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4.4 Embasamento da literatura para cada fase e processo do pd4cat

4.3.3 Fase 2 – Descoberta da Solução

A fase 2, Descoberta da solução, equivale ao estudo de viabilidade do processo clássico dos projetos de engenharia, em que se investiga um conjunto de soluções para o problema geral da autonomia e das capacidades do paciente. Neste estudo, o contexto do paciente é investigado, e também são detectadas suas necessidades de vida diária e terapêuticas, de forma a identificar soluções computacionais específicas para atender seu caso. Como resultado dessa fase, uma proposta de solução tecnológica que melhore a autonomia do paciente é indicada pela equipe. São, portanto, objetivos desta fase:

61 o Desvendar com os terapeutas o contexto do paciente, suas necessidades e expectativas na vida e uma proposta de solução tecnológica que melhore suas condições;

o Aproximar a equipe de desenvolvimento do paciente e de seu contexto, visando o entendimento mútuo das necessidades, expectativas e capacidades, para que a equipe de stakeholders vá desvendando as possíveis soluções tecnológicas e o interesse em cada uma delas para o paciente.

o Qualificar, com os stakeholders, atributos de usabilidade relevantes para a solução a se conceber.

4.3.4 Fase 3 – Especificação detalhada da solução

A fase 3, Especificação detalhada da solução, foca em detalhar as funcionalidades da solução, indicadas na fase 2 por práticas de DP com todos os stakeholders, de

forma a atender as necessidades do SCD. Ao final desta fase devem-se obter os requisitos de software e as acomodações físicas necessárias para a solução.

Os objetivos desta fase são:

o Obter idéias dos stakeholders terapeutas acerca da especificação dos detalhes relevantes para a solução do usuário com deficiência Essas ideias devem ser fomentadas, assim como na Fase anterior, a partir dos esclarecimentos apresentados pelos stakeholders desenvolvedores acerca das possibilidades de soluções computacionais, estimulando-os a refletirem sobre a solução computacional proposta na fase 2 – Descoberta da solução; o Construir estratégias com os stakeholders terapeutas, propondo uma prática

de DP adaptada para permitir que o SCD atuem como co-designers participativos para especificar os detalhes da sua solução;

o Promover a atuação do SCD no DP, contando com o amparo dos

62 o Explorar nas atividades de DP, com os stakeholders , o atendimento aos atributos de usabilidade apontados como relevantes para a solução em concepção.

4.3.5 Fase 4 – Design da solução

Na fase 4, Design da solução, obtém-se por meio das práticas de DP o desenho das interfaces da solução, relacionado às suas funcionalidades.

Dessa forma, os objetivos desta fase são:

o Esboçar as interfaces com os stakeholders terapeutas;

o Construir estratégias com stakeholders terapeutas para incluir o usuário com deficiência em práticas para realizar o design da interface da solução, usando o processo de acomodação para o DP

o Esboçar as interfaces com o SCD aplicando-se as técnicas adaptadas, por meio do processo de Acomodação.

4.3.6 Processo de Avaliação Participativa

O processo de Avaliação participativa tem o objetivo de realizar a avaliação dos resultados concebidos no design referentes à solução personalizada (produto) e referentes às práticas de DP aplicadas (processo de design) relacionadas ao processo de Acomodação para o DP, bem como para as seguintes fases do PD4CAT: Descoberta da solução, Especificação detalhada da solução e Design da solução.

São objetivos específicos desse processo:

o Verificar se o design gerado atendeu às expectativas dos stakeholders, inclusive com relação aos atributos de usabilidade;

o Apresentar atividades de DP que permitam que os stakeholder proponham melhorias para a solução;

63 o Possibilitar a expressão e atuação do stakeholder com deficiência no

processo de avaliação, inclusive propondo melhorias;

o Após entrega da solução para que o usuário final a utilize no dia-a-dia, propiciar estratégias que possibilitem um feedeback de avaliação do usuário com deficiência e cuidador (e.g. preenchimento de um diário de campo pelos envolvidos, monitoração do software utilizado, encontros periódicos que propiciem entrevistas, discussões sobre o uso realizado, observação do usuário com deficiência utilizando o recurso, discussões com os terapeutas acerca observação do usuário com deficiencia utilizando o recurso).

o Avaliar as técnicas adaptadas em cada etapa do PD4CAT para incluir o usuário com deficiência nas práticas de PD para concepção e avaliação das soluções encontradas, as quais já foram apresentadas anteriormente nas várias etapas do PD4CAT. Essa avaliação centra-se tanto com relação a sua função  de  stakeholder  no  DP,  relacionadas  ao  seu  “querer”  e  “poder”,  quanto   com relação aos resultados gerados acerca do produto.

