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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.2. Experimento em lisímetros de drenagem

Para testar o desempenho do modelo de crescimento e desenvolvimento de plantas em estimar o acúmulo de matéria seca nos diferentes órgãos da planta, foi conduzido um experimento em um conjunto de 20 lisímetros de drenagem localizados na Área Experimental de Hidráulica e Irrigação e Drenagem do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Os lisímetros de drenagem consistiram de caixas d’água de amianto com as seguintes dimensões: 1,10 m de largura, 1,60 m de comprimento e 0,6 m de profundidade.

O preenchimento dos lisímetros foi realizado 6 meses antes da realização do experimento e o solo utilizado foi retirado do horizonte B de um Latossolo Vermelho- Amarelo álico (LVa) localizado próximo da área experimental. Maiores detalhes do preenchimento dos lisímetros estão descritos em FIGUEIREDO (2002). Amostras de solo dos lisímetros foram coletadas e submetidas à análises de fertilidade no Laboratório de Análise de Solos da Universidade Federal de Viçosa. Os resultados desta análise, apresentados no Quadro 3, foram utilizados para a adubação do solo conforme recomendações para a cultura do milho para o Estado de Minas Gerais (CFSEMG, 1999), objetivando a produção potencial da cultura. As quantidades de fósforo (70 kg ha-1 de P2O5) e potássio (60 kg ha-1 de K2O) foram aplicadas no momento da

semeadura, enquanto que o N, aplicou-se 20 kg ha-1 na semeadura e o restante (140 kg ha-1) em cobertura, quando as plantas apresentavam 8 folhas expandidas.

Quadro 3 – Resultado da análise química do solo dos lisímetros.

Características Valor

Capacidade de troca catiônica efetiva (cmolc dm-3) 5,28

Capacidade de troca catiônica a pH 7,0 (cmolc dm-3) 5,98

Soma de bases trocáveis (cmolc dm-3) 5,28

Índice de saturação de bases (%) 88,3

Alumínio trocável (cmolc dm-3) 0,0

Cálcio trocável (cmolc dm-3) 4,23

Magnésio trocável (cmolc dm-3) 0,79

pH em água 6,7

Potássio trocável (mg dm-3) 101

Fósforo trocáve (mg dm-3) 39,3

Fósforo remanescente (mg dm-3) 28,4

A semeadura do milho Agromen 2012 (Híbrido Duplo Super Precoce) foi realizada no dia 04/10/2002, de forma manual, em linhas, com uma população aproximada de 60.000 plantas ha-1, com espaçamento entre linhas de um metro e profundidade de plantio de 5 cm . Foram semeadas duas sementes de milho a cada 17 cm na linha, para garantir o número de plantas desejado. Após a emergência das plantas, que ocorreu no dia 12/10/2002, realizou-se desbaste deixando apenas uma planta de

milho a cada 17 cm na linha de plantio, obtendo no final densidade de 60.000 plantas ha-1.

Quando as plantas apresentavam duas folhas expandidas, oito plantas em quatro lisímetros, foram selecionadas para determinações não destrutivas de área foliar, senescência de folhas e emergência de folhas. Estas plantas foram monitoradas duas a três vezes por semana, durante o ciclo de desenvolvimento da cultura.

A área foliar das plantas foi medida, desde a emergência das folhas, no cartucho até o aparecimento da bainha e foi determinada a partir da medição do comprimento e largura máxima multiplicada pelo fator 0,75 (STICKLER et al., 1961). As observações de senescência foliar foram realizadas visualmente, em cada folha, estabelecendo-se uma escala de 0 a 100 % que corresponde a folhas totalmente verdes e totalmente senescentes, respectivamente. Descontando a porcentagem senescida das folhas, foi obtida a área foliar ativa da planta. O índice de área foliar foi determinado pela razão entre a área foliar ativa da planta e a área superficial de solo ocupada pela mesma.

Durante a condução do experimento, em intervalos de uma semana, duas plantas eram colhidas de lisímetros sorteados aleatoriamente. As plantas eram cortadas rente ao solo e separadas nos diferentes órgãos (colmos, folhas, pendão, sabugo, palha da espiga e grãos) (Figura 2) que eram pesados para a obtenção da massa verde e, em seguida, acondicionados em estufa de ventilação forçada a 65 oC até massa constante.

Figura 2– Visualização do corte da planta rente ao solo e seu desmembramento em folhas, colmos e pendão (coleta do dia 26/11/2002).

A coleta das raízes foi realizada por meio do método do monolito. Os monolitos são blocos de solo de formas regulares para facilitar os procedimentos de extração e

quantificação. Coletou-se monolitos com volume de 1700 cm-3, ou seja: 17 cm de largura que correspondia a distância entre plantas, 10 cm de lado e 10 cm de profundidade. Para possibilitar a cole ta deste volume de solo, confeccionou-se um molde de placa de aço com bordas cortantes e nas dimensões mencionadas acima, o qual era introduzido no solo por meio de aplicação de força e, posteriormente, o monolito era retirado, colocado em saco plástico e etiquetado (Figura 3). As coletas foram realizadas em todo o volume ocupado pela planta, ou seja: 45 cm do lado direito e esquerdo da planta com 17 cm de largura e 40 cm de profundidade (61200 cm-3). Obteve-se, desta forma, amostragens nas seguintes camadas de solo: 0 – 10, 10 – 20, 20 – 30 e 30 – 40 cm.

Figura 3– Visualização do esquema de coleta das amostras de solo para determinação dos parâmetros de raiz.

As raízes foram separadas do solo e de outros resíduos por meio de lavagem cuidadosa sob água corrente e peneira com abertura de 1 mm. Após a limpeza, as raízes foram colocadas em estufa, até massa constante.

Durante a condução do experimento, numa estação meteorológica próxima ao experimento, foram medidas as temperaturas máximas e mínimas diárias, precipitação pluvial diária e leitura de evaporação do tanque Classe “A”. Os demais dados meteorológicos necessários à utilização do modelo foram adquiridos na Estação Experimental de Hidráulica e Irrigação e Drenagem do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV (Apêndice A).

A evapotranspiração da cultura foi estimada a partir dos dados de tanque Classe “A” e dos coeficientes de cultura sugeridos por DOORENBOS e KASSAN (1979). Quando a evapotranspiração acumulada chegava em 25 mm, eram realizadas irrigações de igual magnitude por meio de um regador. Em função do ano chuvoso, foram realizadas irrigações somente no início do ciclo da cultura.