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Extrações dentárias

No documento DOENÇA PERIODONTAL EM CÃES (páginas 41-44)

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.5. Tratamento

2.2.3. Extrações dentárias

É fundamental que se compreenda a necessidade de evitar a extração dental, procurando manter os dentes na boca dos animais, mediante o emprego de técnicas conservadoras. A extração dental causa reabsorção e remodelação das estruturas ósseas de suporte, fragilizando o crânio. Assim, sempre que possível, deve-se conservar a dentição, mantendo a integridade do aparelho mastigatório e garantindo a eficiência do processamento dos alimentos (Pachaly, 2006).

Figura 30. Polimento dentário utilizando taça de borracha (Gorrel et al., 2004).

Os dentes afetados por doença periodontal grave geralmente são extraídos (Harvey, 1992; Gorrel et al., 2004). Segundo Colmery (1983), o critério para determinar se um dente afetado é preservável é que pelo menos um terço do periodonto de cada raiz esteja saudável. Radiografias intra-orais do dente afetado revelam o estado do osso que circunda cada raiz dentária. Se uma raiz tem um abscesso, todo o dente está perdido, a menos que o veterinário faça um tratamento endodôntico nas raízes recuperáveis após a amputação da raiz com abscesso.

Em cães de raças pequenas, as radiografias pré-cirurgicas são particularmente importantes. A destruição de osso alveolar pode ser dramática, conduzindo à perda de resistência mandibular, especialmente na região do primeiro molar. O procedimento de extração pode provocar fratura da mandíbula, mesmo quando aplicada pouca força. Em certos casos, podem ocorrer fraturas espontâneas patológicas devido a uma destruição óssea acentuada (Gorrel et al., 2004).

Seguindo recomendações gerais (Colmery, 1983; Harvey, 1992; Gorrel et al., 2004), as principais indicações para a extração dentária em animais com periodontite são:

• Dentes com grande mobilidade (graus 2 a 3).

• Perda de mais da metade da inserção do dente.

• Exposição da furca.

• Perda total da gengiva inserida.

• Lesões peri e endodônticas.

A extração de um dente é um ato cirúrgico que deve ser realizado em ambiente o mais asséptico possível. Nos dentes destinados à extração, basta remover os depósitos de odontólitos de maiores dimensões. Em função da morfologia do dente (uni ou poli-radiculares, pequenas ou grandes raízes) pode ser utilizada a técnica de extração fechada ou aberta (Gorrel et al., 2004). O conhecimento anatômico é fundamental, pois os dentes podem ser uni ou multi-radiculares, com a conformação dessas raízes e seu modo de inserção no osso alveolar (Pachaly, 2006).

A extração de qualquer dente segue alguns passos básicos:

1. Sindesmotomia: O dente deve ser separado da gengiva, empregando-se para isso um

sindesmótomo ou qualquer outro instrumento disponível que seja apropriado (Colmery, 1983; Pachaly, 2006).

2. Luxação: Esse é o ponto crítico de qualquer extração dental. O dente deve ser plenamente

separado do alvéolo dental, e para isso indica-se o uso de alavancas. As alavancar apicais retas números 301 e 304 podem ser empregadas em todos os dentes, sendo consideradas modelos universais. O instrumento deve ser inserido entre o dente e o alvéolo, com movimentos de alavancagem. A posição do instrumento vai sendo alternada ao longo de toda circunferência do dente, e à medida que o procedimento evolui, a alavanca vai sendo inserida cada vez mais profundamente. O momento adequado para a extração é aquele em que se percebe que o dente se encontra livre, totalmente frouxo no alvéolo (Colmery, 1983; Pachaly, 2006).

3. Remoção do dente de seu alvéolo, que pode ser realizada com a própria alavanca ou com o

auxílio do boticão (fórceps). Existem diversos modelos de fórceps, mas todos os procedimentos podem ser realizados com os números 1 e 101 (Pachaly, 2006).

4. Realizar curetagem alveolar com limas de Seldin 11 ou 12, sempre que houver qualquer tipo

de contaminação (periodontite grave ou abscesso periapical). Imediatamente após a curetagem deve ser feita ampla irrigação com solução antisséptica de clorexidina a 0,12%. A solução deve ser aspergida na cavidade alveolar sob pressão, por meio de seringa e agulha (Pachaly, 2006).

5. Hemostasia: Geralmente é suficiente a compressão direta, mas eventualmente pode ser

empregada adrenalina milesimal. Uma boa alternativa são as esponjas de fibrina que controlam a hemorragia e ao mesmo tempo em que propiciam um eficiente curativo biológico, além de poder ser embebidas em antibióticos (Pachaly, 2006).

6. Não se deve suturar a gengiva, exceto quando não houver qualquer contaminação prévia, o

que é praticamente impossível quando se trata de periodontite. Dessa forma, devemos manter a cavidade aberta, para drenagem de exsudatos. A cicatrização espontânea dos tecidos moles e fibrosos da cavidade oral é muito rápida e eficiente, bastando que se institua antibioticoterapia adequada (Pachaly, 2006).

Para dentes unirradiculares, e com raízes pequenas, é utilizada apenas a técnica descrita acima. Deve-se balançar o dente até que este seja removido intacto (Colmery, 1983).

Nos carnívoros, a extração de certos dentes é especialmente complicada. Os dentes caninos, alguns pré-molares e molares precisam de técnicas um pouco mais elaboradas para serem extraídos intactos (Colmery, 1983; Pachaly, 2006). Os dentes caninos maxilar ou mandibular precisam da seguinte técnica para ser extraído: é feita uma incisão simples na gengiva, na superfície bucal, no centro da raiz, paralela ao eixo maior da raiz. A gengiva é afastada lateralmente, sendo que a hemorragia costuma ser mínima. A seguir utiliza-se uma broca redonda nº 1 no motor dental para remover aproximadamente um

terço do osso alveolar, começando na junção cemento-esmalte na superfície bucal. O osso também é removido nas superfícies mediais e distais da raiz de um modo semelhante. Uma vez terminado, o periodonto perde uma quantidade substancial de seu porte lateral. Utiliza-se, então, um elevador dental para trabalhar em torno da raiz dentro de seu alvéolo. O dente é balançado e removido intacto (Colmery, 1983).

Certos dentes pré-molares e molares são bi ou tri-radiculares, e em determinadas situações a sua extração só é possível após a realização de odontosecção transversal, separando-se o dente em dois ou três segmentos correspondentes às raízes (Colmery, 1983; Pachaly, 2006). A técnica para o isolamento de cada raiz deve utilizar uma roda cortante de diamante no motor dentário, ou uma broca de corte Zekrya número 151 de 28mm em caneta de alta rotação (Pachaly, 2006). Corta-se o esmalte da coroa com facilidade, isolando as raízes com facilidade. Assim, pode-se trabalhar o dente com o elevador dental, até ser removido intacto (Colmery, 1983).

Depois da extração, a cavidade alveolar deve ser curetada para eliminar os resíduos e o epitélio danificado da bolsa periodontal. Qualquer animal submetido à extração dentária deve receber tratamento analgésico para controlar a dor pós-cirúrgica (Gorrel et al., 2004). Na Figura 31 pode-se visibilizar uma cavidade oral logo após terem sido feitas extrações dentárias.

Figura 31. Cavidade oral depois de feitas extrações

dentárias de dentes da maxila e mandíbula (Gorrel et al., 2004).

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