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3.4 SISTEMAS CERÂMICOS

3.4.3 Exemplos de sistemas cerâmicos com cerâmicas a base de zirconia

3.4.3.1 Sistema in-ceram (VITA)

Sua infraestrutura é uma cerâmica essencialmente de óxido metálico infiltrado por vidro, e sua parte estética, superficial, é uma porcelana feldspática aluminizada.

Trata-se de um sistema cerâmico infiltrado por vidro para confecção de próteses ceramo-cerâmicas. A cerâmica In-Ceram (Vita Zahnfabrik, Bad Sackingen, Alemanha) foi desenvolvida visando melhorar os problemas relacionados com a resistência a fratura e tenacidade. Sua composição consiste em 2 fases tridimensionais interpenetradas: uma fase de alumina (óxido de alumínio) e uma fase vítrea (à base de óxido de lantânio), sendo sua confecção baseada em alumina porosa que, posteriormente, é infiltrada por vidro (Gomes et al., 2008). Nas palavras de Fonseca (2008), consiste em uma infra-estrutura a base de alumina infiltrada por vidro, que confere resistência ao conjunto, e uma cerâmica de revestimento estético, feldspática, a VM7 (VITA Zahnfrabrik – Alemanha).

A cerâmica VITA VM7 tem o coeficiente de expansão térmico linear próximo ao valor do In-Ceram Alumina e do In-Ceram Zirconia, proporcionando uma união segura entre a cerâmica de infra-estrutura e a de cobertura, o que reduz a propensão a trincas, além de produzir desgastes semelhantes ao do dente natural. A cor é conseguida através da técnica de estratificação (Fonseca, 2008).

Existem três variações do sistema In-Ceram de composição para confecção de cerâmica de infra-estrutura, são eles: In-Ceram Spinell, In-Ceram Alumina e o In- Ceram Zirconia.

• In-Ceram Spinell:

Utiliza uma mistura de alumina e magnésio e possui translucidez duas vezes maior que o In-Ceram alumina, sendo indicado para coroas anteriores e unitárias onde se deseja translucidez, e contra-indicado, portanto, em dentes com escurecimento ou núcleos metálicos fundidos. A cimentação pode ser realizada com

cimento de ionômero de vidro convencional ou cimentos resinosos translúcidos (Fonseca, 2008).

• In-Ceram Alumina:

É composto por óxido de alumínio com partículas pequenas e pouca contração de sinterização (0,3%), o que permite adequada fidelidade marginal para coroas unitárias em términos marginais de ombros arredondados. Seu uso é indicado para coroas unitárias anteriores e posteriores e próteses parciais fixas convencionais de três elementos anteriores. Devido à relativa opacidade desse material ele pode ser usado em dentes escurecidos ou núcleos metálicos fundidos e sua cimentação pode ser realizada com cimentos convencionais ou resinosos (Fonseca, 2008).

• In-Ceram Zirconia:

Apresenta uma mistura de aproximadamente 70% de óxido de alumínio e 30% de óxido de zircônio, o que aumenta a resistência do material à propagação de trincas, promovendo um aumento da tenacidade e elevação da resistência à flexão. Sua indicação recai para infra-estruturas de coroas unitárias posteriores e de próteses fixas de três elementos posteriores (Fonseca, 2008).

Os três sistemas In-Ceram (Alumina, Spinell e Zirconia) foram agrupados com o nome comercial VITA In-Ceram Classic. No entanto, o sistema In-Ceram possui blocos de Alumina e Zirconia densamente sinterizados para processamento exclusivamente com a tecnologia CAD-CAM, denominados In-Ceram 2000 AL Cubes (densamente sinterizados de alumina) e In-Ceram 2000 YZ Cubes (Zirconia estabilizada por óxido de ítrio), os quais não precisam da infiltração de vidro fundido (Fonseca, 2008).

• In-Ceram 2000 AL Cubes:

Diferente das cerâmicas infiltradas por vidro é uma cerâmica densamente sinterizada a base de Alumina. São vendidos em blocos (cubos) desenvolvidos especialmente para tecnologia CAD/CAM.

