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Capítulo II – Análise Prática

Anexo 28 Exemplo de exercício contrastivo – Manual Español 2

Anexo 29

Anexo 30

Exemplo de abordagem/exercícios dos verbos regulares e irregulares no Pretérito Indefinido - Manual Español 2

Exemplo de abordagem/exercícios sobre verbos regulares e irregulares no Pretérito Indefinido

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XII

Lista de abreviaturas

AC – Análise Contrastiva AE - Análise de Erros

LM/L1 – Língua Materna

LE/L2 – Segunda Língua/Língua Estrangeira ELE – Espanhol como Língua Estrangeira

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Introdução

O ensino da língua espanhola a alunos lusófonos tem sofrido, ao longo dos últimos anos, uma evolução acentuada, daí que a urgência de aprofundar a formação dos docentes, bem como elaborar materiais didáticos adequados aos aprendizes se tenha tornado uma necessidade cada vez mais premente. Quando falamos em ensino de uma língua estrangeira a alunos lusófonos, especialmente da língua espanhola, há a ter em conta as aproximações que ambas as línguas possam apresentar, já que a proximidade geográfica de ambos os países faz com que o processo de aprendizagem se torne, muitas vezes, mais difícil pela aparente facilidade.

Tem havido, ao longo dos anos, diversas investigações relacionadas com o ensino do Espanhol como Língua Estrangeira (ELE), no sentido de se tentar perceber e explicar as dificuldades dos alunos lusófonos, nomeadamente ao nível dos erros cometidos. A conclusão a que a maior parte dos estudos chegou foi a de que muitos dos erros que os alunos cometiam, faziam-no por influência da Língua Materna, mas não só. O que se constatou foi que os alunos lusófonos, aquando da aprendizagem da língua espanhola, por sentirem que a língua lhes é próxima, tendem a ter um comportamento que conduz ao facilitismo, daí que, em algumas situações, se verifique pouca evolução no domínio da língua.

Neste trabalho, deterei a minha atenção num conteúdo gramatical, a conjugação verbal, nomeadamente a irregularidade vocálica de alguns verbos, a irregularidade no Pretérito Indefinido, bem como os usos e valores dos verbos ser e estar. Um dos problemas que existem no ensino de uma língua estrangeira prende-se, exatamente, com o funcionamento da língua, daí que este me tenha parecido um tema interessante, no sentido de avaliar e refletir sobre as dificuldades dos alunos a esse nível.

O presente trabalho é constituído por duas partes distintas. Na primeira parte, de índole teórica, apresentam-se questões relacionadas com a importância da língua materna no processo de aprendizagem de uma língua estrangeira, bem como outro tipo fenómenos que influenciam esse processo, nomeadamente as diferentes ferramentas no ensino de uma língua como é o caso do Modelo Contrastivo e a Análise de Erros. Relacionados com estes elementos, dissertar-se-á, ainda sobre os conceitos de Ínterlíngua, Fossilização, Interferência e Erro. Como se trata de um estudo que incide na conjugação verbal, tecem-se algumas considerações sobre a classe gramatical do verbo, mormente sobre a

- 2 - irregularidade dos verbos com mudança intervocálica, dos verbos no Pretérito Indefinido e dos Verbos Ser e Estar.

Na parte prática, far-se-á o estudo e reflexão propriamente ditos, relativamente aos erros relacionados com a conjugação verbal. Analisar-se-ão e explicar-se-ão os erros dos alunos, tentando perceber-se o que está na sua origem e far-se-á uma avaliação estatística relativa a esses erros.

O que se pretende com este trabalho, é analisar os erros cometidos pelos alunos, ao nível da conjugação verbal, nomeadamente nos verbos com mudança vocálica, nos verbos irregulares do pretérito indefinido e nos usos e valores dos verbos ser e estar, tentando inferir se esses erros são recorrentes nos diferentes níveis em estudo ou se, pelo contrário, à medida que aprendizagem da língua evolui, os erros tendem a dissipar-se. Interessa, sobretudo, com este relatório, refletir sobre os erros cometidos e sobre o que está na origem dos mesmos, bem como se é essencialmente a LM que interfere nesse processo. É objectivo deste trabalho, não só tentar prever os possóveis erros dos alunos, como também encontar forma de os colmatar ou, pelo menos, atenuá-los. Para além disso, o presente trabalho pretende ainda apresentar propostas didáticas a utilizar na abordagem ao tema e, ao mesmo tempo, analisar alguns dos manuais existentes no mercado, no sentido de avaliar se estes vão ao encontro das necessidades dos alunos ou se, pelo contrário, se apresentam desfasados da realidade pedagógica atual.

