• Nenhum resultado encontrado

Neste capítulo, analisaremos a situação do município de João Pessoa, em relação à gestão dos resíduos sólidos urbanos e desenvolvimento de ações por parte do município, que visem a expansão do programa de coleta seletiva.

5.1 Caracterização do município e histórico da coleta seletiva

A capital do Estado da Paraíba, João Pessoa, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010), possui cerca de 723.515 habitantes, ocupando uma área de 211,475 Km2, com 64 bairros, sendo considerada a terceira capital mais antiga do Brasil, atualmente com 430 anos. A paisagem da cidade é caracterizada pelo verde das árvores espalhadas por todos os lugares, que levou a cidade a ser conhecida como Cidade das Acácias, contando com o Jardim Botânico Benjamim Maranhão, popularmente conhecido como Mata do Buraquinho, que é uma das áreas mais representativas de Floresta Atlântica do Estado, representando a maior área de floresta nativa urbana do País, com cerca de 519,75 hectares, segundo dados da Prefeitura.

Fonte: http://jopbj.blogspot.com.br/2014/03/ocupacao-na-mata-do-buraquinho-mpf.html

Diante de tanta riqueza natural é necessário que haja meios que cada vez mais preservem, não somente a zona verde da cidade, como também o conjunto que engloba o meio ambiente.

Visando a reciclagem dos resíduos e consequentemente a redução do volume aterrado, a Prefeitura Municipal de João Pessoa, por meio da Autarquia Especial de Limpeza Urbana – EMLUR, implantou o programa de coleta seletiva, em setembro de 2000, sendo desenvolvido inicialmente o projeto piloto nas praias de Tambaú e parte de Manaíra. Mais tarde, em 2003, foi expandido para a praia de Cabo Branco e bairro do Miramar, consideradas áreas nobres da cidade. A prefeitura buscou o apoio da Associação dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis (ASTRAMARE), que congrega parte dos ex- catadores do Lixão do Roger, que encerrou suas atividades em 2003, dando lugar ao aterro sanitário, atendendo os municípios de João Pessoa, Bayeux e Cabedelo, de acordo com Lima, Neto e Nóbrega (2005).

Tal iniciativa foi de suma importância para desenvolver meios mais sustentáveis com a coleta seletiva na cidade, gerando renda fixa e mais qualidade de vida para os catadores que antes sofriam com as condições sub-humanas que os lixões oferecem, ajudando a reduzir o volume de resíduos que chegam ao aterro sanitário.

5.2 Pontos positivos e negativos da organização da Coleta Seletiva no município A EMLUR é a responsável pela limpeza urbana e a gestão dos resíduos sólidos no município de João Pessoa, desenvolvendo várias ações para promover um maior aproveitamento dos resíduos, envolvendo a população. Ao todo somam-se 21 serviços de limpeza que são de responsabilidade da EMLUR, variando desde a coleta de resíduos

domiciliares até os serviços de educação ambiental, segundo informações obtidas no site da Autarquia.

Em agosto de 2014 foi lançado pela Prefeitura de João Pessoa, o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PGIRS, visando regular ainda mais a gestão dos resíduos, apresentando um panorama da realidade do município. Segundo o PGIRS, os serviços de limpeza urbana são realizados em cerca de 2.003,64 km de vias, sendo os serviços de coleta de resíduos domiciliares, varrição e congêneres atendidos em 94% da malha urbana da cidade. Possui também 10 pontos de apoio, que realizam funções administrativas e de fiscalização, espalhados pela cidade, além de uma garagem e oficina.

A EMLUR desenvolve várias ações, visando aumentar o volume de materiais recicláveis na coleta seletiva, visando a inclusão social dos catadores, ajudando na preservação do meio ambiente e contribuindo para uma maior limpeza e organização da cidade, como é o exemplo do Programa Acordo Verde, implantado em 2007 pela Autarquia, onde o morador faz a separação dos resíduos e entrega para os catadores que fazem parte das associações que tem contrato com a prefeitura, e realizam a coleta porta a porta em dias já estabelecidos.

