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Dado que a barragem de Ribeiradio possui uma capacidade de armazenamento bastante pequena, face aos caudais afluentes, e a barragem de Ermida existe com o objetivo de laminar os caudais de Ribeiradio, desde cedo se evidenciou que a gestão de todo o aproveitamento teria que ser feita de uma forma bastante articulada para se retirar o melhor rendimento produtivo possível. De facto, tal como já foi mencionado anteriormente e pela análise da Figura 4.15, verifica-se que o NPA para a albufeira de Ermida se encontra à mesma cota que a restituição da central de Ribeiradio (44).

4.5. Operação Geral do Sistema 71

A diminuta capacidade de retenção de Ribeiradio evidenciou que todo o sistema se deveria limitar a um ciclo de regularização semanal, parando sempre que possível aos fins-de- semana e operando apenas durante os dias úteis, sempre com a albufeira tão cheia quanto possível. Concomitantemente apenas se prevê, para estes períodos de regularização semanal, uma oscilação no plano da água não inferior a 2 m. Tal condição de regularização elucidou as seguintes condições de operação ótima para esta central [36]:

• Para caudais médios de 50 m3/s, Ribeiradio irá operar durante os dias de semana, quando o preço da eletricidade é mais elevado. Nesta situação, a operar à capacidade máxima, a central funcionará cerca de 67 horas por semana, parando desde as 23 horas de sexta até às 11 horas de segunda-feira;

• Para afluências superiores, o valor médio da energia baixa, sendo que se torna necessário rentabilizar a utilização da central turbinando ao fim-de-semana. Paralelamente, podem ocorrer situações em que devido ao volume de água afluente, possam ser necessárias descargas, sendo este volume de água desperdiçado.

• No caso de caudais muito baixos, a situação terá que ser estudada caso a caso para que se mantenham os níveis de armazenamento na albufeira. No entanto pressupõe-se, devido à análise dos caudais médios, que excetuando períodos de estiagem, o funcionamento possa ser de 1 ou 2 horas por dia.

No que se refere à central de Ermida, a sua operação revela-se um pouco mais complexa devido à influência que os volumes turbinados por Ribeiradio tem na sua albufeira. É neste contexto que se considera que a central deverá operar segundo um mínimo equivalente a metade do caudal afluente e um máximo equivalente ao dobro do caudal natural. Perante este facto, ter-se-ão as seguintes condições de operação [36]:

• Em períodos de baixas afluências, caso o caudal afluente a Ribeiradio seja, por exemplo de 10 m3/s, Ermida poderá operar entre um mínimo de 5 m3/s durante a

noite, e um máximo de 20 m3/s durante o dia. Neste caso a central poderá

turbinar a 20 m3/s durante 8 horas por dia e a 5m3/s para as restantes 16 horas;

• Para caudais mais elevados o padrão poderá manter-se até valores próximos dos 25 m3/s em Ribeiradio, uma vez que o caudal mínimo em Ermida corresponde a

12,5 m3/s e o máximo 50 m3/s, caudal máximo turbinável pelos grupos de Ermida;

• À medida que o caudal aumenta, aumenta o tempo que a central opera à capacidade máxima. Quando o caudal médio atinge os 50 m3/s, a central opera à

Durante 24 horas, devido a esta forma de exploração para Ermida, o volume da sua albufeira sofrerá variações significativas. Na Figura 4.16, observa-se a variação do volume de água na albufeira de Ermida, para um caudal médio de 25 m3/s em Ribeiradio.

Figura 4.16 – Volume de água na albufeira de Ermida [36]

Conforme se pode observar, com caudais de 25 m3/s, a albufeira de Ermida começa a

encher a partir das 10 da manhã, terminando o dia com um volume armazenado de 1,2 hm3.

Verifica-se também que Ribeiradio turbina nas horas onde a energia é mais cara, sendo que Ermida se encontra em funcionamento durante todo o dia. No final de um período diário verifica-se que a albufeira esvazia até ao limite mínimo de exploração, em cerca de 12 horas, sendo este outro motivo a ter em conta durante a operação do AHRE. Esta variação do nível da albufeira além de dificultar a produção de energia na central, pode colocar em risco a estabilidade das encostas da albufeira.

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Análise Económica

Um projeto de investimento como o AHRE, para além de uma análise técnica detalhada deve sempre vir acompanhado por uma avaliação económica que verifique a sua viabilidade. Nesta análise económica serão analisados todos os investimentos efetuados na construção do AHRE e nos seus equipamentos, bem como os restantes pagamentos, que deverão ser recuperados durante o período de exploração do mesmo.

5.1. Planeamento do Projeto

Para o estudo do AHRE, foi fornecido pela EDP um planeamento de todas as tarefas relacionadas com a construção e exploração do mesmo, desde 2009 até 2089. Este período foi dividido em duas fases distintas, a fase de construção e a fase de exploração. A sua descrição é importante para um melhor entendimento dos períodos onde são integrados os pagamentos e os recebimentos relacionados com a execução da obra e a exploração das centrais. A explicação de cada rubrica dos pagamentos e recebimentos, será feita com mais detalhe nos subcapítulos Investimentos e Pagamentos e Recebimentos.

5.1.1. Fase de Construção

A fase de construção do AHRE tem a duração prevista de 6 anos e compreende todas as tarefas que decorrem desde 2009 até 2014. Este período representa uma fase de investimento onde apenas são considerados pagamentos.

Os investimentos associados à fase de obra de um empreendimento como o AHRE, prendem-se sobretudo com a aquisição de terrenos, obras de construção civil, compra e instalação de equipamentos, estudos e projetos, gestão e fiscalização da obra e imprevistos.