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Capítulo 3. Experiência Profissionalizante na vertente de Farmácia Hospitalar

7. Farmácia Clínica e outras atividades do farmacêutico

A Farmácia Clínica é a área das Ciências Farmacêuticas na qual o farmacêutico aplica o seu conhecimento ao exercício de funções orientadas, não apenas à distribuição do medicamento, mas essencialmente ao cuidado do paciente. Um dos objetivos desta atividade visa a resolução dos PRM detetados através da recolha do historial clínico e da análise do perfil farmacoterapêutico. Para que se consiga alcançar esta premissa, é necessário integrar o farmacêutico, especialista do medicamento, numa equipa multidisciplinar6, constituída

inclusivamente pelo doente, que se encontre motivada a alcançar os melhores resultados terapêuticos.

Pretende-se então fomentar a utilização segura e adequada dos medicamentos através do desenvolvimento de atividades de controlo e seguimento farmacêutico, de farmacovigilância e de farmacoeconomia, tendo como principal meta o bem-estar e a saúde do paciente.

7.1. Informação e Documentação

Dada a crescente quantidade de medicamentos comercializados atualmente, levantam-se, muitas vezes, a nível hospitalar, questões relacionadas com farmacoterapia. Surge assim a necessidade de criar um Centro de Informação do Medicamento, encarregue de fornecer informação atualizada, técnica e cientificamente, que possibilite a resolução de PRM, apoie decisões clínicas e promova ações de educação aos colaboradores hospitalares e aos cidadãos em geral. Como tal, os profissionais de saúde que melhor poderão dar resposta a questões relacionadas com os medicamentos são os farmacêuticos.

Na UHB, de uma forma geral, todas as farmacêuticas colaboram nesta ação, prestando informação ativamente quando o considerarem pertinente e passivamente a médicos, enfermeiros ou pacientes sempre que estes o solicitem.6

De salientar o contributo ativo de uma das farmacêuticas que, durante o meu período de estágio, se dedicou ao desenvolvimento de panfletos informativos, destinados a serem entregues a toda a comunidade hospitalar. Esta atividade surgiu no âmbito de um projeto, implementado recentemente na ULSNE pela Comissão da Qualidade e Segurança do Doente

(CQSD), que visa o aumento da literacia do doente relativamente ao medicamento.

Ao longo do meu estágio, observei como atividade quotidiana das farmacêuticas, o esclarecimento de dúvidas a profissionais de saúde, tanto de forma passiva como de forma ativa. Inferi que para a construção de uma resposta consolidada em conhecimentos fidedignos é necessário realizar uma pesquisa sustentada sobre os medicamentos disponíveis, as vias de administração e as posologias adequadas, recorrendo-se, muitas vezes, à consulta de artigos científicos e de documentos como o FHNM, o Prontuário Terapêutico, o Índice Nacional

Terapêutico, entre outros. Cheguei a consultar ainda o site do INFARMED (Infomed), os resumos das características dos medicamentos e os próprios folhetos informativos para me contextualizar relativamente à utilização de alguns medicamentos.

7.2. Farmacovigilância

Como parte integrante do Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF), os hospitais funcionam como unidades de farmacovigilância.6 Consequentemente, os farmacêuticos hospitalares

deverão remeter ao INFARMED, entidade responsável pela monitorização da segurança dos medicamentos com autorização de introdução no mercado, qualquer reação adversa medicamentosa (RAM) que por eles seja detetada, através da notificação da mesma ao SNF.27

Sendo o hospital um local privilegiado à deteção de possível RAM, quer pelas características dos fármacos aqui utilizados, quer pela simultaneidade de tratamentos instituídos neste contexto, os farmacêuticos apresentam-se na linha da frente do processo de notificação na medida em que poderão, em conjunto com os outros profissionais de saúde, correlacionar os fatores que poderão despoletar a ocorrência destas reações.

Porém, durante o meu período de estágio não houve nenhuma ocorrência que fosse motivo de notificação.

7.3. Colaboração com as Comissões Técnicas

Outra das funções dos SFH é a colaboração em Comissões Técnicas.6

Na UHB, as Comissões Técnicas nas quais o farmacêutico participa são a CFT, a Comissão de Controlo de Infeção (CCI) – responsável pelo Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA), a Comissão de Ética e a CQSD.

A intervenção dos SFH na CFT passa, para além da elaboração do GF e de protocolos de utilização de medicamentos, pelo fornecimento de informação que suporte as decisões que são tomadas por esta comissão. A CFT funciona portanto como elemento de ligação entre os serviços clínicos e os serviços farmacêuticos.7,28

Quanto à CCI, esta tem como objetivo minimizar as taxas de infeção associadas aos cuidados de saúde, fazendo cumprir assim o PPCIRA, criado no sentido de promover a utilização fundamentada de antimicrobianos e de, consequentemente, diminuir as resistências a estes medicamentos.29,30

A Comissão de Ética, criada nos serviços de saúde de forma a garantir a dignidade e integridade humana, é responsável pela análise de questões éticas subjacentes às práticas médicas praticadas na unidade hospitalar.31

Por fim, relativamente à CQSD, esta implementa medidas contributivas para a formação de doentes como a que foi referida no ponto 7.1. do presente relatório.

7.4. Outros programas em implementação na ULSNE

O Programa de Entrega de Medicamentos (PEM) e o circuito integrado dos gases medicinais nos serviços farmacêuticos surgiram, durante o meu período de estágio, como projetos a implementar de raiz nos SFH da UHB.

Com base na distribuição geográfica das regiões que a ULSNE abrange, o PEM é um projeto piloto que propõe a entrega de medicamentos, dispensados em regime de ambulatório, nas farmácias comunitárias ou hospitalares mais próximas dos locais de residência dos utentes. A dispensa de medicamentos neste contexto terá ainda implícita a realização periódica de consultas farmacêuticas. Como tal, o seu objetivo, como facilitador do acesso ao medicamento a população que acaba por se encontrar isolada, é potenciar a adesão dos doentes aos tratamentos com a qualidade e segurança que as consultas farmacêuticas proporcionarão à utilização dos medicamentos por parte dos doentes.

Tive a oportunidade de experienciar a organização deste programa, desde o estabelecimento das condições necessárias à sua concretização à seleção dos utentes que melhor se enquadrariam neste sistema de distribuição.

No que diz respeito ao circuito integrado dos gases medicinais, procedi apenas à leitura de informação relativa ao assunto, o que me levou a concluir que estes, uma vez abrangidos pelo Estatuto do Medicamento9 e devendo estar a sua distribuição a cargo de pessoal devidamente

qualificado em Boas Práticas de Distribuição de medicamentos32, faz todo o sentido passarem