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5 METODOLOGIA

5.3 DESENHO DE PESQUISA E SUAS ETAPAS

5.3.1 Fase Preparatória da Pesquisa

Para Sutton e Staw (2003), uma teoria forte é aquela que enfatiza a natureza das

relações causais, aprofundando a análise dos processos subjacentes a fim de compreender as

razões sistemáticas de uma ocorrência ou não ocorrência específica, investigando

profundamente os micro-processos e conceitos adjacentes ou ascendentes, vinculando-os aos

processos sociais mais amplos. De modo que estes pressupostos sejam seguidos, discriminam-

se, a seguir, os pilares da fase preparatória desta pesquisa:

A. Fundamentação Teórica

A disseminação do conhecimento é importante, pois seu objetivo é o de contribuir, em

algum grau, para o entendimento do mundo. Neste sentido, o maior benefício da revisão

bibliográfica é o de assegurar a “pesquisabilidade” do tema antes que a própria pesquisa inicie

(HART, 1998). Conforme sugerem Hair et al. (2005), “(a)s teorias fornecem percepções

importantes para o processo de pesquisa”, pois colaboram para que as questões de pesquisa

sejam moldadas e possam assim, ser confirmadas ou refutadas mediante sua conclusão.

Assim sendo, a revisão teórica resume-se à seleção de documentos disponíveis sobre o

assunto que contenham informações, ideias, dados e evidências escritas sob uma ótica

específica de modo a atingir alguns objetivos, ou para expressar certas visões sobre a natureza

do assunto e sobre seus métodos de investigação, em relação ao tema de pesquisa que se

propõe no trabalho (HART, 1998). Importante destacar que a fundamentação teórica amparou

toda a construção do referencial aqui apresentado, bem como os resultados obtidos na fase de

coleta de dados, análises e conclusões. A revisão da literatura possibilitou então, que o

problema de pesquisa que define o objeto de investigação fosse abordado sob o enfoque

acadêmico, de forma evidente e sucinta, tratando das principais temáticas presentes nesta

pesquisa.

B. Elaboração e Validação dos Meios de Coleta

Um instrumento de coleta adequado é aquele que registra dados observáveis que

representam verdadeiramente os conceitos ou as variáveis que o pesquisador tem em mente,

vinculando os conceitos abstratos com os indicadores empíricos. Deste modo, todo

instrumento de coleta deve reunir dois requisitos essenciais: confiabilidade e validade. A

confiabilidade de um instrumento se refere ao grau em que sua aplicação, repetida ao mesmo

indivíduo ou objeto, produz os mesmos resultados (mede a constância), já a validade, refere-

se ao grau em que um instrumento realmente mede a variável que pretende medir. Importante

destacar que nem todo método de coleta que apresenta confiabilidade tem validade, mas todo

aquele que tem validade também apresenta confiabilidade (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO,

2006).

A partir do referencial teórico, um roteiro de entrevista dividido em três etapas e

blocos distintos foi elaborado e utilizado em cada uma das fases de pesquisa, de modo que as

perguntas elaboradas direcionassem as indagações para o levantamento de percepções e

opiniões pertinentes a cada uma das etapas de pesquisa. A análise documental também foi

utilizada como fonte de informação em todos os blocos, de forma a validar datas e

informações estratégicas, contribuindo principalmente na construção da análise da trajetória

histórica através dos relatórios anuais disponibilizados pela empresa desde 1978. A

observação participante também foi crucial por propiciar uma compreensão mais ampla sobre

os dados coletados, principalmente no que tange à análise das competências organizacionais.

A observação foi realizada nas próprias entrevistas e no cotidiano organizacional, além da

análise de conteúdo que incluiu a análise dos documentos organizacionais disponíveis e as

percepções dos entrevistados.

Para que um construto seja validado, deve-se seguir três etapas: (i) estabelecer e

especificar a relação teórica entre os conceitos; (ii) correlacionar os conceitos e analisar

cuidadosamente a correlação, e; (iii) interpretar a evidência empírica de acordo com o nível

que esclarece a validade de construto de uma medição particular (SAMPIERI; COLLADO;

LUCIO, 2006).

Nesta pesquisa, a validação dos instrumentos de coleta traduzidos pelos roteiros de

entrevistas divididos em três blocos, conforme descrito nos Apêndices C, D e E, ocorreu da

seguinte forma: (1) fundamentação dos roteiros, tendo como base o referencial teórico da

pesquisa; (2) validação conduzida pela banca orientadora do projeto e posterior incorporação

das sugestões e melhorias; e (3) aplicação de uma entrevista piloto a um dos gerentes da

organização no início do processo de pesquisa de campo. Importante ressaltar que algumas

modificações foram necessárias após a aplicação da entrevista piloto, de modo que as

perguntas servissem como ponto de apoio na busca das informações que realmente

precisavam ser verificadas.

C. Elaboração do Protocolo de Pesquisa

O protocolo de pesquisa é elaborado após a definição do estudo de caso e tem por

objetivo guiar a conduta e aplicação do instrumento de coleta, garantindo maior

confiabilidade dos resultados (GIL, 2002). Para Yin (2001), o protocolo de pesquisa deve

permitir: (i) uma visão geral sobre o projeto a ser conduzido; (ii) a esquematização do

procedimento de campo; (iii) a determinação das questões que serão propostas no instrumento

de coleta; e (iv) a orientação do relatório sobre o estudo de caso. O protocolo desta pesquisa

pode ser visualizado no APÊNDICE A.

D. Permissão para realizar a Pesquisa e Termo de Consentimento

Para Hair et al. (2005), cabe aos pesquisadores em Administração várias obrigações

importantes, dentre elas um esforço para comunicarem-se de modo eficaz, por meio de um

instrumento de coleta correto e adequado para a tarefa, concedendo tratamento justo e

imparcial aos entrevistados e dados coletados.

De modo que as questões éticas relativas à pesquisa fossem preservadas, algumas

garantias foram apresentadas à organização e aos entrevistados. Bell (2008) sugere: (a) que

seja oferecida a oportunidade de permanecerem anônimos; (b) que todas as informações

sejam tratadas confidencialmente; (c) que os entrevistados tenham a oportunidade de validar

suas declarações, ainda com a pesquisa em andamento; (d) que os participantes recebam uma

cópia do relatório final; e (e) que a pesquisa seja realizada com propósitos de exame pela

Universidade, porém, caso surja a possibilidade de publicação, que os participantes sejam

novamente consultados. Deste modo, o APÊNDICE B traz um termo de consentimento e

resumo sobre o objetivo de pesquisa que foi apresentado em todas as entrevistas realizadas.

No início de cada entrevista, o termo era apresentado aos participantes, sendo estes

questionados sobre a possibilidade da entrevista ser gravada. De todos os entrevistados,

apenas os três que foram entrevistados por telefone não assinaram o termo de consentimento,

sendo que apenas um entrevistado preferiu que a entrevista não fosse gravada.