• Nenhum resultado encontrado

4.10. Meios de execução da prestação não satisfeita

4.10.3 Expropriação

Na modalidade executiva aludida, aplica-se, integralmente, o procedimento previsto para a execução por quantia certa contra devedor solvente de título judicial, o qual será delineado sinteticamente a seguir.

Em consonância com o Artigo 475-J do CPC/1973, uma vez reconhecida, na sentença, a obrigação de pagar alimentos gravídicos, e decorrido o prazo de 15 dias sem que haja o adimplemento do devedor, a autora pode requerer a expedição do mandado de penhora e avaliação.

No requerimento referente, a autora deve apresentar memória de cálculo atualizada, podendo, outrossim, conforme determina o §3º do Artigo 475-J do Código de Processo Civil de 1973, indicar desde logo os bens do devedor que pretende que sejam penhorados.

Ressalte-se que, ao indicar os bens a serem penhorados, a exeqüente deve obedecer a ordem prevista no Artigo 655 do CPC/1973:

Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - veículos de via terrestre;

III - bens móveis em geral; IV - bens imóveis;

V - navios e aeronaves;

VI - ações e quotas de sociedades empresárias; VII - percentual do faturamento de empresa devedora; VIII - pedras e metais preciosos;

IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado;

X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; XI - outros direitos.

Adicione-se que, segundo o Artigo 655-A do CPC/1973, a exeqüente pode requerer ao juiz que requisite “à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução”.

A hipótese em epígrafe é denominada de penhora online, e tem relevância na execução de prestações alimentícias, uma vez que, conforme Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, o crédito alimentar, que possui evidente interesse público, “não se concilia com a demora da execução que se realiza através da alienação de bens”.

Caso o juiz admita o requerimento da exeqüente, determinará a expedição do mandado de penhora e avaliação, para ser cumprido pelo oficial de justiça, que irá penhorar os bens indicados pela exeqüente ou, não havendo indicação, irá avaliar e penhorar os bens que entender viáveis.

Sendo assim, o oficial de justiça irá elaborar o auto de penhora, relatando os bens que encontrou e penhorou. Segundo o §1º do Artigo 475-J do CPC/1973, após a elaboração do auto em comento, o executado será intimado para apresentar impugnação:

Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias.

Destaque-se, a qualquer tempo, o juiz pode, de ofício ou a requerimento da exeqüente, determinar a intimação do executado para que o mesmo indique bens passíveis de penhora, também obedecendo a ordem prevista no supra apontado Artigo 655 do CPC/1973. Nesse caso, se a indicação for aceita pela exeqüente, a penhora far-se-á por termo, e a partir do mesmo correrá o prazo de quinze dias para que o executado ofereça impugnação.

É importante salientar que o Parágrafo Único do Artigo 732 do Código de Processo Civil de 1973, que se consubstancia em uma regra específica para a execução da prestação alimentar, aponta que “recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos não obsta a que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação”.

No entanto, conforme mencionado anteriormente, na execução de sentença condenatória, o executado será intimado para apresentar impugnação, e não embargos.

Do mesmo modo, ressalte-se que, apresentada a impugnação, conforme dispõe o Artigo 475-M do CPC/1973, o juiz pode atribuir à mesma efeito suspensivo, desde que “relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.

Assim, deve-se interpretar o parágrafo único do Artigo 732, acima mencionado, no sentido de que, em a penhora recaindo sobre dinheiro, caso seja eventualmente atribuído

efeito suspensivo à impugnação, ainda assim a exeqüente pode levantar o valor da prestação alimentícia, independentemente da prestação de caução.

Caso não tenha sido atribuído efeito suspensivo à impugnação, a mesma tenha sido julgada improcedente, ou, ainda, a mesma não tenha sido oferecida, surgem duas situações distintas: primeiramente, se a penhora tiver sido realizada sobre dinheiro, será imediatamente levantado o valor referente para o pagamento do débito à exeqüente; diferentemente, se a penhora tiver sido realizada sobre bens de outra natureza, o juiz determinará que se proceda com a expropriação.

O Artigo 647 do CPC/1973 admite quatro formas de expropriação: a adjudicação, a alienação por iniciativa particular, a alienação em hasta pública e o usufruto de bem móvel ou imóvel.

A adjudicação está prevista no Artigo 685-A e 685-B do Código de Processo Civil de 1973, segundo Alexandre Freitas Câmara, “trata-se de um ato executivo, através do qual são expropriados bens do patrimônio do executado, os quais haviam sido objeto de penhora, transferindo-se tais bens diretamente para o patrimônio do exeqüente”.102

Caso a exeqüente não se interesse pela adjudicação dos bens penhorados, pode a mesma, conforme disposição do Artigo 685-C do CPC/1973, requerer que sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária.

