• Nenhum resultado encontrado

2. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS HOSPITALARES

3.6. FARMACOTECNIA

A farmacotecnia é o nome que se dá ao local nos SF onde se efetua a preparação de formulações de medicamentos necessários ao hospital, contudo nos dias de hoje já são poucos os medicamentos que se produzem [11,13]. Atualmente, as preparações que se fazem permitem assegurar e garantir: maior segurança e qualidade na preparação de medicamentos para administrar aos doentes; dar resposta às necessidades específicas e individuais de certos doentes, como por exemplo, na pediatria ou geriatria; redução significativa no desperdício relacionado com a preparação e gestão mais racional dos recursos [11,13].

As preparações que são efetuadas nos SF do HNSA - Seia são:  Manipulação/Adaptação de especialidades farmacêuticas;

 Acondicionamento de medicamentos em dose unitária (reembalagem).

3.6.1. Preparação de fórmulas não estéreis

Um medicamento manipulado é designado como “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado ou dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico” [36]. Tendo em conta isto, uma fórmula magistral é um “medicamento preparado em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares segundo uma receita que especifica o doente a quem o medicamento se destina”, por sua vez um

preparado oficinal é “qualquer medicamento preparado segundo as indicações compendiais, de uma farmacopeia ou de um formulário, em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares, destinado a ser dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviço” [36].

A preparação de um medicamento manipulado surge sempre a partir de um pedido de um serviço clínico ou através de uma prescrição médica, sendo que é sempre necessário a validação do mesmo por parte de uma farmacêutica. Após esta validação é emitida a ficha de

anexo, contem toda a informação para a realização do medicamento manipulado, nomeadamente, o lote atribuído, a data de preparação, as matérias-primas, a quantidade de cada matéria-prima e o lote das mesmas, as técnicas de preparação, o prazo de utilização, os ensaios de verificação do mesmo para ver se está conforme ou não, e o serviço/médico que prescreveu. Nos SF do HNSA – Seia existe uma área própria para a preparação de fórmulas não estéreis, onde se encontra o material e equipamento de laboratório e as matérias-primas indispensáveis à manipulação. Embora os medicamentos manipulados que se preparam não sejam estéreis, o operador deve manipular da forma mais asséptica possível, devendo assegurar sempre as condições de higiene e segurança da bancada e de todo o material utilizando sempre Equipamento de Proteção Individual (EPI). Após asseguradas as condições de higiene e segurança, prepara-se o manipulado segundo a sua ficha de preparação. Quando concluída a manipulação, o manipulado é acondicionado num recipiente próprio e devidamente rotulado. O rótulo (Figura 8) deve conter o nome do manipulado, os seus constituintes, o lote e a data de preparação, o prazo de validade e as condições especiais de conservação.

No final de tudo assina-se a ficha de preparação pelo operador e pelo farmacêutico e arquiva-se em dossier próprio, anexando à ficha de preparação a ficha de saída do manipulado do Alert®.

Durante o período de estágio tive a oportunidade de observar e preparar preparações de fórmulas não estéreis, nomeadamente a pomada de vaselina salicilada a 2%, pomada de vaselina + betametasona a 0,1% + ácido fusídico a 2%, pomada de vaselina + betametasona a 0,1%, solução de salicilato de sódio a 2% e o colutório de nistatina composta.

Figura 8 - Exemplo de um rótulo

VASELINA SALICILADA 2%

“USO EXTERNO”

COMPOSIÇÃO: Ac. Salicílico – 2 gr Vaselina – 98gr LOTE: 52/15 PREPARADO A: 14/12/2015 PRAZO DE VALIDADE: 1 MÊS PROTEGER: LUZ,CALOR SERVIÇOS FARMACÊUTICOS

3.6.2. Reembalagem

A reembalagem de medicamentos é o processo através do qual se reembala um medicamento para ser posteriormente administrado ao doente. É essencial na DIDDU sendo que deve efetuar-se para assegurar a segurança e qualidade do medicamento [11]. Os principais objetivos da reembalagem são permitir aos SF disporem do medicamento, na dose prescrita, de forma individualizada; reduzir não só o tempo de enfermagem dedicado à preparação da medicação a administrar, como também os riscos de contaminação e os erros de administração; proteger o medicamento reembalado de agentes ambientais e, por fim, assegurar que o medicamento reembalado pode ser utilizado com segurança, rapidez e comodidade [11]. Nos SF do HNSA – Seia existe uma área predefinida, na sala de dose unitária, para a reembalagem de medicamentos sólidos orais devidamente equipada.

Os medicamentos a reembalar podem ser fracionados para assegurar a terapêutica aos doentes na dose certa. Quando os medicamentos são fracionados é necessário ter em atenção se o fracionamento é aconselhado ou não, sendo que não é aconselhável, por exemplo em formas farmacêuticas de libertação modificada, comprimidos revestidos com sabores desagradáveis ou irritantes para as mucosas, medicamentos termolábeis, medicamentos com potencial carcinogénico e teratogénico para o operador, medicamentos não ranhurados, cápsulas e medicamentos orodispersíveis [37]. Os medicamentos só podem ser reembalados quando não se consegue colocar rótulos nos blisters por serem muito pequenos e dificultar a sua visualização ou quando vêm acondicionados em frascos e é preciso serem individualizados.

Quanto ao prazo de validade a ser atribuído tem de se ter em conta o prazo de validade inicial do medicamento [11]. Em relação aos medicamentos fracionados/acondicionados em frascos o prazo de validade a atribuir é de 6 meses exceto quando o prazo de validade original é inferior a este período, e quanto aos medicamentos reembalados mantendo o blister original, o prazo de validade é o que foi atribuído pelo laboratório fornecedor.

Nos SF do HNSA – Seia o rótulo (Figura 9) coloca-se na parte de trás da manga e é feito informaticamente contendo sempre: DCI, dosagem final do medicamento reembalado, laboratório fornecedor, lote de fabrico (lote), prazo de validade (PV) e nome da instituição onde se realiza a reembalagem. Em relação à dosagem dos medicamentos, tanto nos reembalados como nos rotulados, ela é destacada para minimizar os erros de medicação. O esquema de cores utilizado está esquematizado na Tabela 1.

Tabela 1 - Esquema de cores usado nos SF do HNSA – Seia para indicar a dosagem dos medicamentos reembalados e rotulados

Cor da Dosagem Designação da Cor na Instituição

Verde Dosagem mais baixa

Laranja Dosagem intermédia

Vermelha Dosagem mais alta

Azul Dosagem única

Quando se procede à reembalagem de medicamentos diferentes reembala-se um de cada vez e desinfeta-se o pórfiro e o bisturi com álcool a 70%, evitando-se assim erros de contaminação cruzada. Quando se conclui a reembalagem de medicamentos deve proceder-se ao registo do medicamento reembalado num dossier próprio (Figura 10).

Figura 9 - Exemplo de um rótulo de um medicamento

reembalado

Documentos relacionados