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3. P LANIFICAÇÃO , M ETODOLOGIAS E P ROCEDIMENTOS E XPERIMENTAIS

3.4. Í NDICE B IÓTICO DE L AMAS (IBL)

3.4.1. M

ETODOLOGIA DO MÉTODO

IBL

O IBL é um método que se baseia-se na abundância e diversidade específica da comunidade de protozoários no canal de arejamento com lamas ativadas. Além disso, baseia-se nas diferentes sensibilidades reveladas por alguns grupos da microfauna aos fatores físico – químicos prevalecentes no sistema (Nicolau et al., 2002).

A avaliação é feita através de valores numéricos (entre 0 e 10), o que permite comparar a qualidade biológica das lamas no canal de arejamento ao longo do tempo com as condições operacionais da ETAR de Penices. O Índice foi calculado com base na Tabela 3.1 de duas entradas, tendo em conta as variáveis consideradas, o grupo dominante, número de pequenos flagelados (F) e diversidade da amostra em espécies (S).

Tabela 3.1 – Tabela de duas entradas para o cálculo do IBL (na qual: S – nº de espécies da microfauna, excluindo os flagelados e F – nº pequenos flagelados na diagonal da Câmara de Fuchs-Rosenthal), (Nicolau et al., 2002; Madoni, 1994)

Grupo dominante Densidade

Ind L-1

S > 10 8 ≤ S ≤ 10 5 ≤ S ≤ 7 S < 5

F<10 10<F<100 F<10 10<F<100 F <10 10<F<100 F<10 10<F<100

Ciliados Móveis de Fundo + Sésseis * e/ou

Amibas com teca

≥106 10 8 9 7 8 6 7 5 <106 9 7 8 6 7 5 6 4 Ciliados Sésseis* > 80 % ≥106 9 7 8 6 7 5 6 4 <106 8 6 7 5 6 4 5 3 Opercularia spp ≥10 6 7 5 6 4 5 3 4 2 <106 6 4 5 3 4 2 3 1 Vorticella Microstoma ≥10 6 6 4 5 3 4 2 3 1 <106 5 3 4 2 3 1 2 0 Ciliados Nadadores ≥10 6 5 3 4 2 3 1 2 0 <106 4 2 6 1 2 0 1 0 Peq. Flagelados (>100 na diagonal da Câmara de Fuchs-Rosenthal) ≥106 4 3 2 1 <106 3 2 1 0

* Opercularia spp. e Vorticella micróstoma não dominantes

A entrada vertical é feita tendo em consideração a riqueza específica da amostra e o número de pequenos flagelados na diagonal da câmara de Fuchs-Rosenthal. Na coluna da direita estão distribuídos diversos grupos da microfauna associados à decrescente qualidade biológica das lamas. Na entrada horizontal considera-se o grupo dominante no canal de arejamento e a

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41 densidade total da microfauna. Se dois ou mais grupos compartilham a dominância da amostra, será escolhido o grupo que ocupa a posição mais baixa da Tabela 3.1. O valor do IBL é determinado pela intersecção da coluna e da linha selecionada, obtendo-se um valor numérico entre 0 e 10, e estes valores são agrupados em quatro classes de qualidade biológica das lamas as quais permitem dividir em quatro diferentes graus de eficiência para a avaliação do funcionamento do sistema na Tabela 3.2 (Madoni, 1994).

Tabela 3.2 – Conversão do valor do IBL em classes de qualidade biológica das lamas ativadas e avaliação da eficiência depuradora do tratamento (Madoni, 1994; Nicolau et al., 2002)

Valor IBL Classe Avaliação

8 – 10 I Lamas bem colonizadas e estáveis; atividade biológica ótima; elevada eficiência depuradora 6 – 7 II Lamas bem colonizadas e estáveis; atividade sub-otimal; eficiência depuradora suficiente 4 – 5 III Atividade biológica insuficiente; eficiência depuradora medíocre

0 – 3 IV Atividade biológica muito baixa; eficiência depuradora baixa

3.4.1. P

ROCEDIMENTO

,

MATERIAL DE

A

MOSTRAGEM E

T

RANSPORTE

As amostras de lamas ativadas do tanque de arejamento foram recolhidas em pontos homogeneizados, evitando-se locais vizinhos das paredes do tanque (zonas mortas), locais vizinhos do sistema de arejamento, locais com espumas e locais vizinhos dos pontos de inserção de lamas recicladas. As amostras foram recolhidas a cerca de meia profundidade do tanque, tendo-se utilizado um amostrador automático (Nicolau et al., 2002).