Além do Acordo Verde, segundo dados do site da EMLUR, em 2013 foram desenvolvidos outros programas. Vejamos alguns deles, como o limpinho 3r, que visa estimular a coleta seletiva na região por meio de bonificações, onde o cidadão faz a separação dos resíduos e deixa nos pontos de entrega, acumulando bônus que podem ser trocados posteriormente por serviços em salões de beleza, lavagem de carro, dentre outros. Os ‘cocoletores’ é um equipamento que foi disponibilizado pela Autarquia, com o objetivo de auxiliar os proprietários de animais a recolherem os dejetos expelidos durante o passeio em locais públicos. O Projeto Cata-treco, tem o objetivo de recolher objetos sem serventia para o cidadão que é descartado de forma irregular, basta que a população entre e contato pelo telefone disponibilizado pela EMLUR e agende a remoção na própria residência. Sabão ecológico, é um projeto por meio do qual é recolhido óleo de cozinha para ser transformado em sabão, inicialmente foi coletado no restaurante da EMLUR e enviado para o Instituto Federal de Educação Superior da Paraíba – IFPB realizar a produção, hoje a coleta acontece em aproximadamente 32 empresas da capital, sendo a maioria restaurantes e o sabão também pode ser fabricado na oficina da EMLUR.

Além dos projetos mencionados acima, a Emlur desenvolve campanhas que visam a educação ambiental, como a ‘Cidade limpeza, Verão beleza’, que visa conscientizar os banhistas a não jogarem resíduos nas praias; Oficina de reciclagem e reaproveitamento, que objetiva mostrar que os materiais que costumamos jogar fora, podem ser reciclados e transformados, em objetos de decoração, brincos, dentre outros.

Infelizmente todas essas ações ainda não conseguiram fazer com que o município de João Pessoa se desenvolvesse totalmente no âmbito da coleta seletiva. Segundo a Gilberto Félix, Coordenador da coleta seletiva, em entrevista no ano de 2014 ao Jornal da Paraíba , afirma que o sistema de coleta seletiva ainda é precário no que diz respeito ao cuidado e separação dos resíduos, o programa recebe apenas 10% de todo o lixo produzido; para o coordenador isso é devido a consciência da população sobre o destino correto dos materiais, que está muito longe do ideal. O programa ainda não atende todos os bairros da cidade, porém quem quiser solicitar o serviço, basta que entre em contato com a EMLUR, sendo que hoje existem sete núcleos de coleta seletiva, que abrangem 20 bairros dos 64 bairros da capital paraibana.

A figura a seguir relata muito bem a realidade do município de João Pessoa, em relação ao desperdício relevante de materiais que deveriam estar sendo aproveitados, mas estão sendo levados aos aterros sanitários, contribuindo para a diminuição do tempo de vida útil do mesmo, de acordo com o site Ecojus.

Diante desses dados que revelam que a cidade reaproveita menos de 0,5%% de todo o lixo produzido (cerca de 21.000 toneladas mensais de lixo produzido diante de meras 75 toneladas reaproveitadas), é notória o baixo alcance dos programas de coleta e reaproveitamento dos resíduos sólidos e a falta de educação ambiental na cidade de João Pessoa, a fim de conscientizar o cidadão da sua importância, para que ele sinta-se dono do processo, para que só assim sejam reaproveitados todos os resíduos gerados por toda a cidade. Outro fator importante é a extensão do programa para as áreas mais afastadas e carentes da cidade, pois como podemos notar os lugares com mais concentração de pessoas são os lugares que mais geram resíduos e precisam de atenção especial, para contribuir com o sucesso do programa.

O município de João Pessoa, poderia seguir alguns exemplos das experiências internacionais, adequando a sua realidade, objetivando um maior e melhor aproveitamento dos resíduos, ao mesmo tempo em que traz a educação ambiental para o dia a dia das pessoas, trazendo vários benefícios para a população. Uma proposta de integrar a população nesse meio é a elaboração de Concursos de lixeiras públicas, criadas por meio de materiais recicláveis, podendo ser implantadas inicialmente em pontos estratégicos, buscando despertar o olhar e cuidado do cidadão para o meio ambiente.

Segundo a EMLUR, em contato fornecido por meio do Serviço de Informação ao Cidadão – SIC, o modelo de coleta seletiva adotado pela cidade de João Pessoa é o porta a porta, realizado por meio de convênio com as associações de catadores ASTRAMARES, ASCARE-JP E ACORDO VERDE, contando com a adesão de 35% das residências de classe média, sendo os principais materiais recolhidos o papelão, vidros, plásticos e quengas de côco.

O PGIRS demonstra por meio de um gráfico o potencial do município de João Pessoa no que diz respeito ao aproveitamento e comercialização dos materiais apresentados, num ciclo de coleta entre 2005 e 2012:

Fonte: EMLUR, 2013

O papel e o plástico, assumem a liderança dos materiais recicláveis que chegam a coleta seletiva. Esse quantitativo poderia ser maior se todos cooperassem para o crescimento do programa, geraria ainda mais renda para as associações dos catadores e consequentemente aumentaria a vida útil do aterro sanitário do munícipio.Há, portanto, ainda um longo caminho a ser percorrido pela política de reaproveitamento dos resíduos sólidos em João Pessoa.

Documentos relacionados