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CAPITULO V RESULTADOS E DISCUSSÕES

A DUBAÇÃO QUÍMICA

5.3 Análise do Comportamento de Mercado

5.3.2 Mercado Interno

No Brasil a comercilaização do melão é realizada em sua maior parte por médias e grandes empresas que terceirizam sua produção por meio de contratos com pequenas propriedades, as quais cultivam entre 5 a 10 hectares de melão, que por apresentarem uma deficiente e precária infra-estrutura produtiva e de comercialização, se apóiam nas médias e grandes empresas para terem um suporte de tecnologia, assistência técnica e de mercado.

De 1987 a 2004, a área colhida de melão no Brasil passou de 6.592 hectares para 15.505 hectares (Tabela - 27), representando um aumento de 111 %, enquanto a produção no mesmo período passou de 38.779 toneladas para 340.863 um incremento de 228 %. E de 2004 a 2007, houve uma expansão da fronteira agrícola desta cultura, que passou de 15.499 hectares para 21.576 hectares.

Uma das principais zonas de produção de melão é a região Nordeste do Brasil, sendo responsável por 95,8% da produção nacional de melão, com uma área colhida de 18.905 hectares em 2007 (Tabela - 27). Nesta região encontram-se instaladas grandes empresas produtoras de melão como Nolem, Del Monte, Maisa, Frunorte, Agrícola Famosa, Itaueira, Fazenda São João etc.

O Estado do Rio Grande do Norte, maior produtor de melão do Brasil, destacou-se em 2007 com 37,6% da área plantada e 46,6% da produção do Brasil, seguido de perto pelo Ceará, que vem apresentando crescimento acelerado, sendo responsável por 32,1% da área plantada e 35,0% da produção nacional em 2007 (IBGE, 2007). Além destes, os estados da Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e em menor escala, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Maranhão, Mato Grosso também cultivam o melão.

Quando se compara o Ceará com a região Nordeste, este foi, durante a safra de 2007, responsável por 36,5% de sua produção e 36,6% de sua área colhida. Apesar de sua atual importância na produção nordestina de melão, o estado do Ceará até pouco tempo não tinha tanta expressão no mercado interno. Os principais municípios produtores de melão da região do Baixo Jaguaribe são: Aracati, Itaiçaba, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Quixeré e Russas.

A sua expansão ocorreu a partir de 1999, quando iniciativas do Governo estadual, por meio de incentivos fiscais e de infra-estrutura, voltadas para a exportação, tornaram a cultura do melão mais atrativa aos investidores nacionais e estrangeiros.

No município de Quixeré está a maior empresa produtora de melão do Ceará, a Del Monte que utiliza tecnologia importada de Israel na sua produção. Em setembro de 2003, a empresa exportou 116 contêineres de melão dos 154 enviados para a Europa. Atualmente só a Del Monte é responsável por 1.179 hectares, entre os 3.115 hectares existentes no município de Quixeré, produzindo principalmente a variedade de melão amarelo híbrido (variedade Honeydew - Gold Mine), direcionando sua produção para o mercado europeu (ADAGRI, 2008).

A maior parte da produção cearense é realizada em fazendas ao longo da fronteira com o estado do Rio Grande do Norte, na região do Baixo Jaguaribe, que em 1999, foi responsável por 81,2% da área plantada e 85,1% da produção de melão do Estado. Em 2007, o Agropolo Baixo Jaguaribe aumentou estes percentuais para 99,5% da área plantada e da produção de melão dentro do Estado do Ceará (IBGE, 2008).

De 1999 para 2007, a região do Baixo Jaguaribe registrou crescimento de 549,5% na área plantada e de 554,1% na produção. A safra de 2007 foi de 173.378 toneladas, com uma área de 6.923 hectares, sendo 4,7% superior a safra de 2006, em produção e, 4,4% superior em área (IBGE, 2008).

A região do Agropolo Baixo Jaguaribe, em 2007, contou com 11 (onze) “Packing Houses” instaladas, infra-estrutura responsável pelos procedimentos de pós-colheita e preparo do melão para a exportação, ou seja, 50% dos produtores de melão estão com a infra-estrutura necessária para, de fato, assegurar a boa qualidade do melão demandado pelo mercado externo.

Fato que contribuiu imensamente para o incremento das exportações cearenses de melão, devido a uma integração entre os pequenos, médios e grandes produtores dentro da

cadeia produtiva do melão, tornando o setor produtivo da cadeia mais especializado no sentido de atender às especificações de qualidade que o produto final tem que apresentar, de acordo com as exigências e os padrões do mercado consumidor.

Cerca de 60% da produção total da região do Agropolo Baixo Jaguaribe é comercializada no mercado interno, que apresenta um padrão de exigência de qualidade menor. São melões originários de plantios sem o uso de sementes selecionadas que não apresentam uniformidade de tamanho, cor e grau brix. Os melões que não se enquadram nos critérios de qualidade exigidos pelo mercado externo são destinados ao mercado interno.

Cerca de 20 a 30% da produção destinada ao mercado interno local é transportada a granel para o mercado consumidor, o que prejudica sua qualidade e provoca perdas da ordem de 13% até 50%, segundo depoimentos de trabalhadores dos pontos de venda da CEASA-CE.

Um dos principais problemas enfrentados pelos produtores para manter uma boa qualidade do melão produzido é a infestação de pragas e doenças como a mosca-branca e o vírus do amarelão, causadores de prejuízos decorrentes da diminuição da produção, além de afetarem a qualidade do produto, podendo provocar até a perda total da produção.

