• Nenhum resultado encontrado

segurança nos

dados. No Brasil, o

desafio é criar um

sistema adaptado

à realidade

nacional

76 77

o objetivo da Iniciativa foi disseminar e subsidiar, junto a atores públicos e empresariais, a importância de considerar o ciclo de vida de produtos (bens e serviços) no momento das compras e contratações voltadas para grandes eventos, expandindo essa visão estratégica também para as compras coti- dianas, tendo em vista o potencial de integrar atributos de sustentabilidade nas tomadas de decisão.

Para isso, além de articulação com atores-chaves, foram feitas pesquisas para mapeamento de impactos ambientais de produtos convencionais e identii ca- dos produtos alternativos com melhor desempenho ambiental. Por i m, foram elaboradas orientações de compras com atributos de sustentabilidade para sete estudos de pegada de carbono.

Os estudos de pegada de carbono, que diagnosticaram os impactos ambien- tais relacionados à categoria de mudanças climáticas, tiveram como objetivo proporcionar uma visão sistêmica a partir de um método quantitativo para pautar as decisões de compras e contribuir com um legado técnico para os avanços da ACV no Brasil. Ainda assim, são reconhecidas as limitações intrínsecas, como: a restrição da aplicação do método à categoria única de mudanças climáticas; a característica dos estudos serem uma aproximação simplii cada com dados secundários; e, como já dito anteriormente, ao fato de não serem levados em conta os aspectos sociais e econômicos dos ciclos de vida.

1

DEFINIÇÃO DE ESCOPO

I. Defi nição do cenário

O passo inicial para elaboração dos estudos foi a delimitação de um cenário em que os produtos seriam selecionados para aplicação do método de pegada de carbono.

No contexto dessa Iniciativa, que está sob o recorte de grandes eventos, op- tou-se então pelo cenário da Copa de 2014, devido à proximidade de ocorrência do evento, que criou um espaço de possibilidades ao permitir a identii cação das reais necessidades de compras e contratações que seriam demandadas, bem como a obtenção de dados sobre quantidade de participantes, volume de compras, especii cação técnica das aquisições, uso que lhe seria atribuído e exis- tência de potenciais fornecedores para responder a essas grandes demandas. Tal escolha, por outro lado, trouxe o reconhecimento de que os resultados técnicos dos estudos de produtos que seriam utilizados em um evento que estava nas vésperas de ocorrer, poderia não inl uenciar a tempo os grandes compradores a i m de que se mobilizassem para a efetiva aquisição mais sustentável. Assim, i cou marcada a provocação para que os próximos eventos, bem como as com- pras cotidianas, possam incorporar tais resultados – devidamente adaptados.

II. Defi nição dos produtos

Coube às instituições parceiras estabelecer as premissas para a seleção dos itens a serem analisados, considerando, além da relevância dos impactos socio- ambientais do ciclo de vida:

• Existência de demanda (preferencialmente alta) do produto ou serviço para a Copa.

78 79

• Potencial de replicabilidade: o produto deve ser também um item das com- pras cotidianas dos setores público e privado e, se possível, das compras dos cidadãos.

• Atendimento aos mandatos institucionais: o produto deve ser relevante a i m de contribuir com o atendimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, da Política Nacional de Mudanças do Clima e do PPCS.

• Sensibilização e comunicação: o produto deve apresentar capacidade de transmitir uma mensagem sobre o consumo sustentável ao público em geral. • Origem nacional: preferência para produtos que usem matéria-prima nacional

e sejam fabricados no Brasil.

Foram contatadas as cidades e estados-sede da Copa, Governo Federal e empresas patrocinadoras com o intuito de mapear demandas reais de aquisi- ção, ainda que o prazo de conclusão dos estudos não fosse compatível com a realização das compras.

O resultado dessa consulta foi a construção de uma matriz que colocou os itens selecionados devido à suas demandas – camiseta de algodão, panl eto de papel, sacola plástica, mesa de MDF, desinfetante, refeição cotidiana brasileira, partida de futebol – diante das premissas, para que fosse verii cado o atendi- mento a elas, mesmo que em níveis variados.

Por exemplo, a camiseta de algodão surgiu da necessidade de compra de milhares de camisetas para os voluntários da Copa e, ao mesmo tempo, verii - cou-se que é um item altamente demandado pela administração pública (ex.: uniforme escolar), podendo fomentar um ciclo de produção mais sustentável. Os panl etos informativos e as sacolas para compras têm alto potencial de co- municação ao cidadão, além de recorrência nas compras institucionais. O mo- biliário destinado aos centros de imprensa do evento e o desinfetante, utilizado em edifícios públicos e privados e no dia a dia dos indivíduos, foi demandado em larga escala para as estruturas temporárias (ex.: sala de imprensa) e rede

hoteleira, e podem apresentar importantes impactos ambientais negativos, principalmente no descarte. A refeição brasileira, uma das grandes demandas do evento e com relevância nas agendas de mudanças climáticas e resíduos sólidos, mesmo sendo muito próxima ao consumidor individual, necessita da disponibilidade de informação para cumprir seu potencial de sensibilização. A partida de futebol, que representa a mobilização necessária de um grande evento como a Copa, apesar de não ser comumente contratada pelas institui- ções, traz, entre as atividades que a compõem, recorrentes aquisições cotidianas públicas e privadas, como viagens aéreas, alimentação e energia, apresentando resultados relevantes para a tomada de decisão.

Tendo a escolha concluída, foi iniciada a aplicação do método para cada item. Um texto introdutório de caracterização do setor do produto ressaltou dados sobre a produção, comercialização e os impactos socioambientais mais relevantes.