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Em geral, a esta fase encontram-se associados uma série de impactes que, apesar do seu caráter temporário, podem apresentar uma magnitude considerável.

Durante a fase de construção verifica-se uma interferência no meio envolvente, resultante da desorganização espacial e do acréscimo de movimentos relacionados com a obra. Estas interferências são provocadas por áreas como estaleiros e zonas de depósito. Deste modo, durante esta fase verificam-se perturbações relacionadas com [36]:

- Introdução de elementos estranhos ao ambiente tradicional como maquinaria pesada e materiais de construção;

- Diminuição de visibilidade nos locais em construção como resultado do aumento de concentração de poeiras no ar, e consequente deposição nas áreas circundantes à obra;

- Modificação da morfologia do terreno devido à movimentação de terras, com consequente interrupção nas linhas e formas naturais do vale, em particular a montante das barragens;

- Transformações no carácter visual do local diretamente afetado pela albufeira, decorrentes de alterações na utilização e função dos espaços, com o desaparecimento de elementos característicos da paisagem, tais como o rio e o seu sistema de açudes, praias fluviais e azenhas;

- Introdução de elementos construídos de grandes dimensões e de difícil integração visual como a estrutura da própria barragem;

- Construção de vias de acesso à barragem que, devido à sua estrutura, podem provocar um impacte visual importante;

- Destruição do coberto vegetal; - Inibição do uso de áreas cultiváveis;

- Degradação das condições de habitabilidade nos locais de construção, resultante do ruído, concentração de poeiras e tráfego;

- Implantação de estaleiros;

- Alguma perturbação social, devido à chegada de trabalhadores com outros hábitos e comportamentos.

Para além destes impactes de ordem mais visual, a construção do AHRE determina impactes sobre a população e atividades económicas. Este tipo de impactes socioeconómicos não são visíveis fisicamente mas traduzem-se num desenvolvimento económico importante, principalmente em zonas mais rurais. No caso do AHRE, esta obra incide sobre uma zona com uma economia de cariz mais rural, pelo que é importante analisar os principais impactes socioeconómicos durante a execução da obra.

6.1. Fase de Construção 113

Investimento e Incorporação Nacional

Um dos principais impactes do projeto na economia local, regional e nacional, é o valor do investimento, que se situará nos 213 milhões de euros. Para o caso do AHRE calcula-se ainda que a percentagem de incorporação nacional do valor do investimento se situe nos 75 a 80%.

A incorporação de materiais e de equipamentos nacionais, traduz um impacte significativo a nível regional no comércio de materiais de construção e, a nível nacional, na produção e comércio de equipamentos, dinamizando assim alguns ramos de atividade económica.

Não obstante, no caso da montagem mecânica e elétrica de alguns dos equipamentos, relacionados com as turbinas e com a central, admite-se um âmbito mais alargado, na medida em que a aquisição e assemblagem de determinados componentes específicos requer mão-de- obra especializada e empresas fabricantes que não existem em Portugal [36].

Emprego

A construção das barragens do AHRE, assim como os trabalhos complementares associados aos restabelecimentos de serviços e infraestruturas afetadas, envolve cerca de 500 postos de trabalho, em média. Paralelamente a contratação de subempreitadas no concelho, ou em concelhos limítrofes, determina um impacte positivo, com resultado na estrutura empresarial do setor da construção, contribuindo para a sua dinamização [36].

Similarmente, é importante referir que a obra e o afluxo de mão-de-obra, mais ou menos especializada, incluindo todo o pessoal técnico de acompanhamento e fiscalização, contribui para dinamizar indiretamente a atividade de comércio e serviços a nível local, promovendo o emprego e o aumento do rendimento médio das famílias.

Propriedade

Uma das principais afetações à população, corresponde à ocupação da propriedade pelas infraestruturas das barragens e pelas albufeiras. Esta ocupação é tida como menos positiva, uma vez que a propriedade constitui um elo forte de ligação à terra. Por conseguinte, a compartimentação de algumas propriedades e a interrupção de alguns caminhos de acesso, traduz-se na redução de áreas de utilização agrícola e florestal, principalmente em propriedades afetadas pelas áreas das barragens e das albufeiras. É neste contexto que é disponibilizado um mecanismo de expropriações que visa compensar a população afetada pela perda de propriedade [36].

Dinamização Socioeconómica

A extensão, dimensão e duração das obras obrigam à permanência de trabalhadores na região durante o período de construção, o que determina o seu alojamento nos vários

estabelecimentos existentes nos concelhos mais próximos das barragens, o mesmo sucedendo em relação à restauração [36].

Mobilidade/Acessibilidade

O efeito de barreira que as albufeiras irão introduzir constitui uma afetação significativa, uma vez que reduz a mobilidade da população. Em alguns casos, a existência de alternativas viárias razoáveis na proximidade dos locais a afetar, poderá determinar a não realização de alguns restabelecimentos de algumas estradas. Tal, torna o desaparecimento destes caminhos num impacte importante, mas progressivo à medida que os trabalhos de desmatação e enchimento da albufeira vão avançando. No caso do AHRE, estes impactes estão principalmente associados ao aproveitamento de Ribeiradio, nomeadamente a nível da rede viária rural e também em alguns locais utilizados pela população para atravessar o rio Vouga e o rio Teixeira.

No seu conjunto, as ligações ficarão interrompidas durante a fase de limpeza e desmatação da área da albufeira, durante o período de enchimento da mesma, prolongando- se pela fase de exploração. Não obstante, muitas destas ligações irão ser restabelecidas pelo que será garantida a mobilidade principal das populações afetadas. Neste restabelecimento das ligações, destaca-se sobretudo a ligação entre as duas margens do Vouga, através do coroamento da barragem de Ribeiradio, constituindo assim uma melhoria na ligação entre as localidades situadas na margem esquerda e direita deste rio [36].

Infraestruturas e Equipamentos

A nível de infraestruturas e equipamentos verifica-se a afetação de algumas infraestruturas municipais e particulares como captações de água, condutas de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), praias fluviais, áreas de recreio e lazer e linhas elétricas. A afetação destas estruturas será mais evidente durante a fase de enchimento da albufeira. Não obstante, o seu restabelecimento será feito durante a fase da obra e de acordo com a cota do NMC. Desta forma fica garantida a manutenção e rejuvenescimento destas infraestruturas e sua adequação a um possível aumento do turismo potenciado pela criação do lago artificial das barragens [36].