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CAPITULO V RESULTADOS E DISCUSSÕES

A DUBAÇÃO QUÍMICA

5.2 Atores Sociais da Cadeia Produtiva do Melão: em busca de novas oportunidades de inclusão social

5.2.9 Expectativas futuras

Nos últimos anos, o setor agropecuário tem revelado contínuos aumentos de produtividade, frutos de uma evolução tecnológica e gerencial. A pesquisa agropecuária tem colocado à disposição dos produtores rurais tecnologias que lhe permitem melhorar a qualidade dos produtos e tornar o trabalho diário mais simples, prático, eficiente e econômico. Entre os principais produtos resultantes destas pesquisas estão as sementes melhoradas que resultam em plantas mais adaptadas às diferentes regiões do país; a adubação tem se tornado mais eficiente e o controle fitossanitário mais racional e em harmonia com os recursos naturais existentes. A pesquisa industrial tem desenvolvido máquinas, implementos agrícolas e sistemas de irrigação que permitem ao produtor rural alcançar maior produtividade.

Essa evolução experimentada pelo setor rural ficou evidente durante os últimos anos, mostrando a rápida e intensa transformação do produtor rural brasileiro que passou a interagir mais com o mercado externo. Portanto, todo este avanço tecnológico contribuiu para uma gradativa concentração da produção em propriedades modernizadas, mais estruturadas e com uma maior qualidade gerencial.

No caso da cultura do melão, as pesquisas encontravam-se praticamente paradas até os anos 1980, mas a partir dos anos 1990, esta situação foi revertida por meio de avanços tecnológicos que atingiram a grande maioria dos segmentos produtivos, abrindo novas perspectivas de mercado.

Este caso constitui um bom exemplo do avanço tecnológico alcançado nos últimos anos, pois foi por meio do desenvolvimento genético que este fruto conquistou o mercado externo, com polpas mais espessas e sabores cada vez mais agradáveis.

Porém, para que essas transformações cheguem ao produtor, é necessário que este tome conhecimento e efetivamente participe e se envolva com as inovações tecnológicas. É preciso que o sistema de extensão rural e as próprias cooperativas e associações busquem esse processo de difusão, o que de fato vem ocorrendo na cadeia produtiva do melão na região do Agropolo Baixo Jaguaribe.

No segmento industrial de insumos, a tendência é de que haja uma maior preocupação com o melhoramento genético das sementes, para que as mesmas criem resistência às doenças como: oídio (Sphaeroteca fuliginea) rasas 1 e 2, fusariose (Fusarium ixiporum f. sp. melonis) rasas 0,1e 2, visando evitar os possíveis problemas que poderão ocorrer com o desenvolvimento das plantas.

Além disso, deverá haver um aumento da demanda por equipamentos mais adequados à produção dentro das exigências da legislação sanitária, bem como para a produção integrada de melão, que proporcionará um valor agregado maior ao produto.

Atualmente com a adesão das empresas ao sistema de Produção Integrado de Melão, o setor vai requerer uma maior capacidade instalada das indústrias de equipamentos de irrigação e de pós-colheita do que às já existentes na região, para que possa atender a demanda crescente destes fatores de produção.

No segmento agrícola, a tendência do elo de produção de melão, da região do Agropolo Baixo Jaguaribe - Ceará é aumentar a busca por técnicas seguras de produção para o consumidor, agregando valor ao produto por meio da Produção Integrada, com o objetivo de obter frutos de alta qualidade, visando garantir a comercialização no mercado externo, principalmente na União Européia, maior importador de melão brasileiro.

Neste processo de produção, o produtor utiliza os recursos naturais com eficiência, reduzindo ao máximo, o uso de insumos agrícolas, como agrotóxicos ou outras substâncias prejudiciais ao meio ambiente, o que garante uma sustentabilidade econômica e ambiental ao seu agronegócio. Este sistema traz consigo uma maior organização dos produtores.

No elo da comercialização, outra tendência é a busca de novos mercados nacionais e internacionais que possam absorver o melão produzido. Para isso, os produtores de melão devem buscar um aprimoramento das suas instalações, investindo em máquinas,

equipamentos, assistência técnica especializada e capacitação, nos setores de produção, colheita e pós-colheita.

Além disso, torna-se cada vez mais urgente a necessidade de os produtores de melão disputarem renda diretamente no elo da distribuição e comercialização, principalmente, os pequenos produtores, pois o uso de estratégias de verticalização e de cooperação podem reduzir significativamente a intermediação e com isso aumentar seus lucros. Isso pode ser visto junto a um grupo de produtores de melão em Aracati, denominado de “Grupo de Produtores de Melão de Aracati”, no Agropolo Baixo Jaguaribe.

Eles participam do programa “GIP - Grupo Integrado de Produtores” do Governo do Estado do Ceará, que vem consolidar um novo modelo de organização da produção, cuja meta é reunir pequenos e médios agricultores que antes trabalhavam isolados. A principal vantagem da organização é o aumento das vantagens competitivas dos produtores, uma vez que o GIP facilita a aquisição de insumos e equipamentos, além de compartilhar assistência técnica e promoção comercial da safra. Este grupo de produtores de melão já começou a exportar sua produção para o mercado europeu desde 2001.

O fato da atividade vir apresentando resultados positivos, faz com que os produtores tenham menos aversão ao risco e invistam na atividade, levando-os ao desenvolvimento de sistemas produtivos mais organizados e interados com o mercado. A participação dos produtores de melão no mercado consumidor internacional traz também expectativas futuras de geração de melhores níveis de renda para estes atores sociais, os quais se tornam mais especializados e agem de forma integrada com outros produtores, com as grandes empresas privadas e com as empresas de pesquisa do governo por meio de ações estratégicas que levam ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis.