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3. Apresentação, interpretação e avaliação da intervenção

3.3. Exploração das histórias

Considerando os interesses revelados pelos alunos na análise efetuada aos dados provenientes do inquérito por questionário, as obras que selecionei para apresentar à turma foram:

- “Uma aventura debaixo da terra” de Mac Barnett; - “Sem título” de Hervé Tullet;

- “A grande fábrica de palavras” de Agnès de Lestrade; - “Ainda nada?” de Christian Voltz.

41 As obras foram exploradas em sessões de cerca de duas horas, que ocorreram uma vez por semana, sendo que cada semana era dedicada à apresentação e exploração de uma obra diferente.

Ainda que em cada sessão tenham sido abordados diferentes aspetos do texto narrativo, todas as intervenções seguiram uma linha comum. Sempre que era apresentada uma obra, começava por colocar algumas questões aos alunos sobre informação contida na capa, nomeadamente “Onde está o nome do autor e do ilustrador?”, “Qual é e onde está o título do livro?”, “O que é que podemos observar na ilustração da capa?” e “Sobre o que é que acham que se trata o livro” ou “Qual é que pode ser a história do livro?”. Após uma análise dos elementos da capa, seguia-se a

leitura da história em voz alta efetuada por mim, acompanhada da observação das ilustrações de cada página. Por fim, solicitava aos alunos que fizessem o reconto da história oralmente e que exprimissem as suas ideias e sentimentos relativamente à história ouvida. Além disso, no final da exploração de cada obra, foi pedido aos alunos a realização de uma produção textual, tendo em consideração determinadas indicações fornecidas por mim, sendo que essas indicações variavam de sessão para sessão, conforme os aspetos que eram abordados em cada sessão.

A primeira sessão foi realizada a partir do livro “Uma aventura debaixo da terra” de Mac Barnett, em que, além de ter sido seguida a organização mencionada anteriormente, serviu também para construir um guião de elaboração de um texto narrativo em conjunto. Isto é, a partir da obra e após a exploração da mesma, os alunos foram questionados acerca dos vários momentos da história de forma a que, em conjunto e partindo do que as crianças referiram, fosse construído o guião do texto narrativo no quadro. O guião foi elaborado constando da imagem que se segue.

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2. Guião do texto narrativo

Os alunos passaram este guião para os respetivos cadernos, sendo este utilizado como base para a elaboração das produções textuais que foram realizadas daí em diante. Como o livro “ Uma aventura debaixo da terra” tem uma parte em que não se sabe o que aconteceu às personagens, nesta intervenção foi pedido aos alunos que elaborassem uma produção textual que cumprisse a estrutura do texto narrativo, em que completassem essa parte da história. Esta atividade foi realizada em grupos de cinco alunos, aos quais também foram distribuídas listas de conectores textuais6 que os grupos deveriam utilizar de forma a substituir o conector “e” e “depois”.

A segunda sessão partiu do livro "Sem título" de Hervé Tullet, no qual o autor interage muito com o leitor e existe bastante diálogo entre as personagens. Desta forma, esta obra serviu para trabalhar a pontuação do diálogo. Depois de ter sido feita a antecipação de conteúdos, a leitura da história e a expressão de ideias e sentimentos acerca da obra, voltei a mostrar aos alunos as páginas com as ilustrações do livro que tinham escritas as falas das personagens, sendo que essas falas aparecem devidamente

sinalizadas com o travessão ao invés de aparecerem em balões como na banda desenhada. Enquanto isso, expliquei-lhes oralmente como é que o diálogo deve ser pontuado num texto narrativo, com o auxílio a alguns exemplos escritos no quadro, baseados nas falas das personagens da história ouvida, dizendo, por exemplo: se quisessemos incluir a fala “Onde é que ele está?” num texto narrativo, teríamos que fazer paragrafo, colocar um travessão antes da fala e a seguir da fala poderíamos colocar outro travessão para indicar qual foi a personagem que disse a frase.

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Seguidamente solicitei aos alunos que realizassem mais uma produção textual em grupo, mas desta vez pedi que tivessem em consideração não só a estrutura do texto narrativo e a utilização dos conectores textuais, mas também que utilizassem diálogo nos seus textos e que o pontuassem corretamente. Além disso, distribui por todos os alunos uma lista de formas de começar uma história7, para que os alunos utilizassem em substituição ao recorrente “Era uma vez…”. Mais uma vez, após realizarem as produções textuais, os alunos responderam à ficha de auto-avaliação do texto, verificando se tinham cumprido todos os requisitos.

