Falta de interesse na Gestão dos Clubes

Relativamente à primeira categoria, caracterizada pelos motivos que segundo os elementos entrevistados, levam a existência de falta de interesse na Gestão dos Clubes, são assinalados quatro motivos/razões para que tal aconteça, sendo: a Modificação da Cultura Desportiva, Pouca Disponibilidade, Procura pelas razões erradas e a tendência dos mais velhos/sempre as mesmas pessoas a assumirem o cargo.

Tabela 39- Falta de interesse na Gestão dos clubes - Motivos/Razões segundo os elementos entrevistados

V. Prospectiva Motivos/Razões Especifique - Referências Doc.

1.Falta de interesse na Gestão dos Clubes a) Modificação da Cultura Desportiva

A cultura desportiva já não é a mesma que era há uns anos atrás, estamos a viver numa sociedade capitalista; O associativismo desportivo está acabar. Cada vez mais existe uma redução de pessoas

que procuram uma atividade de dirigente desportivo voluntário, isto porque a sociedade “está de costas voltadas para nós”;

b) Pouca Disponibilidade

As pessoas têm cada vez menos tempo da sua vida profissional para poder conjugar as duas atividades; É muito difícil que jovens, ou mesmo grande parte das pessoas arranquem com um projeto desta natureza (como é o caso do clube X), é necessário muita paixão pelo

desporto, nunca desistir, procurar sempre o melhor para o clube e muito tempo livre dedicado a esta atividade, em detrimento de “ficar

em casa com a família, por exemplo”; c) Procura pelas

razões erradas

Esta atividade não está em risco de acabar, no entanto, existem pessoas que procuram esta atividade por motivos que muitas vezes

não são os mais apropriados para os clubes, a qualidade baixa e a gestão não é a adequada, isso leva muitos clubes a fecharem portas

153 d) Tendência dos

mais velhos/Sempre as

mesmas pessoas

Cada vez mais existe menos pessoas novas à procura desta atividade, a tendência são as pessoas mais velhas e que estão ligadas há mais tempo no clube para assumirem a sua direção; A um nível amador, cada vez há menos pessoas interessadas. Num caso concreto do próprio clube, pode vir a fechar portas, quando os dirigentes presentes

forem embora, pois não existem dirigentes interessados na gestão do clube. Cada vez menos existem oposições as direções dos clubes, o

que leva a que sejam sempre as mesmas pessoas a assumirem o controlo do clube.

Em relação à Modificação da Cultura Desportiva, é referenciada que a sociedade já não olha para o desporto na mesma maneira que olhava. A cultura desportiva mudou. Segundo os elementos entrevistados, o associativismo desportivo está acabar, a ideia do clube desportivo servir para dar resposta às necessidades da população, a filiação voluntária e apaixonada de quem pertence ao clube, a dinâmica social que apresenta e os valores que transmite, são tudo fatores que estão a desaparecer com a evolução de uma sociedade cada vez mais capitalista.

A Pouca Disponibilidade que as pessoas têm para se dedicar a outra atividade a não ser a sua profissional, é outro fator demonstrativo da falta de interesse na gestão dos Clubes Desportivos. Os horários de trabalho são cada vez mais longos, as empresas são cada vez exigentes com os seus colaboradores, levando a que seja cada vez menos possível conjugar duas atividades em simultâneo.

O facto de existir uma procura por esta atividade pelas razões erradas, também leva a que o interesse pela gestão do clube não seja o mais adequado. Segundo os elementos entrevistados cada vez mais existem os Dirigentes Desportivos que “só estão de passagem” pelos clubes. Normalmente apresentam-se com grandes fundos financeiros, sendo de fontes duvidosas, ficando apenas alguns meses no clube, o suficiente para fazer estragos que poderão ser ruinosos para o mesmo.

O motivo anteriormente referido poderá ser uma das razões para que a exista a tendência de serem sempre as mesmas pessoas a gerir o clube. A preocupação está em não deixar que estraguem o trabalho que foi feito ao longo de muitos anos, os exemplos de clubes de encerraram as suas atividades por ligações duvidosas, a possibilidade de uma profunda alteração estrutural do clube através de “sangue novo”, são algumas das barreiras que levam a que os Dirigentes Desportivos dos clubes sejam sempre os mesmos e aqueles que estão há mais tempo do clube.

154

No entanto a pouca procura por parte de interessados na gestão dos clubes também representa uma possibilidade nesta tendência. Cada vez menos existem oposições diretivas e os Dirigentes Desportivos são eleitos apenas com a missão de “não deixar o clube acabar”.

2. Profissionalização = Impossibilidade

A segunda categoria é caracterizada pelo facto dos elementos entrevistados não acreditarem numa possível profissionalização da atividade de Dirigente Desportivo. Essa descredibilização é formalizada por dois motivos: Conjuntura económica atual do país e a falta de apoios financeiros às organizações desportivas.

Tabela 40 - Profissionalização = Impossibilidade - Motivos/Razões segundo os elementos entrevistados

V. Prospectiva Motivos/Razões Especifique - Referências Doc. 2.Profissionalização = Impossibilidade a) Conjuntura económica do país Ao nível da profissionalização do dirigismo amador, caso não existisse todo o retrocesso social, económico e financeiro que o país está a viver, e caso se mantivesse o

nível que se vivia anteriormente, mesmo os clubes de pequena

dimensão poderiam ter profissionais de desporto na sua

constituição.

b) Falta de apoios financeiros

Esta atividade devia ser profissional. “Sendo um Dirigente

Desportivo responsável por uma entidade desportiva (contas do clube, arranjar patrocinadores e

apoios, subsídios aos técnicos, responsável por crianças e jovens, etc.) e por todos os recursos que a organização envolve, porque que não pode ser profissional como é um presidente de uma firma ou junta de freguesia? Existem muitas

pessoas com conhecimentos específicos em gestão do desporto que deviam estar nos clubes e não estão."; As tendências de evolução

podem estar viradas para o profissionalismo da atividade, no entanto existe uma contradição. A maior parte dos clubes não possui condições para isso, sendo que o único caminho será a necessidade

dos clubes e as instituições reguladoras, encontrarem uma

forma de estabelecer boas condições económicas e maximizar as respetivas receitas. Neste cenário atual e num futuro