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Existência de tubulações ou condutos forçados através do barramento: Fator de peso W E(con) 120 

5  AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DA BARRAGEM SÃO SIMÃO PELO MÉTODO UNSW 100 

5.4  Aplicação do método UNSW para ocorrência de piping através do barramento 104 

5.4.6  Existência de tubulações ou condutos forçados através do barramento: Fator de peso W E(con) 120 

peso WE(con)

Análise de dados: As seções em corte das barragens das margens esquerda e direita, apresentados no item 5.4.1 mostram que não há uso de tubulações através do maciço.

Conforme mostram a Tabela 5.7 e observações durante a visita técnica realizada pelo autor desta dissertação (janeiro de 2007), as condições das estruturas da barragem estavam em boa preservação. Baseando-se nessas informações, o fator de peso que melhor representa a condição é WE(con) = 0,5. Portanto, de acordo com a Tabela 5.21, a probabilidade qualitativa

adotada é “muito menos provável”.

Tabela 5.7 – Fatores de peso para tubulações ou condutos através do barramento – piping

através do barramento, WE(con)

Descrição de detalhes Porcentagem

estimada da população Fator de peso estimado wE(con) Fator x população %

Tubulação através do barramento – poucos detalhes do projeto e execução

5 % 5 0,25

Tubulação através do barramento –

alguns detalhes são deficientes 10 % 2 0,20

Tubulação através do barramento –

prática tipo USBR 30 % 1,0 0,30

Tubulação através do barramento –

incluindo filtro a jusante 5 % 0,8 0,04

Nenhuma tubulação através do barramento (ex., túnel através do barramento)

50 % 0,5 0,25

Total 100 % ∑ (fatores x

Pop%) =

1,04

Fonte: Modificado de FOSTER et al., 1.998, p. 143.

5.4.7 Tratamento aplicado na fundação: Fator de peso WE(ft)

Segundo Viotti et al. (1983) apud Fonseca (2003), a fundação das barragens da margem direita, transições e margem esquerda foram apoiadas em materiais de características diferentes. Resumidamente, a área da fundação pode ser dividida em três trechos: próxima ao local onde era o leito do rio, caracterizado por rocha sã sem fraturas; local afastado do antigo leito do rio, onde a fundação é em rocha de basalto, extremamente fraturada com zonas de

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solo residual e em trechos das margens, em que se encontra sobre solo transportado (FIG. 5.5 e FIG. 5.11).

Viotti et al. (2006) relatam que na base da barragem direita havia uma camada espessa de solo poroso e colapsível, que condicionou o projeto da barragem. Entre as estacas 0+460m até a transição Nº1, foi realizada escavação da fundação para retirada do solo poroso e outros materiais terrosos.

Conforme mostra a Figura 5.5, a fundação da barragem da margem direita apresentava configuração variada. Ressalta-se que, nas seções entre estacas 0 e 0 + 890,0 (região A), constituídas por depósitos de solo transportado e solo residual, entre as estacas 0+890 e 1 + 330 (região B), a fundação apoiou-se em rocha sã e na região C, entre as estacas 1+ 330 e 1 + 440 a base foi apoiada na rocha do derrame 4/3.

Para evitar percolação de água no trecho de solo transportado entre as estacas 0 + 230,0 e 0 + 600,0 foi construído um tapete impermeabilizante de 1,0 m de espessura, a montante. Na área de rocha decomposta, na qual se encontra apoiado o núcleo, houve tratamento por limpeza e aplicação de tratamento asfáltico ou argamassa.

A preparação da fundação na barragem esquerda consistiu em limpeza manual com aplicação de jatos de ar e água, conforme Figura 5.19. A rocha decomposta foi tratada com calda de cimento (slush-grout) espalhado manualmente com vassouras. Os locais com blocos de rocha sã exposta e envolvida com material alterado foram tratados com calda de cimento aplicada previamente ao lançamento do aterro. A calda de cimento aplicada teve como fator água/cimento o valor 0,5 em peso e argamassa de areia e cimento com traço de 2:1, com fator água/cimento trabalhável.