A seguinte intervenção iniciou-se a partir da exploração do livro “A grande fábrica de palavras” de Agnès de Lestrade. A exploração da obra seguiu a mesma linha que as intervenções anteriores, mas como o texto continha algumas palavras que os alunos não conheciam, nomeadamente “filodendro” e “ventríloquo”, no final da leitura da história, os alunos foram desafiados a procurar o significado destas palavras no dicionário. Depois de o significado das palavras ter sido partilhado e discutido em turma, foi realizada uma dinâmica diferente do habitual, em que fizemos uma fábrica de palavras na sala. Esta dinâmica funcionou como um jogo em que inicialmente a turma foi dividida em três grupos. Como a disposição da sala tem três filas de lugares, estas filas foram aproveitadas para formar os grupos, sendo que a cada fila correspondeu um grupo. A seguir foram distribuídos papéis pequenos por todos os alunos da turma para que cada um dos alunos de uma das filas escrevesse o nome de personagens; cada um dos alunos de outra fila escrevessem espaços de ação; e os alunos da terceira fila escrevessem tempos da ação. Quando todos os alunos terminaram, recolhi os papéis e distribuí ao acaso três papéis por cada aluno da turma, um com uma personagem, outro com um espaço e outro com um tempo da ação. O passo seguinte foi escreverem um texto narrativo, desta vez individualmente, no qual tinham que utilizar a personagem, o tempo e o espaço que lhes calhou. Além disso, deveriam ainda, mais uma vez, cumprir a estrutura do texto narrativo, a utilização de variados conectores textuais e a correta sinalização de diálogo caso este existisse no texto. No final da realização das produções textuais, os alunos voltaram a avaliar o seu texto individualmente, à semelhança das intervenções anteriores.

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Como alguns alunos demonstraram interesse em ler os seus textos à turma, depois de todos terem terminado a tarefa, foram ouvidos os textos de algumas crianças, lidos pelo respetivo autor.

Na quarta intervenção parti do livro “Ainda nada?” de Christian Voltz, através da utilização da mesma abordagem que nas intervenções anteriores. Ao analisar a obra com a turma conversámos sobre uma atitude de uma das personagens, nomeadamente que um pássaro tinha colhido uma flor que estava a crescer. Conversámos que não era uma atitude que se deva ter e, portanto, solicitei às crianças que reescrevessem história, mencionando o que teria acontecido se o pássaro não tivesse roubado a flor. Claro que, ao realizarem a produção textual, os alunos tinham que cumprir todos os requisitos trabalhados anteriormente, presentes na ficha de auto-avaliação do texto.

Finalmente, na minha última intervenção com a turma tivemos um debate em conjunto sobre todas as obras literárias abordadas. Para este debate, levei os livros que tinham sido trabalhados, para que os alunos tivessem a referência visual do que estava a ser falado e um guião por mim pensado e mais ou menos estruturado do que consistia o debate com as crianças. Nesse guião constavam alguns pontos a abordar ao longo do debate, nomeadamente:

- relembrar as obras que foram exploradas em cada sessão;

- relembrar os aspetos do texto narrativo que foram trabalhados (formas de iniciar o texto, estrutura do texto narrativo, conectores textuais e pontuação do diálogo);

- realizar uma produção textual individual livre, inspirada nas histórias que foram exploradas.

Ao longo do debate questionei os alunos sobre o que se recordavam de cada obra, os aspetos que mais e menos gostaram, perguntei se eram capazes de fazer o reconto oral de cada história, assim como o que é que aprenderam através das tarefas que lhes foram propostas. As respostas dos alunos às questões colocadas foram muito positivas, pois os recordavam-se de muitos pormenores de cada livro, foram capazes de recontar todas as histórias ouvidas e revelaram ter adquirido alguns conhecimentos sobre o texto narrativo, bem como da sua estrutura. Esta aquisição de conhecimentos revelou-se no trabalho desenvolvido pelas crianças ao longo das intervenções, assim como em partilhas orais por parte das crianças, nas quais foram capazes de enumerar vários aspetos que foram trabalhados ao longo das sessões, nomeadamente sobre as formas de iniciar o texto, a estrutura do texto narrativo, os conectores textuais e a pontuação do diálogo. Os alunos mencionaram diversas expressões para dar início a um

45 texto narrativo, demonstraram saber qual a estrutura do texto narrativo, referindo os vários tópicos que dele fazem parte; foram capazes de dizer uma grande variedade de conectores textuais; assim como descreveram oralmente como é que se coloca o diálogo no texto.

No final do diálogo, foi proposta às crianças a realização de uma produção textual livre, que fosse inspirada nas obras abordadas e cumprindo com todos os tópicos presentes na tabela de avaliação do texto (apêndice 2).

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