4.4 EMBASAMENTO DA LITERATURA PARA CADA FASE E PROCESSO DO PD4CAT

4.4.1 Fase 1 – Composição da equipe

Até onde se pesquisou, os trabalhos encontrados na literatura não descrevem procedimentos específicos de uma fase que poderia corresponder a esta do PD4CAT.

Porém, de acordo com a revisão da literatura encontramos algumas recomendações para casos de stakeholders com deficiências específicas que podem ser associadas

a esta fase, e que contribuem para ratificá-la no PD4CAT.

Moffatt et al. (2004) recomendam que, de acordo a sua pesquisa, o contato com grupos e organizações de afásicos auxiliou a execução do projeto de pesquisa participativa.

Slegers, Wilkinson e Hendriks (2013) relatam ter obtido bons resultados incluindo stakeholders  de  areas  diversificadas  atuando  na  equipe  de  DP:  “o envolvimento de grupos heterogeneos de um pesquisador/designer, um desenvolvedor, um

64 profissional da saúde inspirando e dando os limites uns aos outros funcionou muito bem”.

Allen, Mcgrenere e Purves (2007), apesar de não incluirem os usuários com afasia como co-designers, afirmam que a partipação de stakeholders terapeutas da fala, trabalhando juntos para determinar os requisitos do sistema, auxiliaram a rapidamente completar o design de um aplicativo para um usuário afásico – PhotoTalk.

Já Lindsay et al. (2012) alertam que  “indentificar  stakeholders  adequados  é  a  parte

crítica de qualquer processo de design participativo”.  

(Hornof, 2009) recomenda por guidelines a inserção de cuidadores e fonoaudiólogos para estabelecer a comunicação com crianças com paralisia cerebral. De acordo com o autor, “isto acelera o processo aprendizagem sobre como entender e comunicar com as meninas”  

Já os autores Wu, Richards e Baecker (2004) não incluiram os membros da família ou cuidadores na equipe de design, pois tinham a preocupação de que os stakeholders com amnesia se fechassem devido a presença da sua família.

Também, levando-se em conta o envolvimento de familiares para auxiliar pessoas idosas com demência no DP Slegers, Wilkinson e Hendriks (2013) apontam a seguinte questão  acerca  dos  resultados  apresentados:  “De que forma o membro da família sugere a escolha certa de design?”.  E  indicam:  “Nossa recomendação aqui seria utilizar a ajuda do membro da família, mantendo a criticidade acerca da sua influência”

Lindsay et al. (2012) reiteram   essa   questão   dizendo   “cuidadores também podem fornecer suporte na conversação para a pessoa que eles cuidam”,  porém alertam:

“como os cuidadores são capazes de articular as conversações mais facilmente do

que as pessoas que eles cuidam, é importante que o designer garanta que a fala

dos cuidadores não dominem as discussões.”  

Além do cuidado com stakeholders cuidadores no DP, são recomendadas como

fundamentais reuniões iniciais de design para identificar a predisposição e adequação dos stakeholders selecionados em continuar todo o trabalho no processo

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4.4.2 Processo de Acomodação para o DP

A partir de dois passos do método para DP com pessoas com deficiência cognitiva, proposto por Wu, Richards e Baecker (2004) foram encontradas recomendações para a geração de técnicas no PD4CAT. Tais recomendações são relatadas a seguir.

O   primeiro   passo   foca   em   “deciding upon a technique and deconstructing its

cognitive requirements and assumption”,  sugere-se que seja escolhida a técnica de

DP mais apropriada para o caso em mãos (KENSING et al, Muller et al apud WU; RICHARDS; BAECKER, 2004).

Os autores propõem questões a serem analisadas para a escolha da técnica, são elas:“what  are the goals of the technique? How many people are involved? What is the participation model? What phases or activities are involved in the technique?” E ainda, sugerem investigar questões que relacionam o stakeholder com deficiência e a técnica investigada,  como  por  exemplo:  “what  are  the  cognitive  requirements  and   how  are  they  related  to  the  technique’s  goals,  structure,  and  participation  model?”.   O   segundo   passo   foca   em   “adapt,   attempt,   and   refine   approach”.   De   acordo   com Wu, Richards e Baecker (2004)

adapting the design technique is a creative process which involves using the information that has been gathered and innovating new strategies to deal with the concerns. Attempting the technique is important to evaluate its effectiveness. It is important revise and improve the technique as necessary based on what has been learned from practice.

