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2. F UNDAMENTOS T EÓRICOS

2.2. F UNCIONAMENTO DA ETAR DE P ENICES

A ETAR de Penices situa-se na margem esquerda do rio Este, na freguesia de Gondifelos, pertencente ao concelho de Vila Nova de Famalicão. A ETAR foi projetada para tratar 6 214 m3d-1

de águas residuais atendendo uma população equivalente a 32 400 habitantes. A água residual chega à ETAR de Penices por uma rede de intercetores gravíticos, com uma extensão de 26.7 km e diâmetros entre os (200 – 500) mm, servindo 10 freguesias de Vila Nova de Famalicão e 2 freguesias da Póvoa de Varzim. Na ETAR, a água residual é submetida a um conjunto de processos físico-químicos e biológicos. De seguida, serão descritos cada uma das etapas associadas ao seu tratamento Figura 2.1, e o tratamento de lamas associado, Figura 2.2.

Figura 2.1 –Esquema das várias etapas de tratamento existentes na ETAR de Penices.

Figura 2.2 –Esquema das várias etapas do tratamento de lamas instalado na ETAR de Penices.

I Etapa: Tratamento Preliminar

A primeira etapa consiste no tratamento preliminar, onde é rececionado o caudal afluente pela estação elevatória.

Neste órgão, os sólidos são triturados e retidos por uma gradagem. De seguida passam para um tanque de bombagem, o qual tem ainda como função a equalização da água residual. Após a elevação do caudal do tanque de bombagem, Figura 2.3, ocorre a segunda etapa de tratamento, ou seja, o “pré-

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II Etapa: Pré-tratamento

Na fase do pré-tratamento, a água residual é tamisada, promovendo a remoção de sólidos de menor dimensão, Figura 2.4, e distribuída para dois órgãos retangulares em paralelo, Figura 2.5. Nestes órgãos, ocorre simultaneamente o desengorduramento, por flutuação com a insuflação de ar, e o desarenamento, por decantação das areias.

As gorduras são removidas para um concentrador de gorduras, Figura 2.6 (b), e as areias, por sua vez, são extraídas para um classificador de areias Figura 2.6 (a). As escorrências referentes à extração de areias e gorduras voltam a montante da linha aquosa.

Por outro lado, os resíduos sólidos provenientes da primeira e segunda etapa são encaminhados para aterro sanitário. Decorrido o pré-tratamento da água residual onde foram removidos os sólidos, areias e

gorduras, esta é encaminhada

gravidicamente para o tratamento secundário (biológico).

Figura 2.4 – Gradagem automática (tamisador) e manual da ETAR de Penices.

Figura 2.5 –Tanques do pré-tratamento, com os processos em simultâneo desengorduramento e desarenamento.

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III Etapa: Tratamento Biológico

O tratamento biológico inicia-se com a entrada da água residual, por ação gravítica num canal anóxico perfeitamente agitado, ocorrendo, assim, a desnitrificação Figura 2.7.

De seguida a água residual flui para o canal de arejamento, com o qual possui ligação hidráulica. Neste canal aeróbio, o tratamento biológico consiste num sistema de lamas ativadas em arejamento prolongado, em canal de oxidação, procedendo à nitrificação/desnitrificação. Na Figura 2.8 está representado um reator típico presente na ETAR com o perfil de canal de arejamento.

Figura 2.7 – Canais de arejamento (reator anóxico e aeróbio).

Figura 2.8 – Representação esquemática do reator típico de nitrificação/desnitrificação, com arejadores de eixo horizontal (rotores) (imagem retirada (Jördening et al., 2005).

A presença de microrganismos nestes órgãos permite a degradação da matéria orgânica presente na água residual, resultando na formação de produtos oxidados, tais como o dióxido de carbono, os nitratos, os sulfatos e os fosfatos, bem como na biossíntese de nova biomassa microbiana (Mara et al., 2003).

Após a passagem pelos dois canais de arejamento, a água residual aflui, por ação gravítica para dois decantadores secundários circulares mecanizados, Figura 2.9. Nestes órgãos dá- se a separação da biomassa da fase líquida. O sobrenadante é encaminhado para o meio recetor, o rio Este, como se pode

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15 Uma parte da água residual tratada é

posteriormente armazenada e submetida a um tratamento terciário (filtração através de filtro pressurizados autolimpantes e uma desinfeção por UV) para permitir a sua utilização como águas de serviço, Figura 2.11.

A biomassa removida através da decantação é reciclada para o reator biológico, reduzindo a carga de sólidos à saída. O desempenho do tratamento biológico depende do tempo médio de permanência nas células (Idade das lamas) do sistema. As lamas excedentes são encaminhadas para um processo de desidratação, dando lugar à quarta etapa de tratamento, a qual é relativa ao tratamento da linha sólida.

Figura 2.10 – Fotografia relativa aos descarregadores onde o efluente tratado tem como destino final a descarga no meio hídrico, o Rio Este.

Figura 2.11 – Sistema de filtração e desinfeção da água residual através UV para reaproveitamento.

IV Etapa: Tratamento da Fase Sólida

O tratamento da fase sólida é constituído por espessamento e desidratação mecânica. O espessamento de lamas é efetuado por um

espessador de tambor rotativo, Figura 2.12, o qual tem como função o espessamento das lamas, com auxílio de um polielectrólito para obter uma concentração de 3 % a 5 % de matéria seca. As lamas espessadas são bombeadas para o sistema de desidratação, enquanto o sobrenadante é enviado para a linha das escorrências.

Figura 2.12 – Tambor rotativo de espessamento Andritz

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A desidratação é efetuada através de uma centrífuga, Figura 2.13, com a adição de polielectrólito para melhorar a eficiência do processo.

Após a desidratação, as lamas são

encaminhadas para o silo de

armazenamento, Figura 2.14, até serem transportadas para o destino final, e.g. compostagem.

O filtrado é encaminhado para as escorrências, que entram no pré-tratamento (Águas do Ave, 2006). Na Figura 2.15, encontra-se uma vista aérea da instalação, e na Figura 2.16, apresenta-se o esquema representativo da ETAR de Penices.

Figura 2.13 – Centrífuga Andritz instalada na ETAR de Penices.

Figura 2.14 –Silo de armazenagem de lamas.

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