Se nenhuma das formas acima apontadas for viável, a credora pode utilizar-se da alienação em hasta pública, prevista nos Artigos 686 a 707 do CPC/1973, que se consubstancia em uma licitação, na qual os bens penhorados serão ofertados ao público, e incorporados ao patrimônio de quem apresentar a melhor oferta.

A última forma de expropriação prevista no Artigo 647 do CPC/1973 é o usufruto de bem móvel ou imóvel, o qual concede à autora o poder de retirar frutos e rendimentos do bem penhorado, com o objetivo de realizar o crédito executado.

102 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. V. 2. 14.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. p. 338.

CONCLUSÕES

À luz do exposto, pode-se concluir o seguinte:

01 - A Lei nº 11.804, de cinco de novembro de 2008, inegavelmente, foi primordial para suprir uma lacuna anteriormente existente no ordenamento jurídico pátrio no que concerne à concessão de alimentos para o nascituro, uma vez que instituiu os alimentos gravídicos, que podem ser entendidos como os recursos indispensáveis para a manutenção de uma gestação saudável, e que podem ser requeridos pela mãe ao suposto pai de seu filho.

02 - A Lei em comento inovou sobremaneira, ao prever a possibilidade de fixação de alimentos para o ser em formação, sem que seja necessária a existência de provas inequívocas de paternidade.

03 - Também se pode inferir que, apesar de sua inegável importância para assegurar a o direito do nascituro à vida, a Lei nº 11.804, de 2008, é por demais concisa, uma vez que somente possui, tão- somente, seis dispositivos, que não têm aptidão para regulamentar, em sua inteireza, a vasta temática dos alimentos gravídicos.

04 - Tal fato impõe, em diversos momentos, a aplicação subsidiária da Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, que dispõe sobre ação de alimentos e dá outras providências, bem como da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, que institui o Código de Processo Civil.

05 - Desse modo, aplica-se subsidiariamente o CPC/1973 na questão do foro competente da ação de alimentos gravídicos, das provas, da responsabilização da genitora por danos morais e materiais, bem como da execução. Já Lei nº 5.869, de 1973 é aplicada, principalmente, na questão dos alimentos provisórios e, assim como o CPC/1973, da execução.

06 - Igualmente, pode-se concluir que essa brevidade da Lei nº 11.804, de 2008, faz com que surjam entendimentos doutrinários discordantes em relação a alguns assuntos relevantes, dentre os quais: a legitimidade passiva da ação de alimentos gravídicos, o valor da pensão alimentícia após o nascimento da criança, e o termo inicial da obrigação de prestar os alimentos aludidos.

07 - Levando-se em consideração a importância da Lei referente para a proteção da vida do nascituro, intentou-se, no presente trabalho, apresentar posicionamentos em relação a cada uma das divergências existentes no seio da doutrina.

08 - Em relação à legitimidade passiva e ao valor da pensão alimentícia após o nascimento da criança, tentou-se demonstrar que à Lei dos Alimentos Gravídicos (Lei nº 11.804, de 2008) não deve ser aplicado subsidiariamente o Código Civil de 2002.

09 - Tal fato deve ser levado em consideração, primeiramente, porque a Lei nº 11.804, de 2008, em seu Artigo 11, não permite a aplicação subsidiária do CC/2002 e, em segundo plano, em virtude do caráter excepcional da Lei em comento, que permite a fixação de alimentos a partir da existência de indícios de paternidade.

10 - Desse modo, demonstrou-se que a legitimidade passiva da ação dos alimentos aludidos deve ser, tão-somente, do suposto pai, bem como que deve ser mantido, após o nascimento da criança, o mesmo valor fixado a título de alimentos gravídicos.

11 - No que se refere ao termo inicial dos alimentos gravídicos, por sua vez, está em maior consonância com a doutrina da proteção integral, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 1990), o entendimento no sentido de que o termo referente deve ser a data da concepção.

12 - Em que pese, conforme demonstrado, a existência de posicionamentos diversos e muitas vezes opostos em relação a alguns assuntos, que reclamam uma consolidação por parte da doutrina, pode-se deduzir, por fim, que a Lei nº 11.804, de 2008, constitui um progresso no que concerne à proteção da vida do ser em formação, estando em plena consonância com a Declaração dos Direitos da Criança, de 1959, a Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989, o Pacto de São José da Costa Rica, de 1969, e o Estatuto da Criança e do Adolescente, previsto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Silmara J. A. Chinelato e. Tutela Civil do Nascituro. São Paulo: Saraiva, 2000.

