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Externalidades

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.5 Externalidades

Neste tópico, pretende-se a discussão sobre o conceito de “externalidades” e a sua compreensão como um ponto de confluência entre a economia, a administração e o direito, bem como a sua relevância para o tema, sustentabilidade.

Segundo o dicionário de economia do Gabinete de Contabilidade e Formação8, a expressão compreende os “efeitos externos sobre terceiros gerados por atividades das empresas que impõem benefícios ou prejuízos a outras ou às populações circundantes sem que recebam indenizações pelos prejuízos causados ou quando outras empresas comparticipem nos proveitos”.

O dicionário de economia9 conceitua externalidades como “as atividades que

envolvem a imposição involuntária de custos ou de benefícios, isto é, que têm efeitos positivos ou negativos sobre terceiros sem que estes tenham oportunidade de impedi-lo e sem que tenham a obrigação de pagá-los ou o direito de serem indenizados”.

8Disponível no site <http://www.esfgabinete.com/dicionario/?completo=1&conceito=Externalidades>.

Acesso em: 26 mar. 2007.

Assim, as externalidades podem ser positivas ou negativas dependendo dos efeitos futuros provocados pelas atividades empresariais em um dado período. Os bens públicos, a exemplo da saúde pública, as infra-estruturas viárias, a educação, a defesa e segurança, uma propriedade vizinha bem conservada, que faz subir o valor de mercado das demais, um progresso científico, entre diversas outras atividades também são considerados externalidades positivas.

Contrario sensu, como exemplo de externalidades negativas pode-se destacar a poluição ambiental provocada pelas atividades econômicas, a produção de bens não seguros, a produção e consumo de drogas ilícitas, poluição atmosférica, poluição das águas, entre outros.

As externalidades são uma falha de mercado, o que faz com que a intervenção governamental seja aconselhável em determinadas situações. Uma externalidade, desta forma, pode ser vista como um custo (externalidade negativa) ou um benefício (externalidade positiva) imposto a alguém por ações de outros, sem compensação.

Segundo Oliveira Neto e Petter (2005) a análise da preservação ambiental sob um prisma econômico e jurídico pode trazer um equilíbrio ao sistema, baseando-se na idéia de que a oneração do empreendedor (princípio poluidor-pagador) pode chegar a um limite admissível, além do qual a comunidade representada pelo poder público poderia arcar utilizando-se de uma negociação. Desta forma, os autores introduzem o conceito do princípio beneficiário-pagador em parte dessa negociação.

Quando se restringe a análise de um projeto de empreendimento ao aspecto dos impactos ambientais, corre-se o risco de gerar um outro impacto negativo, que é o

da sua não implantação, barrando-se o desenvolvimento e o progresso. Desta forma, a questão se torna mais compreensível se associada à ciência econômica. A economia ambiental seria uma maneira de controlar a ação das atividades degradantes, com a aplicação de instrumentos econômicos. Estes, por sua vez, estabeleceriam soluções econômicas para o gerenciamento ambiental em conjunto com os instrumentos jurídicos (LANNA, 1996, apud OLIVEIRA NETO e PETTER, 2005).

Ibram (1992) assevera que o descarte de resíduos no ar, águas e solos vai gradativamente tornando o meio ambiente escasso, no sentido de ser incapaz de absorver quantidades crescentes de resíduos. Com base nesse cenário, os recursos ambientais adquirem uma escassez progressiva e um valor cada vez maior, transformando-se em bens econômicos propriamente ditos (apud OLIVEIRA NETO e PETTER, 2005).

Aqui, o meio ambiente é considerado como um conjunto de bens e serviços que são consumidos pela atividade e, portanto, podem ser tratados como recursos escassos e sua utilização terá como meta o maior benefício à sociedade (OLIVEIRA NETO e PETTER, 2005).

Em empreendimentos que utilizam bens não renováveis, há, ainda, a degradação do meio físico, gerando-se uma segunda escassez. Como exemplo cita-se a mineração, considerando que as jazidas minerais são bens não renováveis.As soluções econômicas procuram estabelecer, por meio da imposição de preços, taxas, subsídios, rateios e outros instrumentos econômicos, o mesmo equilíbrio buscado

pela aplicação dos instrumentos legais (LANNA, 1996, apud OLIVEIRA NETO e PETTER, 2005).

Oliveira Neto e Petter (2005) apontam dois tipos de abordagem econômica, a tradicional e a alternativa. Na primeira, faz-se a análise custo-benefício e, na segunda, a análise custo-efetividade. Na análise custo-benefício (abordagem econômica tradicional) o custo da poluição ambiental é repassado, aplicando-se o princípio do poluidor-pagador (estudado no item que trata dos princípios do direito ambiental).

Para a abordagem econômica alternativa (análise custo-efetividade), surge a necessidade da definição de um segundo princípio, o princípio do beneficiário- pagador. Neste, o estabelecimento de metas ou objetivos estratégicos por meio de negociação social é um imperativo, já que nem sempre é possível a valoração do custo social ou dos custos externos decorrentes da atividade. Nesse caso, são concedidos subsídios aos empreendedores para que adotem alternativas mais eficientes, sob os pontos de vista econômico ou ambiental.

É o que ocorre, por exemplo, quando o poder público, por meio dos órgãos de controle, concede subsídios como forma de incentivar o empreendedor, assumindo parte do custo ambiental, e, em contrapartida, cria-se incentivos à utilização de alternativas na produção de externalidades negativas (OLIVEIRA NETO e PETTER, 2005).

Neste diapasão, pode-se citar como exemplo de alternativa mais eficiente, a criação de regulamentações para controlar a emissão de poluição das fábricas. Surgem,

então, duas alternativas, ou o empreendedor paga à sociedade pela poluição gerada, ou assume todo o custo em implantar as medidas de controle ambiental (OLIVEIRA NETO e PETTER, 2005).

Em um nível ótimo de externalidades, conforme mencionam Oliveira Neto e Petter (2005), a soma total dos benefícios menos os custos é maximizada, ou seja, os benefícios totais líquidos são maximizados. Deverá existir um ponto onde o nível da atividade econômica é aceitável para ambas as partes, onde o benefício privado líquido marginal seja igual ao custo externo marginal, e que corresponda a certa quantidade de poluição ou de geração de impactos envolvendo efeitos negativos ao meio ambiente externo (OLIVEIRA NETO e PETTER, 2005).

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