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Capítulo 4 Avaliação da Qualidade baseada em Grafos CPM/PERT

4.8. Extensão da Metodologia para as Fases Fluente e Coordenada

Até esse ponto no trabalho, foi explicitada a aplicação da metodologia proposta para um grafo de caminho crítico correspondente à instrução operativa de apenas uma área geo- elétrica da fase fluente (mais especificamente, da instrução de recomposição da área Capivara), por simplicidade de apresentação.

Entretanto, a premissa da fase fluente na recomposição do SIN é a execução de diversas instruções operativas, simultaneamente, para a reenergização conjunta de várias áreas geo-elétricas. Já na fase coordenada, tem-se um conjunto de instruções visando a interligação dessas áreas geo-elétricas já energizadas, para concluir a recomposição da rede. A análise dos tempos de recomposição, que constitui a base para a extração dos índices numéricos de avaliação da qualidade do plano deve ser conduzida para a recomposição no seu contexto completo, isto é, partindo-se de diversas instruções da fase fluente, executadas simultaneamente, para convergir nas instruções da fase coordenada, até concluir o processo de reenergização do sistema.

Torna-se necessário, assim, construir um grafo único para aplicar a metodologia de determinação dos tempos de recomposição ao plano completo. A seguir, serão descritos os três passos necessários para atingir esse objetivo.

4.8.1. Determinação dos Grafos CPM/PERT para cada Instrução

Operativa

O primeiro passo na determinação de um grafo único para o plano completo é a determinação dos grafos CPM/PERT para cada instrução operativa, de ambas as fases (fluente e coordenada) do processo de recomposição. A determinação de cada um desses grafos pode ser realizada automaticamente conforme a metodologia descrita no capítulo 3, desde que sejam claramente explicitadas as listas de atividades relacionadas com as instruções operativas. Nesse passo, é importante identificar as etapas de início e final de cada grafo. Como exemplo, considere-se um plano completo para uma rede elétrica, cujos procedimentos de rede para recomposição são compostos por apenas 7 instruções operativas: quatro na fase fluente (IO-1, IO-2, IO-3 e IO-4) e três na fase coordenada (IO-5, IO-6 e IO-7). Seriam obtidos, para essa situação, sete grafos CPM/PERT distintos, conforme ilustrado na figura 4.17.

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4.8.2. Criação de Atividades de Dependência entre as Fases Fluente

e Coordenada

Uma vez montados os grafos de caminho crítico para cada instrução operativa, o passo seguinte consiste em determinar as relações de interdependência entre as instruções operativas das fases fluente e coordenada. Em outras palavras, o objetivo desse passo é explicitar as instruções que devem ser satisfatoriamente concluídas para que as condições elétricas e operacionais, impostas pelas demais instruções operativas, possam ser satisfeitas.

No modelo de grafos CPM/PERT, essa mera relação de interdependência entre instruções operativas pode ser representada da mesma forma definida para representar a interdependência entre atividades dentro de uma instrução operativa: através de atividades fantasma (“dummies”). Assim, se uma instrução operativa IOA depende da conclusão de

uma outra instrução operativa IOB, basta criar uma atividade fantasma entre o evento de

finalização do grafo CPM/PERT correspondente ao plano de execução da instrução IOB ao

evento de início do grafo CPM/PERT correspondente ao plano de execução da instrução IOA. Como exemplo, sejam as seguintes relações de interdependência entre as sete

instruções operativas, representadas previamente na figura 4.17:

• As instruções IO-1, IO-2, IO-3 e IO-4 são instruções da fase fluente, que podem ser iniciadas assim que a ocorrência do blecaute for detectada em suas respectivas áreas geo-elétricas;

• A instrução IO-5 é responsável pela interligação das áreas geo-elétricas pertinentes às instruções IO-1 e IO-3 e, portanto, depende da conclusão, com sucesso, das atividades que compõem os grafos de caminho crítico dessas instruções;

• Analogamente, a instrução IO-6 é responsável pela interligação das áreas geo- elétricas pertinentes às instruções IO-2 e IO-4 e, portanto, depende da conclusão satisfatória das atividades que compõem os grafos de caminho crítico dessas instruções;

• Finalmente, a instrução IO-7 é responsável por consolidar a interligação total de todas as áreas geo-elétricas dessa rede, dependendo, assim, da conclusão das demais atividades da fase coordenada (as instruções IO-5 e IO-6).

Essas relações de precedência lógica implicam no instanciamento de seis atividades fantasma. A figura 4.18 ilustra os “dummies” criados nessa condição.

Figura 4.18. Criação de atividades de dependência entre as fases fluente e coordenada

4.8.3. Criação e Interconexão dos Eventos de Início e Finalização do

Plano Completo

Nesse ponto, a estrutura topológica obtida pela interconexão dos diferentes grafos CPM/PERT já apresenta todas as relações de interdependência entre atividades de diferentes instruções operativas e, assim, caracteriza o plano completo no tocante à execução das ações de controle e reenergização da recomposição, tanto na fase fluente quanto na coordenada. Essa estrutura, entretanto, pode apresentar múltiplos pontos de início e múltiplos pontos de finalização. Para viabilizar a aplicação da metodologia de determinação dos tempos, proposta neste capítulo, é necessário obter um grafo que possua um único evento de início, ao qual será associado o início do processo completo, e um

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único evento de finalização. Assim, para satisfazer essa condição, nesse passo são instanciados um evento de início do plano completo e um evento de finalização do plano completo. Esse evento de início deve ser interligado, por atividades-fantasma adicionais, aos múltiplos eventos de início que ainda estão desconexos na estrutura obtida ao final do passo anterior. Analogamente, os eventuais eventos de finalização ainda desconexos devem ser conectados (também por meio de “dummies”) ao evento de finalização do plano completo. No exemplo ilustrado na figura 4.18, existem quatro eventos de início e um de finalização, pertinentes aos diferentes grafos CPM/PERT das instruções operativas, ainda desconexos. Após a aplicação desse procedimento (de criação e interconexão dos eventos de início e finalização do plano completo), o grafo de caminho crítico que representa todas as instruções operativas, já encadeadas, tem a estrutura topológica representada na figura 4.19.

Figura 4.19. Criação e interconexão dos eventos de início e finalização do plano completo

Deve ser ressaltado que os algoritmos para a obtenção do caminho crítico,bem como a metodologia de avaliação através de índices descritos anteriormente para a reenergização de uma única área geo-elétrica podem ser aplicados para o grafo do plano completo sem nenhuma restrição conceitual ou computacional. Nesse caso, um único caminho crítico será obtido mostrando as atividades mais críticas sob um ponto de vista global, levando em conta todas as atividades correspondentes às instruções operativas da fase fluente e da fase coordenada.