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1.3 A falta de sintonia e a falta de sinfonia.

No documento REVISTA COMPLETA (páginas 56-58)

A orquestra da Sociedade de Concertos Sinfônicos funcionou até 1925 na Escola Livre do Parque Municipal (depois Instituto Municipal de Administração e Ciências Contábeis – IMACO). A Escola Livre de Música foi fundada em 1905, pelo clarinetista, compositor e professor Francisco Flores, mi- neiro natural de Mar de Espanha, sendo encerrada em 1923 por motivo de multa da prefeitura sob ale- gação de irregularidades.

Segundo pesquisa de REIS (1993), quando Arthur Bernardes assumiu a presidência do Estado de Minas Gerais, foi criado oficialmente o curso de música, através da Lei nº 800, de 27 de setembro de 1920, em seu artigo 60. Após sua inauguração, o Conservatório permaneceu por pouco tempo na an- tiga edificação do Parque Municipal até ser transferido para um edifício na Avenida João Pinheiro, ad- quirido pelo Presidente Fernando de Mello Vianna que, imediatamente, determinou uma nova construção mais adequada ao Conservatório. O prédio definitivo do Conservatório Mineiro de Música foi inaugurado em 5 de setembro de 1926, cuja fachada, em elegantes linhas neo-clássicas ornadas por majestosas colunas com capitéis coríntios, embeleza até hoje a Avenida Afonso Pena, nº1534, como re- miniscência da chamada Belle Époque.

Para dirigir o Conservatório, o governo convidou o clarinetista e maestro diamantinense Francisco Nunes, que residia no Rio de Janeiro. Em 1920, o maestro já havia organizado uma orquestra, que se apresentou durante a visita do rei Alberto I da Bélgica a Belo Horizonte.16A orquestra criada por Fran-

cisco Nunes teve sua estreia oficial no dia 21 de dezembro de 1925, primeiro aniversário do governo de Mello Viana, no Teatro Municipal, onde passou então a funcionar. A instituição foi mantida ora pela iniciativa privada, ora pelo poder público.

Após a morte de Francisco Nunes, os maestros Elviro Nascimento e Mário Pastore continuaram os trabalhos na direção da orquestra até 1944, quando o prefeito Juscelino Kubitschek, que admirava a música sinfônica, a oficializou por meio de decreto, dando-lhe o título de Orquestra Sinfônica de Belo Horizonte (ou Sinfônica Municipal), com um quadro de setenta músicos. A estreia aconteceu no dia 31 de janeiro de 1944, no Cine Metrópole, sob a regência do maestro ítalo-uruguaio Guido San- tórsola, especialmente convidado para a ocasião. No início dos trabalhos, o prefeito determinou que a direção ficaria a cargo do compositor belga Arthur Bosmans, residente no Rio de Janeiro e regente do Teatro Municipal, da Rádio Nacional e da Orquestra Sinfônica Brasileira.

Bosmans esteve à frente da Sinfônica Municipal até 1947, quando o então prefeito João Franzen de Lima, já no final do mandato, reduziu drasticamente a verba orçamentária destinada à manutenção da orquestra, obrigando a interrupção dos seus trabalhos. Na ocasião, o governador Milton Campos ofe- receu a Bosmans a criação de uma Orquestra Estadual formada pelos músicos dissidentes da Sinfônica Municipal.

Posteriormente, em 1948, o novo prefeito Otacílio Negrão de Lima decidiu apoiar a Orquestra Mu- nicipal, convidando o maestro Guido Santórsola para assumir o cargo de regente.

Desta forma, pela primeira vez em sua história, Belo Horizonte contou com duas or- questras sinfônicas. Devido à divisão dos músicos em duas orquestras, o maestro San- tórsola precisou preencher o quadro da orquestra municipal com músicos provenientes do Rio de Janeiro e da Europa.

Outra orquestra que atuou desde 1948e se encontra em funcionamento até hoje é a Orquestra Sinfônica da Polícia Militar de Minas Gerais. Idealizada pelo coronelEgí- dio Benício de Abreu, manteve-se sob os cuidados do maestroSebastião Vianna, as- sistente e revisor de Heitor Villa-Lobos e professor de importantes músicos brasileiros. Esta orquestra teve importante papel na formação de músicos que foram a base da OSMG no ato da sua criação.

O fato de haver na cidade duas orquestras oficiais sem que houvesse sido cons- truído o tão aguardado teatro incomodou a imprensa mineira, que passou a criticar as autoridades. Um exemplo é o artigo de Vander M. Moreira no jornal Diário de Minas.17No referido artigo, o jornalista questiona o fato de coexistirem duas orques-

16Prefeitura de Belo Horizonte.

Disponível em:

http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ec p/noticia.do?evento=portlet&pAc= not&idConteudo=107366&pIdPlc &app=salanoticias

17O artigo foi publicado na edição

de 02 de abril de 1950, com o tí- tulo Para que duas orquestras?

18A coleção “Documentos Diversos

da Sociedade Mineira de Concertos Sinfônicos” que se encontra no Ar- quivo Público Mineiro, com- preende documentação referente a quatro séries distintas: Documenta- ção Contábil (1948-1972); Gerên- cia de Pessoal (1953-1975); Atas de Assembleias e Reuniões (1940- 1976); e Documentos Diversos (1953-1976). Seu acervo é com- posto de documentos contábeis, atas de reuniões e assembleias, fi- chas de pessoal, livros de ponto, ca- tálogo do arquivo musical, livro de atas de exames de admissão de mú- sicos e estatutos.

tras de porte médio, geridas por duas esferas diferentes do poder público, sugerindo que os esforços de- veriam ser unificados e concentrados para criar uma grande orquestra sinfônica na cidade.

Embora a situação parecesse resolvida entre as orquestras mineiras, em junho de 1951 Juscelino Ku- bitschek, já governador, ao lado de seu vice Clóvis Salgado e do prefeito Américo René Giannetti, optou por fusionar ambas as instituições numa só orquestra, que receberia o nome de Sociedade Mineira de Concertos Sinfônicos (SMCS)18, passando a nova entidade a ser subvencionada através de um convê-

nio entre os poderes estadual e municipal.

O novo agrupamento levou tempo para se tornar uma só entidade. A ratificação do convênio pre- via um mínimo de vinte e seis concertos por ano, divididos em três séries – para sócios, populares e edu- cativos –, e pelo menos nove espetáculos gratuitos destinados aos operários e às crianças.

O concerto inaugural da nova instituição aconteceu no dia 23 de agosto de 1953, no Teatro Fran- cisco Nunes, sob a regência do maestro italiano Sergio Magnani.

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