São blocos de zircônia estabilizada por óxido de Ítrio densamente sinterizados, também desenvolvidos para tecnologia CAD/CAM. As restaurações dentais de YZ em blocos são fabricadas desgastando blocos parcialmente sinterizados formando restaurações de tamanho maior que são totalmente sinterizadaos e contraem para o tamanho final da restauração (Fonseca, 2008).

Para uma melhor distinção as cerâmicas infiltradas por vidro (Spinell, Alumina e Zirconia) foram agrupadas com o nome comercial VITA In-Ceram Classic, e os blocos de cerâmica densamente sinterizados de Alumina (AL) e zircônia estabilizada por óxido de ítrio (YZ) são denominados de VITA In-Ceram 2000 (Fonseca, 2008).

Os blocos In-Ceram são designados para regiões específicas da boca, de acordo com translucidez e resistência mecânica. In-Ceram® Espinélio é o mais transluzente e com resistência moderada (350 MPa), sendo indicado para coroas unitárias anteriores. In-Ceram® Alumina que possui resistência pouco mais elevada (500 MPa) e moderada translucidez, sendo indicado para próteses parciais fixas anteriores, além de coroas unitárias anteriores/posteriores. In-Ceram® Zircônia, que possui alta resistência (700 MPa) e baixa translucidez, é indicado para próteses parciais fixas de três elementos posteriores e coroas unitárias posteriores. In- Ceram® Zircônia (YZ) possui a maior resistência de todos os sistemas supracitados (1 GPa). Por ser o menos transluzente é indicado para coroas unitárias posteriores e próteses parciais fixas de três a quatro elementos posteriores (Souza, 2007).

3.4.3.2 Sistema IPS e.max (Ivoclar Vivadent)

O sistema IPS e.max representa uma evolução do sistema IPS-Empress. Recentemente lançado no Brasil, IPS e.max é um novo sistema totalmente cerâmico fabricado pela Ivoclar Vivadent com duas opções de tecnologia: injeção e CAD/CAM. Trata-se do primeiro sistema a combinar os benefícios de ambas as técnicas, oferecendo materiais extremamente estéticos e com alta resistência para ambas às tecnologias (Fonseca, 2008).

Baseia-se na utilização de duas tecnologias; a tecnologia Press, composta por pastilhas de IPS e.max Press (cerâmica de dissilicato de lítio e de IPS e.max), ZirPress (cerâmica vítrea de fluorapatita) e a tecnologia CAD, compostas de blocos de ZirCAD (zircônia estabilizada com ítrio) e de IPS e.max CAD (cerâmica de

dissilicato de lítio) (Clavijo et al., 2007).

Constitui-se em um sistema versátil que vai das cerâmicas de vidro com base de dissilicato de lítio injetado ou fresado, respectivamente e.Max Press e e.Max CAD, até o óxido de zircônia injetado ou fresado, e.Max ZirPress e e.Max ZirCAD (Clavijo et al., 2007).

• IPS e.max Press:

Utiliza a tecnologia Press, cerâmica prensada que utiliza a técnica de injeção, composta por pastilhas a base de dissilicato de lítio. Nessa cerâmica, os cristais de dissilicato de lítio ficam dispersos em uma matriz vítrea de forma entrelaçada, impedindo a propagação de trincas em seu interior. Possibilita a confecção de coroas totais anteriores e posteriores e próteses fixas anteriores de três elementos.

• IPS e.max CAD:

São blocos altamente estéticos de dissilicato de lítio, disponíveis para a tecnologia CAD/CAM e para técnica de injeção.

• IPS e.max ZirCAD:

São blocos de alta resistência de óxido de zircônia estabilizado por ítrio destinados à tecnologia de fresagem CAD/CAM na forma pré-sinterizada (usinagem mole). Para recobrimento, indica-se a cerâmica a base de dissilicato de lítio IPS e.max ZirPress, descrita no item “Cerâmicas de Cobertura” (Ivoclar Vivadent, 2011).

As principais indicações do sistema e.max são: Laminados (venners); Coroas parciais; Coroas anteriores e posteriores; Próteses fixas anteriores (de 3 a 6 unidades); Próteses fixas posteriores (de 3 a 6 unidades). As contra-indicações são: preparos muito subgengivais, pacientes com dentição residual muito reduzida e bruxismo (Clavijo et al., 2007).