Para manter a atividade biológica durante o transporte, recorreu-se ao arejamento da amostra, através de uma bomba de ar portátil da Markor AP-2500, injetando 0.5 L min-1, e à

refrigeração da amostra.

3.4.2. P

ROCEDIMENTO PARA

O

BSERVAÇÃO

M

ICROSCÓPICA E

M

ATERIAL

A análise microscópica executou-se após a recolha, ou no máximo, nas 5 horas que a precedem, de modo a evitar uma elevada mortalidade de algumas espécies e o crescimento de outras.

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Seguidamente, usando uma pipeta de Pasteur, colocou-se uma gota com cerca de 0.5 mL de licor misto numa lâmina de vidro, cobrindo-se a zona com uma lamela de 18 mm × 18 mm, e analisou- se ao microscópio ótico de contraste de fase usando a ampliação de 100×. Esta primeira identificação dos microrganismos é designada por rastreio e deve ser feito pelo menos uma ou duas vezes por amostra. A identificação das espécies presentes foi realizada recorrendo a chaves de classificações de protozoários. Por vezes, tornou-se necessário recorrer ao uso de ampliações maiores (200× e 400×) para a correta identificação taxonómica. Apesar do grande número de microrganismos presentes nas lamas ativadas, alguns não são contabilizados por este método, tais como amibas nuas, algas, crustáceos e insetos. Os grandes e pequenos flagelados, os ciliados, as amibas com teca, rotíferos, nematodos e gastrotríqueos são os microrganismos incluídos neste método. Apenas foram contabilizadas como espécies presentes as que permitiam a observação de pelo menos 2 indivíduos durante o rastreio ou pelo menos um durante a contagem microscópica (Nicolau et al., 2002).

A visualização da comunidade microbiana foi efetuada recorrendo a um microscópio Motic BA 200 e a uma câmara fotográfica Moticam 1000 Motic 1.3M pixéis USB 2.0. As imagens foram visualizadas em campo claro, a uma ampliação total de 100× a 400×, e resolução de 1 380 × 1 024 pixéis, por intermédio do software de aquisição Motic Images Plus 2.0.

3.4.3. P

ROCEDIMENTO DE

C

ONTAGEM

M

ICROSCÓPICA

Após a identificação das várias espécies e grupos presentes na amostra, estimou-se a sua abundância relativa, quer das unidades taxonómicas (grupos, géneros ou espécies conforme os microrganismos), quer dos grupos funcionais (sésseis, nadadores e móveis de fundo dentro dos ciliados bacteriófagos).

Efetuaram-se contagens dos microrganismos presentes num volume conhecido de cada amostra do seguinte modo; com uma micropipeta, retiram-se 25 μL da amostra e colocaram-se numa lâmina de vidro, cobrindo de seguida com uma lamela de 18 mm × 18 mm. Colocou-se a amostra no microscópio ótico de contraste de fase, sendo usada a ampliação de 100× para contar o número de indivíduos de cada espécie identificada no rastreio. A contagem foi efetuada da esquerda para a direita. Repetiu-se a contagem com nova preparação da mesma amostra, devidamente homogeneizada e determinou-se para cada espécie ou grupo, o nº indivíduos

4.PLANIFICAÇÃO,METODOLOGIAS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

43 por mL- 1 de lama ativada.

Para estimar a abundância de pequenos flagelados, usou-se uma câmara de Fuchs- Rosenthal de 3.2 μL. Esta consiste numa célula de contagem quadrangular, com dois reticulados de 16 × 16 quadrículas de 250 μm de lado. Assim, colocou-se duas gotas de amostra, uma sob cada reticulado da câmara, e contam-se os pequenos flagelados que se encontram dentro ou sob as 16 quadrículas (0.2 μL) que formam cada uma das diagonais desta câmara. Após este procedimento calculou-se a dominância considerando os seguintes grupos: sésseis, amibas com teca, móveis de fundo, ciliados nadadores e pequenos flagelados.

Durante a contagem não foram contabilizados os indivíduos mortos, formas móveis de ciliados coloniais (Telotropos), ciliados nadadores que entram no campo de visão provenientes de zonas já contabilizadas (Nicolau et al., 2002). Esta contagem teve como finalidade a determinação do Índice Biótico de Lamas (IBL), proposto por Madoni (1994).

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