Questões sugeridas para apoiar essa fase, de acordo com tais autores são:

How can human functions be supported using technology or other non- technological practices? Can the impractical activity be avoided or the technique

changed to play on the strangths o the participants? Are there features from other design techniques that can be useful here and if so, is it possible to integrate those features into a solution?

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4.3.3 Fase 2 – Descoberta da Solução

Associados a esta etapa, dois passos do framework proposto por Wu, Richards e Baecker (2004), que amparam o uso de design participativo com pessoas com deficiência cognitiva, trazem contribuições para o PD4CAT.

Verificamos que as recomendações encontradas na literatura mostram-se válidas não apenas para essa fase do PD4CAT, mas, como procedimento, para todas as fases subsquentes.

O  passo  “assess  each  participant”  recomenda  “avaliar  as  habilidades  únicas  de  cada   participante para entender como os problemas afetam cada participante e podem influenciar as interações entre os participantes”  (WU; RICHARDS; BAECKER, 2004). Algumas questões são sugeridas pelos autores para serem respondidas nessa fase:

Os participantes estão conscientes de seus próprios limites? Eles estão cientes dos limites de outros membros do grupo de design? Quais são os pontos fortes e fracos de cada pessoa? Até que ponto o comprometimento afeta o participante? Que estratégias estão sendo usadas para compensar o declínio cognitivo?

Que estratégias estão disponíveis?

O passo “understand   the   cognitive   deficit   aims   indentifying   the   cognitive   deficit   of   interest and examining its associated attributes as relevant to the strengths and weaknesses of the participants”. Questões a serem respondidas para esse passo são:   “Os déficits cognitivos envolvem o que? Que funções humanas o deficit

cognitivo afeta?”  (WU; RICHARDS; BAECKER, 2004)

Com relação a participação do stakeholder com deficiência no processo (MOFFATT

et al., 2004) indicam que foi necessário disponibilizar um tempo extra em atividades de DP para garantir que os stakeholders com tivessem tempo suficiente para

compreender as tarefas e fazer perguntas”.  

Além disso, considerando a questão da empatia com o usuário com deficiência, é recomendado por Slegers, Wilkinson e Hendriks (2013), para pessoas com demência, fomentar uma relação de amizade e união da equipe entre os

stakeholders:   “Durante todo o processo, a aprendizagem mútua é um objetivo central, com o objetivo de aumentar a empatia e incentivar a participação das partes

67 interessadas”.   Galliers et al. (2012) reafirmam essa questão para pessoas com afasia.

Frauenberger et al. (2012) também colaboram nesse aspecto: “A imersão no universo dos participantes e estar atento a cenários autênticos permite aos pesquisadores de design interpretar empaticamente as suas entradas e usar experiências  genuínas  como  gatilhos  para  inspiração”  .

Também Lindsay et al. (2012) recomendam para o DP envolvendo pessoas com

demência:

Promover uma simpatia, disposição empática por parte dos designers irá desenvolver um ambiente no qual as pessoas com demência podem falar abertamente. A atitude do designer para os participantes é fundamental para criar esse relacionamento. Propomos que os designers sejam capazes de entender a perspectiva de pessoas com demência[...]

Para pessoas que apresentam demência   “assegurar que os participantes sentem que suas contribuições estão sendo reconhecidas também mantem o seu interesse no projeto”   (LINDSAY et al., 2012). Galliers et al.(2012) reafirmam também essa questão para pessoas com afasia.

Além   disso,   “[…]   abordar as próprias vidas dos participantes e seus problemas individuais pode reduzir a barreira que as pessoas idosas sentem para vislumbrar uma nova tecnologia, reduzindo a necessidade de elas pensarem em termos abstratos”  (LINDSAY et al., 2012)

Algumas estratégias no DP foram destacadas pelos autores a seguir, por mostrarem bons resultados para o caso em estudo, quais sejam:

“...oficinas com professores foram uma fonte extremamente valiosa de idéias”.   (FRAUENBERGER et al., 2012). Este trabalho refere-se ao DP envolvendo crianças

com autismo..

Para stakeholders com deficiências cognitivas e de comunicação Slegers, Wilkinson

e Hendriks (2013) apresentam   que   “as sessões onde toda a equipe do projeto passaram um tempo trabalhando juntos, com os stakeholders sendo estimulados a

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