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As Experiências Formativas de Arte nos Diferentes Ciclos de Vida dos Arte/Educadores

CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENHO METODOLÓGICO: Perseguindo as Experiências Formativas dos

4.2. As Experiências Formativas de Arte nos Diferentes Ciclos de Vida dos Arte/Educadores

No ciclo da infância encontramos a presença de quatro tipos de experiências: experiências familiares (52%); experiências escolares (40%); experiências nos movimentos sociais (4%); e experiências de criação (4%). No entanto, a maior concentração de experiências nessa fase são as experiências familiares e escolares. Esta constatação deve-se ao fato de a infância constituir-se da fase em que o ambiente familiar exerce maior influência no processo de socialização da criança, coincidindo, também, com o início do processo de escolarização desses sujeitos.

Em menor frequência aparecem as experiências nos movimentos sociais e as experiências de criação. Constituiu-se uma grande surpresa encontrar nesse ciclo de vida dos arte/educadores esses tipos de experiências. Para esse fenômeno, encontramos explicações pontuais. As experiências nos movimentos sociais foram identificadas nas narrativas do Arte/Educador Fernando Azevedo, que desde criança frequentava a Escolinha de Arte do Recife (EAR), acompanhando a sua mãe, que participava de cursos de formação de professores nesta instituição. Já as experiências de criação foram identificadas nas narrativas do Arte/Educador Sebastião Pedrosa, que, na sua infância, participou de um concurso de desenho veiculado em uma revista.

Encontramos, ainda, nesse ciclo de vida, uma ausência total de experiências docentes, experiências acadêmicas, experiências em grupos artísticos, experiências em cursos e experiências de gestão educativa, o que se constitui um fenômeno natural, uma vez que, em grande medida, são experiências que estão relacionadas às etapas de formação acadêmica e do exercício profissional e que requerem dos sujeitos uma maior autonomia.

No ciclo da adolescência encontramos apenas a presença de experiências escolares (50%) e experiências nos movimentos sociais (40%). Como no ciclo da infância, nos parece legítimo a presença de experiências escolares nesta fase de vida dos arte/educadores. A explicação para a presença de experiências nos movimentos sociais, neta fase, foi identificada na narrativa do Arte/Educador Sebastião Pedrosa, que na adolescência participou de cursos livre de arte na EAR.

Há uma ausência absoluta de outros tipos de experiências neste ciclo, como pode ser observado na tabela 11 (p. 283). Mesmo as experiências escolares e as experiências nos movimentos sociais aparecem com uma frequência muito baixa. É importante registrar que esse fenômeno ocorreu apenas neste ciclo. A explicação para isto deve-se ao fato de a

adolescência constituir-se de um período de grandes transformações e mudanças na vida do ser humano, em todos os seus aspectos, sejam eles físicos, afetivos, cognitivos e sociais. Neste sentido, acreditamos que todas as energias desse sujeito, nessa etapa da vida, estão voltadas para dar conta dessas transformações.

O ciclo da juventude, em contraposição ao ciclo da adolescência, é constituído de um número significativo de experiências. São elas: experiências familiares (2%); experiências docentes (7%); experiências nos movimentos sociais (37%); experiências acadêmicas (34%); experiências de criação (5%); experiências em grupos artísticos (4%) experiências em cursos (7%); e experiências de gestão educativa (4%).

A grande concentração de experiências nessa fase está relacionada às experiências nos movimentos sociais e às experiências acadêmicas, conforme apresentado na tabela 11 (p. 283).

Aparecem, com certo destaque na juventude, as experiências docentes e as experiências em cursos. Essas ocorrências são naturais neste momento de vida dos arte/educadores, onde estão iniciando a sua carreira profissional, que é marcada também por um período de aquisição de novos conhecimentos e saberes para o melhor desenvolvimento de suas atividades profissionais.

