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A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NAS INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS DE ENSINO SUPERIOR

3 A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E AS SUAS MODALIDADES Neste capítulo será tratada a extensão universitária, sua

3.3 A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NAS INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS DE ENSINO SUPERIOR

As ICES filiadas à ACAFE buscam o desenvolvimento das microrregiões do Estado de Santa Catarina as quais estão vinculadas, cumprindo sua função social, desenvolvendo programas e projetos de assistência à comunidade, especialmente àqueles vinculados a extensão universitária, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, inclusão social e construção da cidadania. As ICES podem ser compreendidas mediante o seu compromisso com a produção de um saber socialmente erigido e historicamente mantido nos diversos níveis de saber, voltados ao atendimento dos interesses da maioria da população, buscando na valorização do estudo teórico-prático contribuir na formação da cidadania socioeconômica e política (UNESC, 2016). Para o Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária (FOREXT) e para as ICES a extensão universitária é compreendida como:

As demandas da extensão universitária na conjuntura social contemporânea apresentam um grau de complexidade que exige a contextualização deste fenômeno. Cabe aos agentes da educação superior brasileira um olhar para a história da constituição da extensão universitária em nosso país desde a própria criação da universidade neste território. Nesta aproximação, será necessário perguntar pelo valor da extensão, nas palavras de Santos, nos processos de construção da coesão

social, no aprofundamento da democracia, na luta contra a exclusão social e a degradação ambiental, bem como a defesa da diversidade cultural. Nestes termos, apresentamos, a seguir, a contextualização da extensão universitária no Brasil e, ainda, a construção da identidade das Instituições de Ensino Superior Comunitárias (ICES) a partir da organização do FOREXT (BRASIL, 2016d, p. 50). A extensão e a ação comunitária são espaços privilegiados para viabilizar a interação do social e do institucional, em variadas e amplas dimensões, para difundir e construir novos conhecimentos, frutos da intensa reflexão provocada sobre seus paradigmas. Em função disso, o perfil de uma Instituição de Ensino Superior Comunitária pode ser reconhecido pelo caráter do conceito e das atividades de extensão e ação comunitária que realiza de forma proativa, na interação com outros setores da sociedade e como parte integrante do seu projeto político- pedagógico desta instituição de ensino universitário (BRASIL, 2016f). Com este entendimento, o perfil de uma ICES deve ser reconhecido pelo caráter das atividades de extensão que desenvolve e na conexão existente junto a sociedade e em consonância com o seu projeto político- pedagógico próprio. O ForExt (2016) refere que:

O Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Universidades e IES Comunitárias, o ForExt, foi criado durante o 6º Encontro de Ação Comunitária e Extensão, promovido pela Abesc. O encontro ocorreu em 1998, e durante o evento, foi aprovada a Carta de Goiânia, que efetivou a criação do Forext. Alguns destaques da Carta, em relação ao papel do Forext, são: - propiciar um espaço mais adequado e permanente de reflexão, avaliação e acompanhamento das práticas de extensão e ação comunitária desenvolvidas nestas instituições; - estimular o desenvolvimento de programas e projetos conjuntos e intercâmbios entre as instituições; - permitir a maior participação de nossas instituições no processo de implementação da política de extensão em âmbito nacional; - garantir a necessária visibilidade das atividades de extensão e ação comunitária desenvolvidas pelas IES Comunitárias no âmbito de toda a sociedade

brasileira. A criação do Fórum Nacional trouxe às instituições a dimensão de sua atuação política no processo de discussão sobre a Extensão no Brasil. Com temas sempre atuais, o Forext busca trazer novas faces para os debates nos encontros, que já foram realizados em cidades como Brasília, Recife e Campinas. O ForExt é um importante espaço de diálogo com os diversos setores da política da Educação Superior do Brasil e visa aproximar cada vez mais as intuições das questões de extensão, fazendo com que todos participem da educação superior brasileira, sendo ela pública, privada ou comunitária (BRASIL, 2016f).

Destaca-se o encontro do FOREXT (XX Encontro Nacional Extensão e Ação Comunitárias, XV Assembleia Nacional e X Mostra de Extensão do ForExt), realizado na Universidade do Vale do Itajaí (SC), em 2013, com o tema central Identidade e Complexidade na extensão nas ICES, que podem ser destacados:

Há um forte consenso de que a extensão não caminha sem obstáculos internos e externos, sendo que os desafios internos dizem respeito à necessidade das mesmas seguirem na defesa da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, fortalecendo concepções e práticas extensionistas plurais, participativas, dialógicas, horizontais, criativas, críticas e transformadoras. Os desafios externos estão associados ao reconhecimento pelas instituições estatais e pelas ações governamentais do papel histórico das ICES no desenvolvimento do país e sua contribuição efetiva para a formação técnica, cultural, humanística e científica nacional. Do ponto de vista político e institucional o Encontro também apresentou o documento contendo os Referenciais para a construção de uma Política Nacional de Extensão nas ICES, destacando pontos importantes como a concepção de extensão universitária, a indissociabilidade e interdisciplinaridade como princípios pedagógicos, gestão e financiamento da Extensão, monitoramento e avaliação da extensão, entre outros (BRASIL, 2016d).

