i nal é observado. Esse procedimento não é obrigatório e varia de acordo com o enten- dimento de que as escolhas realizadas ao longo do estudo possuem inl uência signii cativa no ciclo de vida.

Passadas as fases principais de elaboração de um estudo de pegada de carbono, diante do ciclo de vida modelado, é possível ter uma compreensão sistêmica dos impactos nas mudanças climáticas de cada etapa, encerrando-se aqui a abordagem quantitativa. Com esse diagnóstico em mãos, observando as etapas que representam os maiores impactos negativos, foram pesquisadas referência bibliográi cas sobre produtos alternativos ao convencional estudado e, a i m de compor uma discussão mais ampla sobre outras categorias de impactos ambientais relevantes para aquele produto, foram também trazidos estudos de ACV, quando disponíveis, que contribuíssem com a composição de um retrato mais completo, com um olhar além da categoria de mudanças climáticas.

82 83

Por i m, o conjunto de informações obtidas com os resultados da pegada de carbono, o levantamento de produtos alternativos e a discussão de outras categorias de impactos ambientais – quando possível também, dos impactos sociais – levaram a uma sugestão de produto com menor impacto negativo para o cenário dessa Iniciativa. Com isso, realizou-se uma breve pesquisa junto ao mercado fornecedor brasileiro para avaliar a capacidade e interesse de atender a possíveis demandas com atributos de sustentabilidade.

Uma ressalva importante é que, apesar de não contemplado com profundi- dade nesse estudo, entende-se que a visão do mercado fornecedor não pode ser reduzida ao menor preço. É preciso fazer uma análise de custos que integre a ideia de externalidades da cadeia. Outro ponto é que o mercado muda cons- tantemente. Então, pesquisas de mercado precisam ser atualizadas no momento próximo à aquisição.