ASSIS, Cícero Goulart de. Questões polêmicas dos alimentos gravídicos. Disponível em: < http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/article/viewFile/30151/29546>. Acesso em: 18 abr 2010.

BARROS, Flávio Monteiro de. Alimentos Gravídicos. Disponível em: < http://www.cursofmb.com.br/cursofmbjuridico/artigos/download.php?file=ALIMENTOS%20 GRAV%CDDICOS.pdf.>. Acesso em: 18 abr. 2010.

BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil. 2.ed. rev. e atual. pelo Prof. Caio Mario da Silva Pereira. Rio de Janeiro: Editora S.A., 1976, p. 75.

CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. 6.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. V. 2. 14.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.

__________________________ Lições de Direito Processual Civil. V. 1. 16.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007,

CURY, Munir (Coord.). Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 6.ed. São Paulo: Malheiros, 2003.

DIAS, Maria Berenice. Alimentos Gravídicos?. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n.1853, 28 jul. 2008. Disponível em: < http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11540>. Acesso em: 18 abr. 2010.

____________________ Manual de Direito das Famílias. 5.ed.rev. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 20. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2005.

FILHO, Misael Montenegro. Curso de Direito Processual Civil. São Paulo: Atlas, 2005. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. V.1. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

__________________________ Direito Civil Brasileiro. V.6. 7. ed. rev. São Paulo: Saraiva,

2010.

GUSMÃO, Paulo Dourado. Dicionário de Direito de Família. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.

MAGALHÃES FILHO, Glauco Barreira. Hermenêutica e unidade axiológica da

Constituição. 2. ed. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002.

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução. 2. ed.rev. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

MENSAGEM Nº 853, DE 05 DE NOVEMBRO DE 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/Msg/VEP-853-08.htm>. Acesso em: 18 abr. 2010.

MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado. 2.ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1954. MONTEIRO, Washington de Barros; SILVA, Regina Beatriz Tavares da. Curso de Direito

Civil. V.2. 39. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

MONTEIRO, Washington de Barros; PINTO, Ana Cristina de Barros Monteiro França.

Curso de Direito Civil. V.1. 42. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Direito de Família. V. 5. Rio de Janeiro: Forense, 2006.

PAULO, Vicente de; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 2.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

PEREIRA, Áurea Pimentel. Alimentos no Direito de Família e no Direito dos

Companheiros. Rio de Janeiro: Renovar, 1998.

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. V.5. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

___________________________ Instituições de Direito Civil. V.1. 20.ed. Rio de Janeiro:

Forense, 2004.

PEREIRA, Lafayette Rodrigues. Direitos de Familia. Prefácio de Sálvio de Figueiredo. Coleção História do Direito Brasileiro. Brasília: Fac-similar, Conselho Editorial do Superior Tribunal de Justiça, 2004.

PINHEIRO, Ângela. Criança e Adolescente no Brasil: porque o abismo entre a lei e a

realidade. Fortaleza: UFC, 2006.

QUEIROZ, Victor Santos. A personalidade do nascituro à luz do Estatuto da Criança e

do Adolescente. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 61, jan. 2003. Disponível em:

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3603. Acesso em: 22 abr. 2010.

RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

ROMEU, Leandro Soares. Alimentos Gravídicos Avoengos. In: Âmbito Jurídico, Rio

Grande, 64, 01/05/2009. Disponível em: < http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6117>. Acesso em: 18 abr. 2010.

RUGGIERO, Roberto de. Instituições de Direito Civil. 2.ed. São Paulo: Bookseller, 2009. SANTOS, Moacyr Amaral. Direito Processual Civil: Processo de Conhecimento. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. V.4. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 1986. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. V.1. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2005. _______________________ Direito Civil. V. 6. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2005.

WALD, Arnoldo. Curso de Direito Civil: Introdução e Parte Geral. 5.ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987.

YARSHELL, Flávio Luiz. Temas de direito processual na Lei 11. 804/08 (ação de

alimentos “gravídicos”) – Parte I. Jornal Carta Forense, 01/12/08. Disponível em: <

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=3135>, Acesso em: 18 abr. 2010.

______________________ Lei 11.804/8 (ação de alimentos “gravídicos) – Parte II. Jornal

Carta Forense, 08/01/09. Disponível em:

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=3319, Acesso em: 18 abr. 2010.

______________________ Temas de direito processual na Lei 11. 804/08 (ação de

alimentos “gravídicos”) – III. Jornal Carta Forense, 03/02/2009. Disponível em: <

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=3466>. Acesso em: 18 abr. 2010.

ANEXO A – Lei nº 11.804, de cinco de novembro de 2008, que disciplina o direito a alimentos gravídicos e a forma como ele será exercido e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido.

Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.

Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.

Art. 3º (VETADO) Art. 4º (VETADO) Art. 5º (VETADO)

Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.

Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.

Art. 7o O réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias. Art. 8º (VETADO)

Art. 9º (VETADO) Art. 10º (VETADO)

Art. 11. Aplicam-se supletivamente nos processos regulados por esta Lei as disposições das Leis nos 5.478, de 25 de julho de 1968, e 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Tarso Genro

José Antonio Dias Toffoli Dilma Rousseff

ANEXO B – Mensagem de Veto nº 853, de 05 de novembro de 2008.

Senhor Presidente do Senado Federal,

Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do § 1o do art. 66 da Constituição, decidi vetar parcialmente, por contrariedade ao interesse público e inconstitucionalidade, o Projeto de Lei no 7.376, de 2006 (no 62/04 no Senado Federal), que “Disciplina o direito a alimentos gravídicos e a forma como ele será exercido e dá outras providências”.

Ouvidos, o Ministério da Justiça, a Advocacia-Geral da União e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres manifestaram-se pelo veto aos seguintes dispositivos:

Art. 3o

“Art. 3o Aplica-se, para a aferição do foro competente para o processamento e julgamento das ações de que trata esta Lei, o art. 94 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.”

Razões do veto

“O dispositivo está dissociado da sistemática prevista no Código de Processo Civil, que estabelece como foro competente para a propositura da ação de alimentos o do domicílio do alimentando. O artigo em questão desconsiderou a especial condição da gestante e atribuiu a ela o ônus de ajuizar a ação de alimentos gravídicos na sede do domicílio do réu, que nenhuma condição especial vivencia, o que contraria diversos diplomas normativos que dispõem sobre a fixação da competência.”

Art. 5o

“Art. 5o Recebida a petição inicial, o juiz designará audiência de justificação onde ouvirá a parte autora e apreciará as provas da paternidade em cognição sumária, podendo tomar depoimento da parte ré e de testemunhas e requisitar documentos.”

Razões do veto

“O art. 5o ao estabelecer o procedimento a ser adotado, determina que será obrigatória a designação de audiência de justificação, procedimento que não é obrigatório para nenhuma outra ação de alimentos e que causará retardamento, por vezes, desnecessário para o processo.”

Ouvidos, o Ministério da Justiça e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se ainda pelo veto aos seguintes dispositivos:

Art. 8o

“Art. 8o Havendo oposição à paternidade, a procedência do pedido do autor dependerá da realização de exame pericial pertinente.”

“O dispositivo condiciona a sentença de procedência à realização de exame pericial, medida que destoa da sistemática processual atualmente existente, onde a perícia não é colocada como condição para a procedência da demanda, mas sim como elemento prova necessário sempre que ausente outros elementos comprobatórios da situação jurídica objeto da controvérsia.”

Art. 10

“Art. 10. Em caso de resultado negativo do exame pericial de paternidade, o autor responderá, objetivamente, pelos danos materiais e morais causados ao réu.

Parágrafo único. A indenização será liquidada nos próprios autos.”

Razões do veto

“Trata-se de norma intimidadora, pois cria hipótese de responsabilidade objetiva pelo simples fato de se ingressar em juízo e não obter êxito. O dispositivo pressupõe que o simples exercício do direito de ação pode causar dano a terceiros, impondo ao autor o dever de indenizar, independentemente da existência de culpa, medida que atenta contra o livre exercício do direito de ação.”

Ouvidos, o Ministério da Justiça e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres manifestaram-se ainda pelo veto ao seguinte dispositivo:

Art. 9o

“Art. 9o Os alimentos serão devidos desde a data da citação do réu.”

Razões do veto

“O art. 9o prevê que os alimentos serão devidos desde a data da citação do réu. Ocorre que a prática judiciária revela que o ato citatório nem sempre pode ser realizado com a velocidade que se espera e nem mesmo com a urgência que o pedido de alimentos requer. Determinar que os alimentos gravídicos sejam devidos a partir da citação do réu é condená-lo, desde já, à não-existência, uma vez que a demora pode ser causada pelo próprio réu, por meio de manobras que visam impedir o ato citatório. Dessa forma, o auxílio financeiro devido à gestante teria início no final da gravidez, ou até mesmo após o nascimento da criança, o que tornaria o dispositivo carente de efetividade.”

Por fim, o Ministério da Justiça manifestou-se pelo veto ao seguinte dispositivo:

Art. 4o

“Art. 4o Na petição inicial, necessariamente instruída com laudo médico que ateste a gravidez e sua viabilidade, a parte autora indicará as circunstâncias em que a

Documentos relacionados