Na safra de 2001/2002 o vírus do amarelão afetou 28% da safra estadual de melão, estimada em 107.500 toneladas. Das 30.100 toneladas afetadas, 8.100 toneladas foram totalmente perdidas, enquanto 21.500 toneladas foram comercializadas no mercado interno com um preço mais baixo por apresentarem perda de sabor (SEAGRI, 2002). Estes problemas estão sendo solucionados pela pesquisa e colocados em prática mediante um programa de manejo integrado de pragas na cultura do melão, por meio de monitoramento da mosca branca, da mosca-das-curcubitáceas e mosca-das-frutas nas áreas de produção. Atualmente este problema já esta controlado.

Com base nos dados apresentados na Tabela 26 verifica-se um crescimento médio da produtividade do melão no Estado do Ceará, que de 1996 a 2007, cresceu 139,0% e na região do Agropolo Baixo Jaguaribe cresceu 111,6%. O maior crescimento de produtividade ocorreu no município de Quixeré, onde se instalou a empresa Del Monte Fresh Produce.

A expansão da fronteira agrícola da cultura do melão no estado do Ceará, de 1996 a 2007, foi de 420,1 %. Se o estado do Ceará continuar crescendo neste ritmo poderá, dentro de

poucos anos, chegar próximo da produção do Estado do Rio Grande do Norte, maior produtor nacional de melão.

Tabela 26 - Principais municípios produtores de melão no estado do Ceará – 1996 – 2007

Municípios Área (ha) Produção (t) Produtividade (t/ha) 1996 2007 % 1996 2007 % 1996 2007 % Estado (CE) 1.331 6.923 420,1 13.898 173.378 1.147,5 10.442 25.044 139,8 B. Jaguaribe 923 6.885 645,9 10.930 172.493 1.478,2 11.842 25.053 111,6 Quixeré 54 3115 5.668,5 180 77.875 43.163,9 3.333 25.000 650,0 Icapuí 20 1700 8.400,0 240 42.500 17.608,3 12.000 25.000 108,3 Aracati 290 1150 296,6 2.900 29.095 903,3 10.000 25.300 153,0 Itaiçaba 20 400 1.900,0 210 10000 4.661,9 10.500 25.000 138,1 Russas 75 230 206,7 675 5.773 755,3 9.000 25.100 178,9 Limoeiro do Norte 1 170 16.900,0 20 4250 21.150,0 20.000 25.000 25,0 Jaguaruana 403 120 -70,2 6.045 3000 -50,37 15.000 25.000 66,7

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2008.

No Agropolo Baixo Jaguaribe, a produção de melão em 2007 foi de 172.493 toneladas, correspondendo a 99,5% da produção estadual de melão. Grande parte dessa produção é oriunda do município de Quixeré, com 3.115 hectares ocupados pela cultura.

A produção cearense de melão, de 1996 a 2007, cresceu 1.147,5%, graças à expansão da área colhida que passou de 1.331 ha em 1996, para 6.923 ha em 2007, e pelo ganho de produtividade de 139,8% em 10 (dez) anos, ou seja, passou de 10,4 toneladas por hectare, em 1996, para 25,0 toneladas em 2007.

Em 1992, o Ceará já contava com 2.704 ha, um crescimento de 6.913,33% em apenas 6 (seis) anos, em relação a 1987. A partir de 1993, a área plantada começou a declinar até o ano de 1998, provocando, principalmente pelo manejo e tratos culturais inadequados, baixos rendimentos, incidência de pragas, doenças e preços baixos (Tabela 27).

A partir de 1999, a cultura do melão no Ceará teve um novo impulso, em virtude do acesso dos produtores ao crédito mais fácil nas agências do Banco do Nordeste e por uma mudança no perfil da tecnologia até então empregada. Os métodos tradicionais foram substituídos por métodos mais modernos, como a substituição da irrigação por inundação pela irrigação localizada junto com a fertirrigação, o uso de sementes melhoradas e resistentes a doenças e vírus, acesso mais fácil ao mercado interno e externo, etc.

Políticas públicas como o Avança Brasil (1996) do Governo Federal, o PROCEAGRI (2000) do Governo Estadual do Ceará, Projeto Agropolos (2000) e Produção Integrada de Melão realizado em 2002 pelo Governo Federal, por meio do Banco do Nordeste, macro-investimentos como o Porto do Pecém e o Aeroporto Pinto Martins, que já possui uma câmara frigorífica com capacidade de armazenar produtos refrigerados, incentivos fiscais como a isenção do ICMS (1999), tornou a cadeia produtiva do melão mais competitiva.

Estas ações do setor privado e do setor público consolidaram a atividade no mercado externo, a crescente profissionalização dos agentes produtivos e a sinalização de programas de incentivo mais arrojados por parte dos governos estadual e federal, poderão colocar a produção de melão do Estado do Ceará a um patamar acima dos bons resultados já obtidos até então.

Cerca de 40% a 50% da produção do Ceará é destinada ao mercado centro-sul do país (São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais). Outros 40 % da produção cearense é enviada ao mercado internacional, em especial ao mercado da União Européia que em 2007 importou 63,7 mil toneladas de melão cearense, somando um valor de US$ 41,9 milhões.

Esse foi um dos motivos pelos quais os principais produtores da região do Agropolo Baixo Jaguaribe aderiram ao programa de “Produção Integrada de melão”, possibilitando a ampliação da exploração de novos mercados, tanto dentro da União Européia quando no mercado norte americano, que ainda está em expansão.