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2.1 ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO

2.1.1 Exportações

As exportações podem ser entendidas como o processo no qual o país vende no exterior bens e serviços produzidos dentro de suas fronteiras. Portanto, as exportações envolvem tanto as transações de mercadorias (bens tangíveis), quanto de serviços (bens intangíveis), que podem ser os serviços dos fatores de produção (capital, trabalho e recursos naturais) ou os serviços não fatores de produção, tais como transporte, seguros e turismo. Neste tipo de transação, o país fornece os bens e/ou serviços e, em troca, recebe divisas que contribuem com o saldo do Balanço de Transações Correntes.

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Assim, a exportação é um processo que interessa tanto a empresa, que pode ampliar seus mercados, possibilitando maior escala de produção e, conseqüentemente, maior faturamento, quanto ao país, que pode equilibrar suas contas macroeconômicas, através do Balanço de Transações Correntes.

Essa seção do trabalho, entretanto, não pretende avaliar diretamente os benefícios das exportações as contas nacionais. Pretende-se sim avaliar as estratégias de inserção da empresa no mercado internacional, procurando evidenciar as principais vantagens e desvantagens que a literatura econômica aponta com relação às empresas que optam em se internacionalizar através das exportações.

Segundo Campos (2002), a literatura econômica aponta a exportação como à primeira alternativa de internacionalização para as empresas incipientes em relação a mercados externos. Isto porque, considera-se, frente às alternativas de internacionalização, que a exportação envolve um grau mais reduzido de risco e comprometimento por parte da empresa. Isto não significa dizer que as exportações não envolvem riscos as empresas, ou que essas não devem se capacitar para ingressar no comércio exterior. Ou seja, existem vantagens e desvantagens para as empresas que optam em se inserir no comércio exterior através das exportações.

As principais vantagens da diversificação de mercados são: i) a possibilidade de aumento da produtividade e de melhora da qualidade do produto; ii) a diminuição da carga tributária (existem diversas modalidades de isenção fiscal para empresas exportadoras); e, iii) a melhoria da empresa (BRASIL, 200-).

A diversificação de mercado é apontada como uma vantagem, pois, ao tomar a decisão estratégica de destinar a parte de sua produção para o mercado externo, a empresa cria a possibilidade de ampliar sua carteira de clientes, implicando em menos riscos, pois, quanto maior o número de mercados ela atingir, menos dependente ela será. Além disso, ao diversificar o mercado a empresa fica menos sujeita a sazonalidade do produto, a exemplo de uma empresa que fabrica produtos voltados para o clima frio, que poderá produzi-los o ano inteiro porque terá diferentes mercados onde vendê-los, não dependendo somente das estações nacionais (BRASIL, 200-).

Já o aumento da produtividade associa-se ao aumento da escala de produção, pois, ao começar a exportar, a empresa poderá aumentar sua produção e diminuir, conseqüentemente, sua capacidade ociosa, caso exista. O aumento da produção pode ainda aumentar a capacidade de negociação para a compra de matéria-prima, contribuindo para a redução do custo da

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fabricação das mercadorias, o que tende a tornar a empresa mais competitiva e a aumentar a sua margem de lucro (BRASIL, 200-).

Quanto à melhora da qualidade do produto, esta tende a ocorrer, pois, em geral, as maiores exigências dos mercados externos “obrigam” que as empresas aperfeiçoem seus processos e seus produtos. Essas melhorias tendem, com o tempo, a serem internalizadas, tornando-se rotineiras e, assim, todos os seus negócios posteriores com o exterior ou com o mercado interno passam a ser realizadas dentro dos padrões internacionais (BRASIL, 200-).

Com relação à redução da carga tributária, essa se dá, pois, no Brasil, a fim de se estimular a inserção no comércio exterior através das exportações, o Governo concede inúmeros subsídios (incentivos fiscais) às empresas que ingressam neste tipo de comércio. Assim, as empresas exportadoras podem utilizar mecanismos que contribuem para uma diminuição dos tributos que normalmente são cobrados nas operações no mercado interno. O governo faz uso desse instrumento para que os produtos fabricados no país possam alcançar o mercado internacional em condições de competir em preço com os produtos do mercado externo. Consiste aqui no princípio de não exportação de tributos (BRASIL, 200-).

