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FACILITADORES E INIBIDORES AO COMPARTILHAMENTO

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.5 FACILITADORES E INIBIDORES AO COMPARTILHAMENTO

Diante dos resultados obtidos nas etapas desta pesquisa, são apresentados a seguir aspectos que merecem ser observados no contexto do compartilhamento entre os agentes, a fim de contribuir para a promoção desse comportamento no âmbito organizacional.

Os aspectos facilitadores ao compartilhamento foram identificados em duas etapas da análise: motivação e mecanismo de compartilhamento. Os dados referentes à motivação (Gráfico 11 e 12) revelaram que os agentes de gestão de pessoas estão motivados para compartilhar, indicando que há uma predisposição por parte desses sujeitos à realizar esse tipo de comportamento. Segundo Krogh, Ichijo e Nonaka (2001), a ausência de motivação é considerada uma barreira que existe no nível individual e pode afetar diretamente a prática do compartilhamento. Sendo assim, no contexto dos agentes, a motivação pode ser considerada um aspecto positivo.

Contudo, de acordo com a pesquisa teórica de Alves e Barbosa (2010), a motivação pode ser influenciada de acordo com o sentimento de poder dos sujeitos, além da reciprocidade entre os envolvidos e das oportunidades de compartilhamento que a organização oferece. No contexto dos agentes, nota- se que, apesar de existir essa motivação, não foi possível identificar níveis significativos de compartilhamento na comunidade virtual (Gráficos 4 e 5), convergindo com o que foi postulado no referencial teórico. Sendo assim, faz- se necessário que os fatores inibidores sejam considerados nessa dinâmica do compartilhamento, a fim de que possa reforçar a motivação e a disposição desses agentes.

No que tange ao aspecto mecanismo de compartilhamento (Gráfico 15), os dados revelaram que os agentes consideram a comunidade virtual como um recurso apropriado para compartilhamento (94%). Esse

comportamento necessita que os colaboradores de uma organização tenham acesso aos canais, às ferramentas, aos meios e aos mecanismos adequados (ALVES; BARBOSA, 2010). Para os agentes, a comunidade virtual é viável para o compartilhamento, sobretudo no que tange à possibilidade de acesso às informações da organização, o que torna esse aspecto como um facilitador para a prática.

Alves e Barbosa (2010), no entanto, destacam a importância do uso adequado do mecanismo, uma vez que isso também interfere no compartilhamento. De acordo com os dados do questionário e da observação intensiva, isso pôde ser confirmado uma vez que a satisfação do usuário quanto ao tipo de mecanismo não foi suficiente para elevar a frequência de compartilhamento (Gráficos 4 e 5).

Concomitantemente, os dados referentes ao uso do recurso (a maneira como a tecnologia é utilizada) também indicaram uma necessidade de aprimorar o entendimento de alguns usuários quanto aos recursos da comunidade (Gráfico 16). Trata-se de uma realidade que necessita ser considerada no contexto dos agentes, a fim de que os mecanismos escolhidos para o compartilhamento possam ser usados de maneira adequada, resultando em benefícios para os usuários e para a organização como um todo.

Os aspectos inibidores foram identificados a partir da análise dos dados das seguintes categorias: relacionamento entre os agentes, uso do recurso e cultura e estrutura da organização.

Os dados referentes ao relacionamento entre os agentes revelaram algumas lacunas que podem estar inibindo o compartilhamento de informações e conhecimentos. Conforme se pode observar no Gráfico 13, 65% dos agentes afirmaram que se sentem à vontade para compartilhar com os demais usuários da comunidade virtual, o que é considerado um percentual satisfatório quando se comparado ao número de agentes que não estão se sentindo à vontade (29%). Mas, em se tratando de interações em grupo, é fundamental que se busque a integração entre todos os sujeitos. Davenport (1998) enfatiza que o grupo torna-se mais funcional quando todos os envolvidos com o trabalho praticam comportamentos que possam favorecer o fluxo das informações, entre eles, o compartilhamento.

Faz-se necessário que a organização busque realizar intervenções que possam envolver os fatores que não estão favorecendo a interação entre o grupo - ausência de reciprocidade, falta de confiança, falta de compreensão e pouca afinidade, entre outros – (Gráfico 14). Alves e Barbosa (2010) explicam que, no que concerne às interações sociais, a cultura organizacional exerce forte influência, pois é ela quem mediará os relacionamentos entre os diferentes níveis de conhecimento e criará meios para que esses diálogos ocorram.

Segundo Choo (2003), uma das principais características da organização do conhecimento é aquela que é constituída como um contínuo processo de construção social e ação coletiva incorporado nas tarefas, nos relacionamentos e instrumentos da organização. Diante disso, é recomendável que a organização crie momentos de diálogos entre esses agentes, sobretudo face a face (socialização), sejam eles virtuais ou presenciais. Daí a necessidade de se ampliar os recursos da comunidade voltados para esse tipo de interação (Figura 13), no intuito de fomentar a afinidade entre os mesmos e amenizar os fatores apresentados no Gráfico 14.

Em relação ao aspecto cultura e estrutura da organização, nota-se que, além das questões de relacionamento já abordadas, uma das principais interveniências identificadas envolve o suporte que foi disponibilizado para os agentes (capacitação, orientação, manual, entre outros). Além de apresentar poucas opções (se restringindo apenas a cursos e treinamentos), pôde-se perceber que nem todos os agentes receberam essas capacitações. Faz-se necessário que a organização intensifique a qualificação de todos os usuários da comunidade, desenvolvendo também outros tipos de suporte que possam auxiliá-los nesse ambiente virtual, como por exemplo, a criação de manuais e tutoriais.

No Gráfico 18, tem-se alguns aspectos que também necessitam ser considerados pela organização, tais como, disponibilizar um tempo para que possam interagir na comunidade virtual e fornecer uma infraestrutura adequada para esse tipo de atividade. As palavras de incentivo da liderança e o papel do mediador dessas interações também podem motivar esses agentes, revelando a importância dos gestores estarem promovendo uma cultura organizacional

favorável ao compartilhamento. Nesse aspecto, Davenport (1998) afirma que, para que a organização possa fomentar culturas de informação mais saudáveis, os funcionários precisam conhecer e utilizar os tipos de comportamento informacional: compartilhamento, administração de sobrecarga de informações e redução de significados múltiplos.

Conforme já foi apontado nos aspectos anteriores, o uso dos recursos apresentou fatores de inibição para o compartilhamento. Os dados dos Gráfico 16 e 17 revelaram, de maneira convergente, um percentual de agentes que ainda não foram capacitados para usar a comunidade virtual e que necessitam aprimorar seu entendimento acerca desses recursos. No Gráfico 13, é possível notar que há um agente inserido na comunidade que sequer tem conhecimento das funções que esses recursos oferecem. Segundo Alves e Barbosa (2010), se a organização não capacitar os seus membros quanto ao uso adequado do recurso, isso pode se tronar um fator inibidor para o compartilhamento. Diante disso, recomenda-se que a organização atente para os fatores identificados neste estudo, de modo a fomentar contextos favoráveis ao compartilhamento de informações e conhecimentos, por meio da comunidade virtual.