A concepção da extensão universitária para as ICES encontra guarida na interligação com o Ensino e a Pesquisa, mediante um processo pedagógico participativo, tornando-se instrumento de formação de profissionais cidadãos, pautados em suas ações pela competência técnica e pelo compromisso ético, tornando a extensão como uma atividade que constitui um novo paradigma para as essas instituições universitárias uma vez que agregam a exigência da interação com a sociedade e da democratização do saber (BRASIL, 2016d). As práticas extensionistas promovidas pelas ICES expressam um modo de pensar e de agir dos docentes, discentes e funcionários, de forma totalmente vinculada aos seus respectivos projetos políticos-pedagógicas. Representam um diferencial uma vez que são estimulados e desafiados pela realidade a aprenderem e assimilarem com a sociedade, na investigação da verdade, na busca compartilhada de soluções dos problemas coletivos e na edificação consciente da transformação social para todos, especialmente aqueles com vulnerabilidade socioeconômica.

A extensão universitária intensifica os canais de diálogos da ICES com a comunidade e de forma simultânea esse contato retroalimenta o Ensino, a Pesquisa e a própria Extensão, auxiliando no aprimoramento de novos conhecimentos científicos, uma vez que a extensão tem caráter eminentemente de articulação nesta interligação, haja vista que muitos resultados e produções acadêmicas do Ensino e da Pesquisa são desprovidos de visibilidade e comunicação junto a sociedade, pois a extensão executa essa confluência de atividades redundando na concretização da função social da própria ICES, colocando a produção do conhecimento (pesquisa) e a transmissão de saberes (ensino) diretamente à disposição das necessidades da coletividade (BRASIL, 2016d). Compreende-se desta feita que:

A Extensão Universitária expressa esse compromisso social através das ações de contribuição para a construção de projetos democráticos participativos, de inclusão social e de efetivação dos direitos humanos; para a criação, implementação e monitoramento de políticas públicas; para a promoção de desenvolvimento local e regional, baseado em diagnósticos socioespaciais, com foco na sustentabilidade social, econômica e ambiental; para o desenvolvimento e implantação de novas tecnologias de impacto social; para a melhoria dos cuidados de saúde que abranjam a maioria da população; para a adoção de medidas de preservação

do patrimônio artístico-cultural e da diversidade cultural (BRASIL, 2016o).

Neste diapasão podemos entender que a extensão universitária está fortemente alicerçada no modelo conceitual de uma pedagogia crítica, que por sua vez, está vinculada no diálogo, que sempre busca trilhar uma relação horizontal, para que o professor e o aluno sejam considerados ambos os sujeitos que fazem e refazem a história. E, ao respeitarem as diversas experiências dos envolvidos neste processo, mediante um constante processo dialógico, os resultados das atividades extensionistas se tornam mais reais, propiciando a real valorização da realidade social encontrada e a devida abordagem pedagógica a ser realizada (CRUZ, et al., 2010). A extensão universitária promovida pelas ICES pode ser reconhecida como sendo multidimensionada, possuindo uma estratégia que busca articular e desenvolver a conexão entre as diferentes áreas de conhecimento científico com os diversos segmentos da sociedade e seus respectivos saberes próprios, levando em consideração a realidade social encontrada, numa perspectiva transformadora. A articulação entre a sociedade e a ICES estará baseada num processo dinâmico e dialético, consubstanciado pelo compromisso político e técnico assumido na prática e pela prática de docentes, discentes e comunidade, dentro de uma pluralidade cultural e política (UNESC, 2016c). Para a UNESC (2016) a extensão universitária, no contexto das universidades comunitárias se fundamenta no sentido que:

A extensão na UNESC é assumida como dimensão que proporciona aos docentes e discentes o contato com a realidade social favorecendo a retro- alimentação do ensino e da pesquisa. Poderá ser entendida enquanto serviços que a Universidade presta à sociedade, gerando alternativas de ação que atendam às expectativas e problemáticas da população e, ainda, ser um espaço fértil para o exercício e a conquista da emancipação crítica, tanto da comunidade acadêmica quanto da sociedade (UNESC, 2016c, p. 06).

Neste ínterim é de fundamental importância tratar da questão da sustentabilidade da ICES, pois é um desafio posto a sua gestão uma vez que necessita manter-se econômica e financeiramente no sentido de que reflete uma delimitação de seu termo: sendo pública não estatal, permitindo desenvolver uma percepção da comunidade interna, externa e junto aos Poderes Públicos, que atualmente possuem pouca

responsabilidade por sua manutenção (SILVA, 2002, p. 94). No próximo e último capítulo será analisado o Programa de extensão TPF desenvolvido pela UNESC.

4 A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA POPULAR NA UNESC: UMA