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PARTE II O ESTUDO EMPÍRICO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE

5. D escrição e análise dos resultados

5.3 Escolha profissional

5.3.2 Facilitadores da escolha profissional

Pode-se observar no Quadro 9 a distribuição percentual de ocorrências temáticas quanto aos facilitadores da escolha profissional nas entrevistas de alunos da escola pública e da escola privada.

QUADRO 9 - Distribuição percentual de ocorrências temáticas quanto aos facilitadores da escolha profissional nas entrevistas de alunos da escola pública e da escola privada

T e m átic a Escola Escola

Pública Privada

Ter informações/orientações 49,28% 68,49%

Autoconhecimento 23,19% 13,70%

Apoio/estímulo da família, escola e pares 11,58% 13,70%

Ter oportunidades no mercado de trabalho 8,70% 0,0%

Ter condições materiais 7,25% 4,11%

Total 100,00% 100,00%

_____« ■ ■

(n= 69) . . . (n= 731

O teste de qui-quadrado (x^=11,05; 4 gl; p<0,05) indicou que há diferenças significativas entre os grupos. A análise e discussão destes resultados foi feita a partir de leituras e escuta do material e da distribuição percentual de ocorrências temáticas entre os grupos (Quadro 9). A seguir são apresentados os principais aspectos representacionais inferidos a partir desta análise dos facilitadores apontados pelos dois grupos entrevistados.

A busca de informações e orientações configura uma estratégia compartilhada pelos dois grupos como forma de enfrentar as dificuldades na escolha da profissão, podendo ser inferida a partir das temáticas Ter informações/orientações e Autoconhecimento.

Ter informações/orientações englobou os relatos sobre a possibilidade de obter dados, orientações e experiências sobre áreas profissionais e cursos. Exemplos:

“Pedir opinião, informação. ” Pub09

“Para me ajudar eu acho que se eu conhecesse melhor as profissões e todos os cursos que tem para se aproveitar... eu ainda não pesquisei direito. Tem um monte de cursos e faculdades e universidades, mas eu... eu não sei o que cada um deles oferece. Então, se eu soubesse talvez facilitasse. Eu

sabendo o que cada um deles faria, aí ficaria melhor. Aí eu saberia o que mais eu ia querer.” Pri02

A temática Autoconhecimento abrangeu os relatos que se referem a cx)nhecer os próprios gostos, preferências e interesses para poder relacioná-los com as áreas profissionais e cursos superiores que o adolescente pode escolher. Neste sentido, há citações ao uso de testes vocacionais como uma das possíveis estratégias a empregar. Exemplos:

“Eu achava muito importante testes, por exemplo na oitava série, testes vocacionais de aptidões. Eu sempre quis fazer, mas nunca tive oportunidade. Mas ainda pretendo. “ Pub29 “Ah, não sei. Não sei o que pode ser. Eu acho que tem que ver o que ela gosta realmente de fazer. Quais são os assuntos que ela gosta de ....de falar, gosta de estudar.” PuM7

“...talvez até testes vocacionais. O que você gosta? O que você quer fazer? Para preparar mais a pessoa, para sair aqui do terceirão, e saber para onde ir mais tranqüilo.” Pri11

“..é questão de tu saber o que tu gosta de fazer, o autoconhecimento.” Pri28

Entre os adolescentes da escola privada Ter informações/orientações correspondeu a 68,49% das ocorrências e Autoconhecimento representou 13,70%. No grupo da escola pública a primeira temática incluiu 49,28% das unidades de registro e a segunda 23,19%. Os resultados são coerentes com a proposição de Bohoslavsky (1993) que destaca os comportamentos cognitivos do adolescente que busca identificar as carreiras através de um processo que consiste em conhecer e reconhecer as oportunidades que pode dispor.

As condições sócio-econòmicas dos dois grupos entrevistados vai configurar uma diferença em relação aos facilitadores da escolha profissional. Isto foi inferido a partir das temáticas; Ter condições materiais e Ter oportunidades no mercado.

Ter condições materiais incluiu os conteúdos relativos a dispor de condições financeiras para concretizar a escolha. Exemplos;

“O que ajuda muito também é a situação financeira. Tu quer ser uma coisa, mas nem sempre tu tem condição.” Pub14

‘‘Tudo isso... é... você já te r ... condições financeiras maiores... para poder bancar. As vezes pode ser uma faculdade no exterior... ‘'Pri09

A temática Ter oportunidades no mercado relacionou os conteúdos que se referiam a encontrar no mercado de trabalho espaço para o desempenho das atividades profissionais. Exemplos;

“Ter encontrado no momento certo a oportunidade. Encontrar um trabalho que a pessoa já goste. E aparecer a oportunidade de ela trabalhar naquele ramo ela pega e se afirma. Tenta progredir naquele ramo.” Pub01

“Outras formas também é ... que facilita bastante... deixa eu ver... é se você... tem oportunidades. Porque muitas vezes tiram oportunidade da gente. A gente se formou, tudo. Aí chega no dia você não é escolhido, você não é ... não é habilitada para aquilo. ” Pub27

Entre os adolescentes da escola pública Ter condições materiais representou 7,25% das unidades de registro e Ter oportunidades no mercado compreendeu 8,70%. No grupo da escola privada a primeira temática correspondeu a 4,11% das ocorrências e a segunda 0,00%. Estes resultados são coerentes com a perspectiva de que o grupo da escola

pública vivência os impactos de uma condição sócio-econòmica desfavorável em relação ao ingresso em um curso superior e ao preenchimento dos requisitos exigidos pelo mercado de trabalho.

Por fim, a temática Apoio/estímulo famílía, escola e pares compreendeu os relatos que se referiam ao apoio dos grupos de referência do adolescente em relação ao processo de escolha profissional. Exemplos;

"Os pais serem compreensíveis com os fílhos. Deixarem eles viverem o que eles tomam gosto.” Pub16

“...o estimulo que as pessoas te dão para fazer aquilo.” Pub27 “E os meus pais, como eu disse antes, eles ajudam bastante o meu irmão. Ele me ajuda. Me mostra as coisas que ele faz. Então eu acho que me ajuda, na minha escolha.” Pri06

"Tipo assim. Não ser contrariado por ninguém. Tipo assim. Eu escolhi fazer isso, todo mundo acha uma maravilha.” Pri30

Entre os jovens da escola privada a temática correspondeu a 13,70% das unidades de registro e no grupo da escola pública 11,58%. Os resultados convergem com a proposição de Bohoslavsky (1993) a respeito da importância dos grupos de referência quer seja em termos positivos ou negativos, pois assim como um dos dificultadores apontados foi a pressão à inferência exercida por estes grupos, eles também parecem desempenhar um importante papel em termos de facilitador, na medida que formam uma rede de apoio ao adolescente no processo de escolha.