Na barragem da margem esquerda, o tratamento da rocha decomposta da fundação e área da transição nº 2, a montante, teve aplicação de calda de cimento (slush-grout). Entre as estacas 2 + 970,0 e 3 + 485,0 foi construído tapete impermeável, de material argiloso, a montante do eixo da barragem, conforme Figura 5.11.

Além disso, na área do tapete drenante da fundação, o preparo consistiu na remoção mecânica do material superficial. Nas áreas de apoio do cascalho de terraço, o preparo da fundação consistiu na limpeza mecânica através de lâmina de trator.

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Já nas áreas de transições números 1 e 2, base das estruturas de concreto e fundação da barragem de enrocamento, antigo leito do rio, houve um programa de injeção de calda de cimento, como forma de tratar os derrames e interderrames de rocha alterada. O tratamento consistiu de aplicação de calda de cimento em uma série de furos primários, secundários e terciários, executados nos vértices de uma malha de 12 m de lado, com o objetivo de detectar e preencher as cavernas e descontinuidades existentes na rocha.

A profundidade variou de 19 m a 29 m, com furos de diâmetros de 7,6 cm (3”) a 10,1 cm (4”). Na área do canal do rio, a fundação apoiou-se em rocha com inclinação íngreme, Figura 5.22, em que houve tratamento em concreto dental e aplicação de argamassa slush-grout, após limpeza com jatos de água e ar, conforme mostram as Figuras 5.19 e 5.20.

Observa-se pelas Figuras 5.21 e 5.22 que nos limites das margens esquerda e direita, próximo às ombreiras, a declividade não é acentuada.

Análise de dados: As informações apresentadas sobre o tratamento de irregularidades na fundação demonstram cuidado no tratamento da rocha alterada. Portanto, ao analisar os dados estatísticos da Tabela 5.8, adotou-se o fator de peso WE(ft), para as barragens de terra de São

Simão, o valor de 0,9. De acordo com os dados da Tabela 5.21, a probabilidade qualitativa de ocorrência de piping através do barramento por falha no tratamento da fundação é “muito menos provável”.

Figura 5.19 – Preparação da rocha de fundação no leito do rio com jatos de água e ar Fonte: CEMIG – GA/SM.

Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG 123 Figura 5.20 – Preparo de fundação no canal do leito do rio

Fonte: Modificado de VIOTTI et al., 2006, p 35.

Figura 5.21 – Perfil longitudinal da fundação da barragem direita Fonte: Modificado de CEMIG, 1.978.

Figura 5.22 – Perfil longitudinal da barragem esquerda Fonte: Modificado de CEMIG, 1.978.

Ombreira Direita

Ombreira Esquerda Leito do Rio

Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG 124 Tabela 5.8 - Fator de peso em tratamento da fundação - piping através do barramento, WE(ft)

Descrição do tratamento da fundação Porcentagem estimada da amostra Fator de peso estimado wE(ft) Fator x amostra %

Faces verticais e saliências, na rocha da fundação do núcleo não foram tratadas

10 % 2 0,20

Irregularidades na fundação ou nas extremidades limites, extremidades com inclinação íngreme

30 % 1,2 0,36

Cuidado nas áreas de mudança de inclinação na fundação, tratamento de fendas pelo preenchimento com calda de cimento

60 % 0,9 0,54

Total 100 % ∑ (fatores x Pop%) = 1,10

Fonte: Modificado de FOSTER et al., 1.998, p. 144.

Ressalta-se que esses dados estatísticos consideraram barragens construídas após 1950, época em que se passou a adotar critérios para tratamento de fundação de forma padronizada e com adequado registro de dados. Esses dados correspondem a 80% da amostra de barragens construídas até 1986, segundo informações de Foster et al. (1998).