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Obs.: A foto 05 é do Parque Ambiental, localizado na área central de Ponta Grossa. Fonte: BERTO, 2008.

O Cartograma 09 representa o índice sintético, ou seja, uma média dos índices dos outros cinco cartogramas, onde se pode perceber que a maior parte do espaço urbano pontagrossense está entre as duas maiores classes (0,750 – 0,899 e 0,900 – 1,000) os dois temas que fizeram com que os índices de qualidade ambiental urbana fossem um pouco reduzidos são os domicílios improvisados e a vegetação.

Agora, depois de visto os passos metodológicos seguidos para a aplicação das duas metodologias (Kawakubo; Luchiari e Morato (2005) e Garcias (2001) à realidade pontagrossense, busca-se elaborar uma análise das metodologias e os resultados obtidos.

4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS E METODOLOGIAS

Depois de aplicadas as metodologias de Garcias (2001) e de Kawakubo, Luchiari e Morato (2005) ao contexto urbano atual de Ponta Grossa, faz-se necessária uma análise mais apurada dos resultados encontrados, bem como sobre a validade ou não das metodologias empregadas e, principalmente, se elas respondem adequadamente ao conceito de qualidade ambiental urbana discutido no segundo capítulo deste trabalho.

Num primeiro momento, já se apresentou uma discussão sobre a complexidade do conceito de qualidade ambiental urbana, do que alguns pesquisadores e profissionais que trabalham com o espaço urbano consideram e também algumas propostas metodológicas para a apreensão da mesma. No entanto, cabe distinguir duas realidades a serem consideradas: a primeira diz respeito a um problema metodológico, o da metodologia não resolver/responder adequadamente o conceito de qualidade ambiental urbana,

e, segundo, sobre a situação da área urbana pontagrossense no que diz respeito à sua qualidade ambiental.

No caso específico da metodologia de Kawakubo, Luchiari e Morato (2005), entende-se que ela é prejudicada por alguns fatores de cunho técnico, como por exemplo, ao se fazer uso de dados por setor censitário, há uma homogeneização dos dados no setor; os tamanhos diferenciados dos setores acabam por expressar comportamentos estatísticos também diferenciados, o que acaba por mascarar a realidade e ocultar as diferenças existentes em unidades menores (intra-setor censitário). Entretanto, compreende-se que não há no Brasil uma base de dados fragmentada do espaço intra-urbano melhor que a do censo de 2000. Assim, entende-se que esse fato não se relaciona a metodologia em si, mas na organização dos dados estatísticos pelo IBGE.

Outro fator importante a ser considerado, não diretamente à aplicação da metodologia, mas no que diz respeito aos temas considerados pelos autores, pois eles retrataram apenas os aspectos sanitários e não de qualidade ambiental urbana, embora não devam ficar de fora, mas não são apenas esses, além de serem disponibilizados pelo poder público, o que os torna bem distribuídos pela maioria dos setores censitários, entretanto, pode-se perceber também que alguns setores apresentaram índices bastante baixos em mais de um tema, mostrando que existe sim uma relação entre eles. Como se pode observar nos cartogramas apresentados. Como o objetivo aqui pretendido é o de aplicar a metodologia, não se procurou adaptá-la, ou seja, inserindo outros temas.

Após os resultados obtidos com a aplicação das duas metodologias à realidade pontagrossense, se fez necessário o trabalho de campo (que se

constituiu de observação, registro dos locais visitados (a partir do uso do Sistema de Posicionamento Global – GPS e fotografias), entrevistas com moradores locais), uma vez que os resultados obtidos não condiziam com aquilo que se conhecia sobre Ponta Grossa. Para tal, foram selecionados alguns pontos do Cartograma 09 (Índice da Qualidade Ambiental Urbana) e em seguida, dirigiu-se até esses locais.

Chegando nestes locais, como no bairro do Contorno, Vila Marina, Uvaranas entre outros, contatou-se que embora apresentassem bons índices de qualidade ambiental urbana, na realidade não apresentavam alguns dos serviços básicos, que segundo apontado nos índices, possuiam valores superiores a 0.900, bem distribuídos pelo setor censitário, tais como: coleta de lixo, esgotamento sanitário, domicílios improvisados etc.

Outro fato constatado com o trabalho de campo foi que nas áreas ocupadas pela população de baixa renda, principalmente em áreas próximas aos leitos dos principais arroios da cidade, não há uma captação de esgotos, embora apresente índices elevados desse serviço de acordo com a metodologia, assim como de domicílios improvisados.

Cabe aqui ressaltar também que o tema mais “deficiente” no espaço urbano pontagrossense no que se refere à qualidade ambiental é a vegetação, entretanto, ressalta-se o fato de que pela área central concentrar em pequenos espaços (setores) moradias verticalizadas, com elevada densidade demográfica e, por ser uma área onde o preço da terra é mais elevado, não há a presença de grandes áreas com vegetação, o que faz com que os índices desse tema sejam bastante reduzidos na região central. Contudo, não se acredita que o fato de determinada área não possuir grande quantidade de

vegetação, implique que a mesma venha a ter uma baixa qualidade ambiental, principalmente pelos seguintes motivos: primeiro, por contar apenas com a vegetação presente no setor censitário, logo, se existe uma área verde de tamanho significativo (um bosque, por exemplo), mas o setor censitário adjacente ao bosque não possui uma área verde, mas tem uma grande população, por mais que esse setor não tenha área verde suficiente – segundo a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana o ideal seria 15 m²/habitante, no mímino – pode-se afirmar que a área do bosque supriria a necessidade daquela população sem grandes transtornos. Segundo, pela metodologia não considerar o estado de conservação das áreas com vegetação, por exemplo, uma área que apresente certa metragem de vegetação arbórea, mas estar em condições precárias de manutenção/preservação, sendo utilizada como depósitos de lixo, lócus de proliferação de insetos, doenças, etc, fazendo com que os possíveis efeitos benéficos da mesma sejam superados pelos inconvenientes que ela pode vir a abrigar. Terceiro, outra característica importante é ver se o solo daquela região tem profundidade suficiente e/ou nutrientes para abrigar vegetação arbórea, por exemplo.

Uma outra situação bastante curiosa é o fato de a população que reside junto aos leitos dos rios possuírem elevada metragem de vegetação por habitante, e padecerem de outro problema: a falta de esgotamento sanitário. Em vários domicílios, conversando com as pessoas dessas áreas, muitos deles apontavam que jogam seus resíduos no leito dos rios por não haver um serviço público para coleta (Foto 07).

Foto 07 - Áreas onde não há coleta de lixo devido a dificuldades de