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2 QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA

3.6 Fases do trabalho de campo

O trabalho de campo começou somente após a aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa, sendo então iniciados as entrevistas em duas unidades do Programa Saúde da Família da Faculdade de Medicina de Petrópolis, como pré -teste para avaliação e validação do roteiro de entrevistas.

As entrevistas foram gravadas e transcritas posteriormente. Como não houve dificuldade de entendimento, as perguntas foram mantidas, assim como os dados de identificação dos sujeitos.

Desde o início da pesquisa, houve um entrosamento com os enfermeiros coordenadores. Primeiro pensou-se em desenvolver a pesquisa no município de Areal, onde além de atuar como fiscal do COREN-R trabalhei anteriormente como enfermeira plantonista no hospital municipal.

Procurei então o Secretário Municipal em exercício, ainda em 2004, quando iniciei o mestrado e expus o desejo de utilizar o município como cenário da minha pesquisa para saber se havia a viabilidade, visto que não sou funcionária do município, atuando apenas em visita de fiscalização. O mesmo aceitou prontamente e a ele disse que na verdade, gostaria de ampliar o campo, visto que Areal só possui sete enfermeiros na rede básica, onde até então pretendia trabalhar.

Foi sugerido pelo então Secretário Municipal de Saúde de Areal, que incluísse os municípios que fazem parte do mesmo consórcio intermunicipal que Areal, oferecendo a fazer contato com os respectivos Secretários de Saúde para que liberassem o campo.

Resolvi então optar pela Região Centro-Sul Fluminense, especificamente a microrregião I, por ser composta pelos cinco municípios que pertencem a minha área de fiscalização. Após a assinatura autorizando o campo para pesquisa, parti para o município de Paraíba do Sul, onde se concentra o maior número de unidades de saúde da minha área.

Em Paraíba do Sul, o primeiro contato foi realizado com uma enfermeira do Centro Materno Infantil, procurei também a enfermeira coordenadora do PSF, que fez contato com a Secretária de Saúde. Posteriormente foi autorizada a pesquisa. Prossegui em direção ao município de Comendador Levy Gasparian, sendo recebida pelo Coordenador do PSF, que é fisioterapeuta. Este se propôs a passar a intenção para o Secretário de Saúde e logo depois fez contato autorizando.

Para a liberação em Sapucaia, fiz contato na Secretaria de Saúde com uma Técnica de Enfermagem, pois a enfermeira coordenadora do PSF havia saído do município recentemente.

Esta Técnica me apresentou a nova enfermeira coordenadora do PSF, que no mesmo dia me apresentou ao Secretário de Saúde, que também liberou o campo.

Paralelamente, tentava contato com o município de Três Rios, mas sempre quando ia, não conseguia ser recebida pelo Secretário de Saúde e a enfermeira Coordenadora do PSF ficou de tentar contato com o Subsecretário de Saúde, mas não obtive retorno.

A enfermeira coordenadora do PSF em Três Rios fez contato e aceitou participar da pesquisa, liberando assim o último município que faltava. Como já havia realizado vinte e sete visitas, terminei as três últimas neste município.

Em Areal as enfermeiras também participaram bastante, permitindo que uma técnica de enfermagem me acompanhasse nos sub postos para mostrar o caminho. Um dia, inclusive, a enfermeira me acompanhou, dirigindo inclusive meu carro, pois fomos a um sub posto de difícil acesso, onde não consegui conduzir o carro, devido aos declives no chão de barro das estradas. Neste dia, tivemos inclusive que esperar a boiada passar para liberar o acesso. Esta realidade muitos profissionais dos grandes centros urbanos nunca vivenciaram.

Compartilho com os profissionais da minha região uma vida mais tranqüila, mas não necessariamente mais fácil. Grandes dificuldades são enfrentadas, como a dificuldade de acesso a muitas unidades, principalmente pelos enfermeiros que não possuem carro.

Há postos onde para se chegar, é necessário andar quilômetros em ruas de barro, pois os horários de ônibus são escassos ou às vezes, inexistente. O mesmo ocorre com a população, que precisa vencer os obstáculos da natureza para chegarem nos serviços de saúde.

Nesta hora, tem-se a certeza do quanto de avanço o SUS proporciona à população, principalmente com a estratégia do PSF, onde a população consegue ser assistida em sua área adstrita.

Para enriquecer os dados ampliei meu campo além das unidades básicas de saúde, incluindo estes novos dispositivos de atenção, passando a trabalhar na pesquisa com enfermeiros da rede extra-hospitalar de saúde.

Interessante também registrar a troca de Secretários de Saúde, que mantiveram o campo aberto em prol dos benefícios que a pesquisa representa.

Ao término da fase exploratória de campo, concluiu-se que os sujeitos foram muito mais que participantes da pesquisa, foram verdadeiros parceiros estando solidários durante uma fase de vida tão difícil para mim.

Estreitaram-se laços que jamais serão esquecidos e tão importantes para a realização do cuidado. Pode-se dizer que esta forma de cuidar é a que os usuários de álcool e outras

solidariedade, sentimentos estes que me foram dados e continuam até hoje, quando por meio de e-mails e ligações telefônicas, perguntam sobre a data da defesa, se podem me ajudar mais em alguma coisa.

Espera-se brevemente estar de volta nesse campo, desenvolvendo junto um trabalho conjunto, em parceria para a clientela usuária de drogas.