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Estado da Questão

A Análise de Erros (AE) tem vindo, desde os anos 50, a ser debatida por estudiosos e críticos, com o objetivo de cada vez mais se tentar perceber o que está na base dos mesmos, tentando, acima de tudo encontrar formas de explicá-los refletir sobre eles e, mais importante do que tudo isto, encontrar forma de os colmatar. Desde os anos 80 que esta temática tem vindo a suscitar diversas opiniões, tal é a complexidade que apresenta. Vários autores se destacam como é o caso de Vázquez (1991), Fernández (1991) e Santos Gargallo (1992). Quando se fala de Análise de Erros, implica associar-se outros dois termos - Análise Contrastiva e Interlíngua. Efetivamente, é comum associarem-se os três termos e essa associação é unânime, ainda que haja algumas divergências quanto à terminologia utilizada e quanto à posição que cada fenómeno ocupa. Segundo Sánchez Iglesias (2003:47), essa confusão dissipa-se se “en lo que se ha venido considerando como un desarrollo lineal se están mezclando, en un mismo nivel, una hipótesis teórica (el análisis contrastivo), un tipo de análisis de datos (el análisis de errores) y algo a medias entre un concepto y una hipótesis psicolingüística (la interlengua)”.

Os primeiros estudos relacionados com o ELE foram sofrendo evolução, à medida que cada vez mais pesquisadores se debruçaram sobre a questão . A AC é feita, regra geral, tendo por base determinados pressupostos. Segundo Santos Gargallo (2004:397) devem ter-se em conta:

 A LM e origem geográfica – todos os aprendizes devem partilhar a mesma língua

 Extensão da amostra – número de sujeitos

 Habilidade Linguística – destrezas avaliadas

 Extensão da análise – normalmente competência comunicativa

 Periodicidade da recolha de dados – estudo diacrónico ou sincrónico

Torijano Sanchez (2002:157) afirma que “un AE debe caracterizarse, sobre todo, por ser capaz de proporcionar una visión completa de la clase de dificultades con las que el estudiante se ha encontrado o se encuentra en un determinado momento»

É efetivamente o objetivo da AE, no sentido de a partir da observação, descrição e explicação dos erros, se possam retirar conclusões sobre as estratégias a adotar, com vista a minimizar os erros dos discentes, provocados pela Interlíngua. Este conceito surge com base no facto de todas as produções dos aprendizes serem importantes,

- 4 - independentemente de serem corretas ou não. Este termo foi popularizado por Selinker em 1972 ainda que já Corder em 1967 tenha sido o primeiro a preocupar-se com este sistema linguístico. Segundo Corder (1981:89/90) a Interlíngua não é um simples processo de reestruturação, a partir da LM , mas sim um sistema dinâmico e criativo, semelhante ao de uma criança que adquire a LM.

Independentemente de todos os estudos que se tenham realizado sobre este tema, facto comum a todos eles é que reconhecem que a Interlíngua é um sistema linguístico peculiar, com regras muito específicas que devem ser tidas em conta, no momento da análise das produções dos falantes.

Conclui-se, portanto, que todos os estudos realizados, desde Vazquez (1991), Santos Gargallo (1992) até Corder (1967) foram no sentido de se tentar perceber qual a melhor forma de analisar as produções erróneas, e não só, dos falantes, contribuíram significativamente para a compreensão do sistema linguístico dos falantes, aquando da aprendizagem de uma L2.

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Importância do trabalho

O presente trabalho surge no âmbito do Mestrado em Ensino de Português e Espanhol no 3º Ciclo e Ensino Secundário. Tendo em conta que o ensino é a próxima etapa, este trabalho assume enorme importância neste sentido. Na verdade, para os futuros professores é crucial perceberem de que forma se deve tratar os erros dos alunos, bem como a melhor maneira de colmatá-los. É tarefa do professor detetar o erro e, ao mesmo tempo, ser capaz de entendê-lo, assumindo a posição de encaminhador do discente, sob pena de este se focar demasiado nas produções erróneas, impedindo assim a evolução na competência comunicativa.

Tratando este trabalho do estudo das produções erróneas dos discentes lusófonos, aprendizes da Língua Espanhola, adota-se uma visão que privilegia a análise contrastiva, no sentido de verificar até que ponto a LM influencia a aprendizagem da L2. Só adotando esta visão se percebe de que forma a LM influencia o processo de ensino-aprendizagem da Língua Espanhola e se ajuda os alunos a perceber que entre ambas as línguas há grande proximidade o que não faz com que as diferenças entre ambas se esbatam.

Por isso mesmo, este trabalho assume uma importância fulcral, por refletir sobre os erros dos alunos, numa perspetiva contrastiva, permitindo uma análise e estudo cuidados, no sentido de promover o desenvolvimento comunicativo dos discentes.

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I.

Fundamentação Teórica

Presença da Língua Materna no Ensino de uma Língua Estrangeira