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Família é muitas vezes definida como célula básica da sociedade, é o local e o espaço onde se dá lugar ao desenvolvimento físico, psíquico, social e cultural.

Segundo Martins (2010): “É na família, não importa que tipo seja, que as pessoas cres- cem; nutrem-se física, psicológica e socialmente; ganham um sentido de si e de coletividade enquanto uma unidade cultural familiar; cultivam crenças e valores acerca da vida e progridem ao longo do ciclo vital, até à sua terminalidade. Tam- bém, é na família que recebem suporte material e psicológico em situações de maior estresse pessoal, pelo que, enquanto valor, a família ocupa um lugar pri- mordial na vida dos indivíduos seja na saúde, na doença, na alegria, nas adversi- dades”.

Nos últimos anos temos assistido a uma verdadeira revolução familiar. Salvaguardando aspetos culturais próprios de cada sociedade ou comunidade, até aos anos 50 as famílias

eram numerosas. Na mesma casa coabitavam várias gerações: avós, pais e filhos. A inexis- tência de televisão, computador ou outras tecnologias aliados a um enraizamento do concei- to de família promoviam o sentimento de pertença a um grupo.

Também a referir o fato de que na sua funcionalidade e dinâmica, os homens desem- penhavam o trabalho remunerado garantindo o sustento económico da família e as mulhe- res desempenhavam tarefas menos pesadas encarregando-se das tarefas domésticas, permanecendo em casa, alimentando e educando os filhos, e cuidando dos idosos.

O desenvolvimento económico, o capitalismo, a procura de um melhor conforto, e a ne- cessidade de tanto o homem como a mulher desenvolverem uma atividade profissional leva- ram a alterações nas dinâmicas familiares. É relativamente frequente encontrar famílias mo- noparentais, casais de homossexuais ou famílias “reconstruídas” a partir de divórcios. A re- ferir também que o número de elementos por família tem vindo a decrescer.

Os dados estatísticos mostram-nos que o número de elementos de uma família tem vin- do a decrescer, a taxa de divórcios tem aumentado, o número de famílias de maior dimen- são têm vindo a perder expressão: em 2011 as famílias com 5 ou mais pessoas representa- vam 6,5%, em contraposição às taxas de 9,5% e 15,4% das décadas anteriores e assistiu- se a um crescimento das famílias unipessoais (cerca de 37,3% nos últimos dez anos), se- gundo dados apresentados por Martins (2010).

Também em relação à sexualidade e à forma como é comunicada no seio familiar assis- timos a profundas alterações.

Cano e Ferriani (2000; citado por Ribeiro, 2011) referem que“no passado, as famí- lias não tinham dúvidas sobre o que era certo e errado, o que podiam ou não per- mitir. Atualmente encontramo-nos num período de transição para a construção de um sistema de novos valores sexuais e as famílias confrontam-se com dificulda- des e duvidas sobre como orientar os filhos”.

Segundo Ribeiro (2011) “a família tem um papel fundamental no desenvolvimento global da criança e do adolescente, contribui ativamente na educação, socialização, prestação de cuidados, transmissão de crenças e valores, e de um modo geral, na saúde e bem-estar dos seus elementos e apresenta uma influência mais intensa na adolescência”.

Concluímos que são vários os autores que defendem a importância da família como fon- te de informação e como meio privilegiado onde o adolescente constrói a sua sexualidade.

Sampaio, Batista, Matos e Silva (2007) referem que “a família é o espaço emocional pri- vilegiado para o desenvolvimento de atitudes e comportamentos saudáveis na área da se- xualidade”.

Os mesmos autores ainda referem que “a forma como os familiares comunicam valo- res e crenças face à sexualidade, os comentários sobre notícias dos jornais, pro- gramas de televisão ou sítios da internet constituem modelos e referências muito importantes para alguém que está a fazer o seu percurso pessoal, em busca da identidade e autonomia, só conseguidas no final da adolescência”.

No entanto e nas famílias atuais será que os temas da sexualidade são abordados de forma correta? Será que as famílias conseguem responder às necessidades de educação sexual dos adolescentes?

Segundo Galvão (2000; citado por Fernandes, 2006) “o exercício paternal tem que ser visto como um “direito-dever” e tem que estar em primeiro lugar relativamente a outras instituições de carácter educativo/formativo, como a escola ou a igreja. In- felizmente, muitos dos pais acabam por se demitir das suas funções de educado- res, ou se o fazem, fazem-no de forma insuficiente ou deturpada”.

Existe a crença errada de que falar de sexualidade com os filhos pode induzi-los à práti- ca sexual. Martins (2008) refere um estudo de Hutchinson, Jemmott, Jemmott, Braverman e Fong (2003) “numa investigação com 219 adolescentes femininas, examinou-se a comuni- cação que estas estabeleciam com as suas mães, e observou-se que quanto maior for a comunicação, mais esta poderá afetar positivamente o comportamento sexual adolescente”.

Segundo Brás (2012) “a composição familiar, o nível de educação e o estatuto socioe- conómico, a qualidade da relação familiar, os estilos parentais, a supervisão pa- rental, a comunicação entre pais e filhos e os modelos parentais no que respeita a atitudes e valores parentais face aos comportamentos sexuais, foram identificados como influenciadores das atitudes/ comportamentos sexuais protetores ou de risco para a saúde dos jovens”.

Podemos então referir que quanto maior for a capacidade das famílias comunicarem sobre sexualidade sem tabus, no momento certo, na altura certa e da forma mais correta adequada à idade, menores serão os comportamentos sexuais de risco da criança e do ado- lescente.

Segundo Sampaio, Batista, Matos & Silva (2007) a forma como a criança viveu a infân- cia e a maneira como os pais (ou substitutos parentais) lidaram com as questões relaciona- das com a sexualidade surgidas nesse período, são essenciais para uma boa evolução dos comportamentos sexuais na adolescência.

A família deve ser a base da educação sexual do adolescente. Pensamos que é impor- tante capacitar as novas famílias para esta temática.

No documento Sexualidade na adolescência (páginas 47-49)