A ausência absoluta de experiências escolares nesta etapa de vida dos arte/educadores é natural, pois eles já ultrapassaram a sua fase de escolarização na Educação Básica. É importante deixarmos claro que, a partir da juventude, não encontraremos mais nas narrativas dos arte/educadores, as experiências escolares, conforme acabamos de justificar.

No ciclo da maturidade, em consonância com o ciclo da juventude dos arte/educadores, vai ocorrer também uma concentração quase que geral nas experiências nos movimentos sociais (42%) e nas experiências acadêmicas (42%). Aparecem com certo destaque as experiências de gestão educativa (8%), conforme indicado nos dados expressos na tabela 11 (p. 283). Nesta etapa de vida os arte/educadores acumularam um número significativo de experiências e saberes, que lhes confere autoridade moral e competência profissional, para gerenciar o processo formativo de outros arte/educadores, bem como assessorar projetos no campo da cultura, da arte e seu ensino.

Nesse ciclo de vida aparecem com uma frequência bastante inferior as experiências docentes (2%), as experiências de criação (4%) e as experiências em curso (2%). Identificamos, ainda, nas narrativas dos arte/educadores, uma ausência absoluta de experiências familiares, experiências escolares e experiências em grupos artísticos. No ciclo da maturidade, como no ciclo da adolescência, os arte/educadores passam a concentrar grande

parte de suas energias com as atividades profissionais, o que justificaria a ausência de experiências familiares e em grupos artísticos.

Por fim, no ciclo da velhice vai acontecer uma diminuição significativa de experiências formativas em arte, tanto na frequência de suas ocorrências, como nas variedades de tipos de experiências. Neste momento, estamos analisando apenas as narrativas das Arte/Educadores Solange Costa Lima e Rosa Vasconcelos, uma vez que os Arte/Educadores Fernando Azevedo e Sebastião Pedrosa não chegaram ainda nesta etapa de suas vidas.

O que vai caracterizar essa fase de forma significativa, para além do envelhecimento físico, será a diminuição de suas atividades através do processo de aposentadoria. O que não significa o fim de suas atividades profissionais como arte/educadores, em certa medida, suas atividades chegam até a se intensificarem. No entanto, agora, as suas atividades profissionais irão ocorrer de forma mais tranquila, pois nesse momento de suas vidas, elas se tornam mais seletivas, e passam a optar por atividades que lhes proporcionem maior prazer e retorno pessoal.

Desta forma, encontramos na velhice dos arte/educadores, mesmo que em escala de menor proporção, experiências nos movimentos sociais (8%), experiências acadêmicas (8%) e experiências em cursos (8%). Emergem, também, nessa fase, novas configurações das experiências familiares (15%). Neste momento, são os arte/educadores que agora passam a proporcionar experiências formativas em arte para as novas gerações de sujeitos de sua família. O que não deixa de ser uma experiência também para quem a promove. Para ilustrar esse fenômeno, identificamos nas narrativas da Arte/Educadora Solange Costa Lima, um bom exemplo dessas novas configurações das experiências familiares. Agora no papel de Avó, ela passa a proporcionar à sua neta, Helena, contato com a arte e com o fazer artístico. Esse exemplo simboliza, em potencial, o início de um novo ciclo de formação, seja a formação cultural e artística de um ser humano, seja a formação de uma futura arte/educadora.

Na fase da velhice, vamos encontrar ainda, uma concentração significativa de experiências de gestão educativa (61%), o que se constitui um fenômeno natural. Com o acúmulo de experiências, saberes e conhecimentos adquiridos ao longo de suas trajetórias formativas, esses sujeitos, criam um rol de competências que lhes possibilita gerenciar projetos e processos formativos para as novas gerações de arte/educadores.

Os dados indicam, nessa etapa de vida, a ausência absoluta nas narrativas dos arte/educadores, de experiências escolares, de experiências docentes, de experiências de criação e de experiências em grupos artísticos.

A seguir, apresentaremos os contextos onde emergem as experiências formativas dos