Por fim, destaca-se que as empresas tendem a se tornar melhores, pois, quando passam a exportar, estas buscam se tornar mais competitivas, passando a adotar, no âmbito interno da empresa, novos padrões gerenciais, novas tecnologias, novas formas de gestão, qualificação da mão de obra, agregação de valor à marca, além de buscar melhorar a imagem da empresa frente a seus clientes, fornecedores e concorrentes (BRASIL, 200-).

Portanto, ao se tornar uma empresa exportadora, a imagem da empresa tende a mudar, pois seu nome e a sua marca passam a ser uma referência em relação à concorrência, e ela passa a ser vista como uma empresa de produtos de qualidade.

Desta forma, pode-se dizer que ao ingressar no mercado externo como exportador, as empresas precisam realizar uma série de adaptações e transformações conforme citadas acima. Além disso, as empresas devem se capacitar para ingressar neste tipo de mercado de modo adequado, evitando assim lançar-se no mercado externo sem o devido preparo, o que implica num grande risco de insucesso, podendo inclusive, levá-las ao encerramento de suas operações (VENTORINI, 2004).

Para ingressar no mercado externo é fundamental que a empresa realize pesquisa de mercado para identificar seus potenciais compradores; procure consolidar sua marca interna e externamente, adotando uma boa estratégia de promoção comercial; se capacite para conhecer

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as formas de comercialização, as modalidades de pagamento, o tratamento tributário, os financiamentos e seguro de crédito, além dos regimes aduaneiros (BRASIL, 200-).

Além disso, o processo de exportação está envolto de uma série de trâmites burocráticos, sendo estes relacionados à logística e a distribuição, ao correto registro das mercadorias a serem exportadas, aos processos de despacho aduaneiro e toda a documentação exigida ao longo desta operação.

Dada esta grande burocracia envolvida, muitas empresas acabam optando por uma comercialização com o exterior de modo indireto. Uma exportação indireta ocorre quando a empresa não vende direto ao seu importador. Esta venda ocorre por meio de um intermediário localizado no próprio país do fabricante, como as tradings companies, brokers e a comercial importadora/exportadora. A vantagem de se realizar uma exportação de modo indireto associa-se justamente a não necessidade de conhecimento das normas e trâmites burocráticos que estão envolvidos no comércio internacional. Tais trâmites passam a ser de responsabilidade desses agentes, não necessitando o fabricante de uma estrutura própria para comercialização externa (CAMPOS, 2002).

Segundo Ventorini (2004), muitas empresas iniciam sua expansão internacional através das exportações indiretas, sendo que, para muitas pequenas empresas esta se mostra a única alternativa para a realização de vendas no mercado externo.

Este autor cita ainda que as maiores vantagens associadas à exportação indireta são: não necessita conhecer de imediato o mercado estrangeiro; baixo risco envolvido na operação; e, não necessita de grandes investimentos.

Existem, entretanto, algumas desvantagens, tais como: ausências de controle sobre a maneira como seus produtos serão vendidos; risco de ocorrer um número reduzido de venda dada à falta de apoio adequado, decisões incorretas de preços e canais de distribuição deficientes; o intermediário pode tomar decisões erradas sobre o composto de marketing, ocasionando a destruição da imagem da marca do fabricante; e, o intermediário pode não ter experiência suficiente e adequada para lidar com os produtos da empresa.

Dito isto, Ventorini (2004 apud KOTABE E HELSEN, 2000) afirma que a exportação indireta pode ou deve servir apenas como uma experiência ou forma de entrada no comércio exterior, podendo a empresa, com o tempo, o aumento da demanda ou acumulo de experiência suficiente, optar pela exportação direta ou por outras formas de inserção.

No caso da exportação direta, a transação é realizada por meio de um intermediário localizado fora do país de origem, como por exemplo, atacadistas, distribuidores, agente do

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fabricante, representante comissionado, filial de vendas, além das exportações realizadas diretamente ao consumidor final. Porém, ao contrário da exportação indireta, esta modalidade possibilita ao exportador um maior controle sobre os canais de distribuição utilizados e, conseqüentemente, sobre o mercado para o qual está exportando (CAMPOS, 2002).

Além disso, Ventorini (2004) destaca a existência de um potencial de venda muito maior e a construção, pela empresa, de sua própria rede de distribuição no exterior e obtenção de feedback mais qualificado no mercado.