Dentre os sistemas disponíveis, destaca-se o sistema IPS e.Max, que tem se apresentado como uma excelente alternativa, devido à possibilidade de reproduzir a naturalidade da estrutura dentária. Este sistema cerâmico apresenta quatro materiais altamente estéticos e resistentes para as duas tecnologias atualmente disponíveis: injeção e CAD/CAM. Constitui-se em um sistema versátil que vai das cerâmicas de vidro com base de disilicato de lítio injetado ou fresado,

respectivamente e.Max Press e e.Max CAD, até o óxido de zircônia injetado ou fresado, e.Max ZirPress e e.Max ZirCAD5. Estas possibilidades de uso do IPS e.Max tornam o sistema totalmente flexível para os protéticos, além de permitirem que os quatro materiais de estruturas diferentes que constituem o sistema IPS e.Max possam ser estratificados com a mesma cerâmica de recobrimento. A cerâmica de recobrimento consiste em uma cerâmica de baixa fusão, à base de apatita e nanopartículas, que garantem o biomimetismo com a estrutura dentária (Clavijo et al., 2007).

3.4.3.3 Sistema procera (Nobel Biocare)

Esse sistema usa a tecnologia CAD/CAM para confecção de uma infra- estrutura cerâmica de alta densidade em alumina ou zircônia associada a uma porcelana de recobrimento de baixa fusão (Fonseca, 2008).

• Sistema Procera AllCeram:

Procera AllCeram utiliza uma cerâmica extremamente densa sinterizada a base de óxido de alumínio puro (alumina 99,9%). A cerâmica é produzida num processo industrial conhecido como método PROCERA, que garante perfeita adaptação, muita resistência, quase nenhuma porosidade e translucidez mesmo não sendo transparente.

• Procera AllZirconia® (Nobel Biocare):

As coroas totais com infra-estrutura em zircônia do sistema Procera possuem resistência à flexão ao redor de 1.200 MPa e tem o mesmo padrão de espessura da alumina. Podem ser confeccionadas em quatro diferentes matizes, facilitando a caracterização intrínseca da coroa final. O scanner permite leitura e confecção de próteses de até 14 elementos anteriores e posteriores (Conceição, 2005).

A cimentação pode ser realizada com cimentos convencionais, no entanto, a cimentação adesiva pode duplicar a resistência à fratura, melhorando o prognóstico clínico. Jateamento com óxido de alumínio é contra-indicado, pois pode levar a um alisamento superficial com perda das microretenções originais. Pode ser realizada aplicação de camada de sílica (sistema ROCATEC) ou utilização de cimentos resinosos em combinação com seu sistema adesivo/silano que contenha MDP ou 6-

MHPA (Panavia F com clearfil SE Bond/Porcelain Bond Activator ou Rely X ARC com Single Bond/Ceramic Primer) (Bottino et al., 2009).

Uma característica peculiar do sistema procera é a necessidade de alivio interno uniforme na infra-estrutura para o cimento a partir de 1 mm da linha do término, com o objetivo de conseguir uma melhor adaptação cervical (Bottino et al., 2009).

3.4.3.4 Cercon Zirconia (Dentsply-Degussa)

É uma cerâmica recentemente desenvolvida que contém somente zircônia (ZrO2) na composição, tendo resistência à flexão de 900 MPa. É indicada para a

confecção de copings para coroa total anterior e posterior e infra-estrutura de próteses parciais fixas de três e quatro elementos para a região anterior e posterior. O material é fornecido na forma de blocos cerâmicos pré-sinterizados em três tamanhos. A espessura típica do coping deste sistema é de 0,4 mm, dando ao técnico a porção máxima de espaço para devolver a estética da restauração (Conceição, 2005).

Pioneiro mundial, o sistema Cercon teve seu desenvolvimento finalizado com validação clínica em 1998, em Zurich na Suiça, por pesquisadores da reconhecida Federal Institute of Technology e com a colaboração da antiga Degussa Dental, hoje DeguDent (empresa Alemã, referência mundial em Odontologia), que após inúmeros testes e anos de pesquisas lançou o sistema comercialmente em 2001 (Cercon Smart Ceramics, 2011).

Existem duas possibilidades de cores para os copings de zircônia, sendo uma delas branca e a outra correspondente a cor de dentina A3 (Cercon Smart Ceramics, 2011).